Ginástica: idem. Você começa feliz. Sente-se a "mais mais", olha para cara dos professores com cara de desafio e pensa "você acha que não, chuchu, mas eu consigo, sim acordar às seis, malhar e ir trabalhar". Isso dura uma semana. São sete dias de piruetas com a endorfina e aquele auto-orgulho maravilhoso. Só que a disciplina não vence. Na semana seguinte você foi dormir tarde trabalhando e não conseguiu acordar cedo, no outro dia pegou um trânsito horrível e, quando chegou na academia e todas as esteiras estavam ocupadas. Apenas mais um motivo para desistir.
Tarefas com antecedência e burocracias: a mesma coisa. Você começa um novo bimestre. Limpa todo seu armário, joga fora papéis velhos, organiza conta por conta. Planeja seus próximos dois meses: os gastos, a viagem de fim de semana, o check-up no médico. Promete gravar todos os seus compromissos, religiosamente, na agenda. Só que não vai. Os papéis começam a se acumular de novo, as multas do Detran, os prazos, o aniversário da prima que você simplesmente esqueceu de ligar.
Tudo isso enumerado acima dá um desaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaanimo. E sem querer querendo -bem ali do seu lado - estão ELES. Os reis da disciplina. Os que não têm carne fraca, que resistem a mesa de docinhos de casamento, que só bebem aos fins de semana, que têm uminvejável compromisso consigo mesmo. Eles, que nem precisam de grandes motivações...pois a força do pensamento já basta. Seguem as planilhas da nutricionista, têm o dom da paciência, controlam a ansiedade e o pior: fazem tudo isso com uma calma sem precedentes. Tudo organizado, tudo certo com os horários. Tudo sem estress de quem, infelizmente, é atrapalhado.
Nós, os indisciplinados, muitas vezes, gastamos todo nosso comprometimento com o outro: somos ótimos parceiros, bons amigos etc, filhos responsáveis. No entanto, quando é você com você mesmo é que o bicho pega. Você não dá um cano em um amigo, mas a sua rotina de obrigações é a coisa mais fácil de ser furada.
Como superar? Não tem receita, sabemos. O jeito é aceitar algumas limitações e manter viva a alegria de começar as coisas, mesmo que - muitas vezes- elas não cheguem a ser concluídas. A felicidade está, também, nos começos e nos meios. Nem sempre a alegria mora, apenas, na missão cumprida.
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