O primeiro limite, sabemos, é a sobrevivência. Trabalhamos para bancar nossa vida, necessidades e conforto. Passado isso, existem possibilidades. Não é só o dinheiro em jogo, mas a saúde, a paciência, o status, o aprendizado, as relações laborais. Como equilibrar todos esses pratos? Infelizmente, não tenho resposta. Tive a sorte de escolher uma profissão pela qual sou apaixonada e que, por mais que tenha dias difíceis, ainda acordo satisfeita e vou dormir cansada e feliz.
E quem não tem essa sorte? Porque tem muita gente que está perdida e não é tão fácil assim amar o que se faz. Mal ou bem, vivemos um tempo de glorificação do trabalho. Reparo nas minhas amigas que não têm profissões convencionais. Como é difícil, para elas, falar sobre o assunto. Afinal de contas, parece que falar que trabalha muito é motivo de orgulho. Entretanto, tem o outro lado. Lidar com a pressão cotidiana faz parte. E, convenhamos, alguns indivíduos pertencentes às gerações X, Y, Z são mimados e têm dificuldades em ouvir (e dizer) não. Ficam melindrados na primeira bronca do chefe e não entendem o significado de construir. Tampouco percebem que trabalho pode ser muito mais do que você, seu computador e suas obrigações. Pode ser uma construção de ideias, de erros e acertos. De significações muito poderosas.
Por essas e outras, quando olho para a minha amiga, sei que ela está tentando. E tentar faz parte. Mas não precisa ser um martírio. O limite é a sanidade mental, a saúde física, o sono, as dores na coluna, o estômago borbulhando. O limite é conseguir desligar no fim de semana, curtir os amigos, não ser monotemático e saber ser feliz quando não se está trabalhando.