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Produção artística que vive à margem da indústria cultural

Tradição e modernidade na bela canção de Carol Naine

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Por Arnaldo Afonso
Atualização:
 Foto: Estadão

Uma cantora e compositora muito criativa veio morar em Sampa e faz show nessa sexta-feira. Quem for vê-la/ouvi-la vai se encantar com/por ela. Uma nova estrela brilha no céu cinza da Pauliceia: Carol Naine, prazer conhecê-la. Eu apostaria todas as minhas fichas nela e queria postar todas as letras e melodias dela: Virundum, Bailarina, Feito Maria, Canção Clichê... finas iguarias, delícias belas. Mas lambi o prato e rapei a panela!

(Aviso: todas as palavras em negrito são LINKS para o leitor ouvir gravações ou ler outras páginas no facebook ou no youtube. Antes apareciam em azul. No novo projeto do site, aparecem em preto. Quase todos os nomes têm algum link, mesmo que não apareçam em negrito.)

 

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CAROL NAINE:

TRADIÇÃO E INOVAÇÃO

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Carol é fina afinada e canta como quem fala. Não grita não precisa. E como opina. Feminina quase franja no cabelo e aquele jeito meio nara de gata que guarda um leão. Não se engane, cuidado com Carol Naine que ela morde. Pega, mata e come. Inspirada, bem-humorada, antenada com seu tempo, comenta sem forçar a mão. Há informalidade e classe na poesia mordaz com que revela o dia-a-dia, a tragicomédia dos homens, sua farsa e fome, seu circo e pão. Há toques daquele lirismo do jovem Chico em letras e harmonias, aqui. Há pitadas de graça das típicas piadas do eterno Noel, ali. E há uma consciência trágica que beira mestre Cartola, acolá. Carol nos conecta ao espírito semprevivo dos bambas, ao som que atravessa eras. Traz na pulsação da veia e na doçura da garganta a herança de um olhar particular de um jeito amoroso e sedutor que um certo Brasil já produziu. Como uma dança que resiste dentro de um corpo que nem sabe se ainda existe. Ou como uma alma que se remexe ao som de um ritmo que sequer conheceu mas jamais esquece. Não sei se me expresso bem. Há um grande prazer em ouvir e sentir identificação com essas canções, mas um sintoma de difusa ancestralidade me atinge e comove. Uma quase dor me invade. Algo coletivo e impreciso de que estava com saudade de andar perto e de me sentir parte. Se bem recordo, é de uma arte. Daquele objeto artístico de primeira, perfeito casamento da bela melodia com a poesia da letra: chamava-se canção brasileira. Ainda chama. Há chama. Há sol. Ouça a Carol.

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'Amanhã teremos uma nova geração de versos que só os poetas mortos entenderão'.

Carol Naine é compositora carioca radicada em São Paulo. Sua música conta histórias, mas desconstrói os modelos e inverte a linguagem: faz o ouvinte se pôr no lugar do personagem que, num primeiro momento, lhe causou um riso fácil. Seu álbum tem produção musical do pianista e arranjador Ivo Senra e participação dos músicos Thiago Amud, Daniel Guedes, Pedro Franco, Guto Wirtti, Iura Ranevsky e Sergio Krakowsk. Como vocalista e pandeirista, Carol participou de grupos de samba no Rio. É integrante do projeto 'Depois do Carnaval' (que faz releituras de sambas antigos) e também fundadora do Musiquice, que cria canções para fotos no Instagram e para marcas de produtos.

A maluquice do 'Musiquice' surgiu como um exercício: Carol e a violonista Luciana Elaiuy comporiam uma música por dia a partir de uma imagem. As pessoas postariam suas fotos e elas criariam as canções. E não é que rolou? Vejam o vídeo abaixo e ouçam a bela bossa (Miolo Mole) que elas fizeram para uma boneca de pano.

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É esta eclética artista que faz show em Sampa nesta sexta-feira, 15 de julho, às 20h no Mundo Art (R. Pamplona, 114). Entrada R$15 (confirme aqui) e R$20 (na porta). Saiba mais sobre ela clicando na palavra 'entrevista' e em carolnaine.com.br

 

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SERGINHO SAGITTA

E O 'SONS DO BRASIL'

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 Foto: Estadão

Desde setembro de 2010, o produtor Serginho Sagitta tem um projeto bem legal (que virou programa na rádio USP em abril de 2015) chamado Sons do Brasil (todo domingo, às 14h na FM 93,7), onde apresenta os artistas independentes e seus trabalhos autorais. Segundo ele (e nós concordamos), há belíssimas canções ignoradas pela grande mídia e que, conseqüentemente, parecem estranhas à maioria do público não habituado à variedade da criação. A intenção é divulgar essa boa música que sobrevive à margem da indústria cultural e criar espaço para os novos talentos chegarem ao ouvinte que anseia por novidades. Aqui, num dos programas, ele entrevistou os músicos Adolar Marin e Ronaldo Estevam:

Alem das entrevistas, o 'Sons do Brasil' tem uma seção chamada 'Pitacos', onde o Serginho divulga cds de artistas alternativos. Essa seção também está inserida no noticioso 'Via Sampa', todas as quintas-feiras ao meio-dia. Neste dia 14, o 'Pitaco Sons do Brasil' tocará a música Iluminar, do cd Enlaçador de Mundos, da grande revelação da mpb, Conrado Pera (cartaz abaixo).

 Foto: Estadão

Em agosto eu estarei no 'Sons do Brasil' falando sobre minhas canções e poemas, meu trabalho aqui no blog, no Sarau da Maria e nas diversas trincheiras culturais. Até lá, talvez já tenha conseguido levar este blog de saraus para um programa na rádio Estadão (quem sabe, também na Eldorado). Se rolar, será um programa como o dele, um espaço livre para divulgar os grandes artistas independentes. E sem jabá, claro. Obrigado pelo exemplo, Serginho! Esse texto é pra você:

Serginho Sagitta agita. É nóis na fita é voz importante da seara alternativa. Dá vez ao artista que cria divulga a luta da gente debate combate o jabá desce a lenha na política dos entraves propõe saídas une a classe procura a chave. E abre espaço pra quem sofre o boicote da dita mídia especializada acomodada vendida comprada. Tem um programa na rádio Usp onde discute a cultura e o capital o 'x' o quanto o cuspe o ponto central. Lá o couro come ele abre o microfone e deixa cantar deixa sangrar sem levar dindin nem ficar no blablablá. Serginho é independente é craque da equipe mas joga pro time é nosso igual. Cadeira cativa ou melhor, livre e ativa, na grande mesa virtual onde discursam e tomam iniciativa os inquietos artistas deste crescente sarau.

 

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EPICONTRO SARAU 

E

UM SOBRADO ENCANTADO

NA VILA MARIANA

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 Foto: Estadão
 Foto: Estadão

Como não ir a um sarau cujos organizadores escrevem essa linda frase de abertura em sua página: 'Os profissionais do Epigrama amam ler. Sabem que a Literatura deixa inscrições na alma - que vem da alma de um e vai para muitas'. Arrumei uma folga no trabalho e na noite do dia 6, fui ao I Epicontro Sarau, promovido por esse grupo de escritores no belo espaço do

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Instituto Sarath

, pertinho do

Sesc Vila Mariana

. O local, um aconchegante sobrado com várias salas, está aberto a propostas para sediar eventos culturais: debates, palestras, lançamento de livros e cds, performances e ensaios de teatro e shows intimistas. A psicanalista e filósofa,

Cassia Sarath

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, coordenadora do local, pretende transformá-lo cada vez mais num point de artistas, num diversificado espaço cultural. A primeira edição do seu sarau confirma e endossa as nobres intenções (abaixo, algumas fotos do evento).

 Foto: Estadão
 Foto: Estadão
 Foto: Estadão

Organizado pelo

Epigrama Coletivo Editoral

, composto por jovens e talentosos escritores, poetas e pensadores da cultura, o ambiente era de expectativa e encantamento.

Laércio Silva, Clayton de Souza, Luciano Garcez, Marcelo Torres, Juan Toro

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,

Samuel Malentacchi

e Cassia nos receberam afetuosamente (além de mim, estavam presentes 

Andréa Grecco Bretherick, Helena Maria de Souza, Gláuber Soares, André Raimundo dos Santos, Silvia Maria Ribeiro

e

André Pinto,

entre outros). Após três horas de música, poesia e boa conversa num clima de descontração e iluminação baixa, tipo luz de velas, saí de lá feliz, cheio de ideias e com novos e bons amigos para adicionar no face, para conversar sobre projetos, para tomar uma cerva, para mostrar meus versos e canções ou apenas para sentir que encontrei espelhos, identificação, irmãos de pensamento, interlocutores que compreendem minha inquietação e fúria artística. É para isso que serve um sarau: promover a arte - e a arte do encontro, embora haja tantos desencontros pela vida. O Instituto Sarath e o

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Epicontros Sarau

podem contar comigo e com o espaço deste blog.

 

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UM MÚSICO,

UMA MÚSICA

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Nesta seção, sempre um som legal que ouço por aí, pelos saraus e escambaus das quebradas culturais. Ou pela net e youtube, ou num cd ganho, roubado, extraviado. Quem sabe, por um tremendo acaso, nas ondas improváveis do rádio (não jabalizado). Ouça essa canção e corra atrás das outras.

A talentosa Bia Ferreira faz letra e música, toca e canta. Tudo muito bem. Tem parcerias com Emicida e já abriu shows de Seu Jorge, Ana Carolina e Maria Gadú. Nesta produção do Peixe Barrigudo ela nos mostra 'Levante a bandeira do amor', gravada e editada pelo Joel Dias com direção dele e do Victor Cali.

 

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UM POETA,

UM POEMA

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Esta seção abre espaço aos muitos ótimos poetas que ouço por aí, pelos bares e saraus do movimento cultural. Ou os que conheço dos vários livros comprados, doados, roubados, recebidos, aparecidos (livro é um bicho vivo...). Aqui é jogo rápido, sem maiores comentários ou análises profundas, nem os elogios que cada um deles merece. Um poema (ou dois), uma pequena ficha do autor e alguns links para que você o conheça melhor. Hoje, Augusto Cerqueira e Cláudia Gonçalves. Ouça/leia esses e vá atrás de mais...

 

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AUGUSTO CERQUEIRA

Indeterminado

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a menina do meu olho cresceu, virou mulher e, hoje, só enxerga o que quer

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ô, vida pré datada de contas à pagar... não fosse o gozo, não fosse o riso, seria só prejuízo.

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 Foto: Estadão

O Augusto declamou pela primeira vez no Sarau da Cooperifa em 2003. Desde então, já participou da Virada Cultural, da feira de livro de Buenos Aires (junto ao Sarau do Binho), lançou o livro de contos Na Década de Dez e o cd de poesia 'Sarau d'o Augusto'. Em 2013, com o poeta e artista plástico 'Casulo', fundou o Projeto Clamarte (Cia. Literária dos Amantes da Arte), sarau de poesia que acontece toda segunda sexta-feira do mês dentro de uma casa/funilaria/ateliê. Aqui um vídeo baseado num texto dele.

 

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CLÁUDIA GONÇALVES

 Foto: Estadão
 Foto: Estadão

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do_ação

se é pra doar que doe não pro verbo pro sujeito não pro doido pro doído __ pro presente não pro tempo ido

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 Foto: Estadão

Cláudia é gaúcha, poeta e consultora de moda. Participou de várias antologias e tem poemas publicados em e-books, jornais, revistas e sites como Poetas Del mundo e Recanto das letras, além de vídeos no youtube. Ativista cultural, curadora do site almadepoeta.com, coordenadora do Proyecto Cultural Sur/Brasil e das publicações de seu setor. É membro da Casa do Poeta Rio-Grandense e participou do projeto poetas pela paz e justiça social em 2007. Veja mais sobre ela aqui e em seu blog.

 

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AGENDINHA

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Passei a publicar o 'Agendão dos Saraus para o Fim de Semana' num post separado, todas as sextas-feiras. Abaixo, seguem algumas sugestões para esta quinta e sexta-feiras. Acompanhe também as muitas opções contidas nesse link da Agenda da Periferia, como os shows de samba e hip hop, as peças de teatro, os festivais, as oficinas e os vários eventos literários. Informe-se, atue e divirta-se!

 

 Foto: Estadão

Quarta-feira - 13/7 - às 15h ... O Sarau da Brasa, o Coletivo Perifatividade e vários artistas como Mano Réu e Raiz Criola, realizam sarau na Fábrica de Cultura Cachoeirinha e debatem a questão das greves na entidade. Na Rua Franklin do Amaral, 1575 - estacionamento.

 

 Foto: Estadão

Quinta-feira - 14/7 - às 20h ... Juli Manzi canta Jorge Mautner na Sensorial Discos ... Show do compositor gaúcho radicado em SP, com participação especial de Mauricio Pereira, Diogo Soares, Tonho Penhasco e Mateus Mapa. O repertório é sobre as canções do grande Jorge Mautner, mas conheça aqui uma bela canção do Juli. Entrada R$ 10. Na rua Augusta.

 

 

Quinta-feira - 14/7 - às 20h ... Zé de Riba ... Coloquei dois vídeos porque o cara é uma figura genial e merece muita divulgação (prestem atenção em sua levada 'jackson do pandeiro' e na ótima letra de 'www sem'). Com quase 3o anos de estrada, Zé de Riba tem canções gravadas por Simone, Zeca Baleiro e pela banda holandesa Electro Coco. Seu primeiro cd 'Reprocesso' contou com André Abujamra, Bocato e Nação Zumbi. Artista popular, se apresenta com a mesma desenvoltura tanto em teatros da Europa, Canadá e EUA quanto nas esquinas de qualquer grande metrópole. O show, organizado pela artista e promoter Raquel Pereira, contará com a participação do percussionista Memeu Cabral. No Boteco Helena, em Suzano. Entrada R$ 10.

 

 

 Foto: Estadão

Sexta-feira - 15/7 - às 20h ... Carol Naine no Mundo Art ... Cantora e compositora carioca traz as canções satíricas do seu primeiro disco (capa acima) e apresenta algumas das novas composições que estarão no próximo cd (ver matéria lá no alto). No Mundo Art. Entrada R$ 15 (reserva) e R$ 20 (porta).

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ATÉ SEXTA-FEIRA, PESSOAL,

COM O AGENDÃO PARA O FIM DE SEMANA.

E AQUELE 'ALGO MAIS', CLARO!

ATÉ LÁ!

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