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Produção artística que vive à margem da indústria cultural

Tem o prêmio do blog para a canção ‘Foz’, de Luiz Giadas, e algumas reflexões de artistas sobre a função da arte

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Por Arnaldo Afonso
Atualização:

E atenção: num magnífico esforço de jornalismo investigativo, consegui em primeira mão o resultado do ‘Grande Prêmio Arnaldo Afonso’ de melhor objeto artístico de 2019 (nessa nossa seara dos saraus). Computados todos os (meus) votos secretos, a canção ‘Foz’, de Luiz Giadas, cantada pelo grupo Chêro da Poesia, foi declarada vencedora de forma incontestável (a música ainda não tem gravação de estúdio, mas é uma obra-prima que impressionou e comoveu a todos que a ouviram). Por enquanto, leia a letra e clique neste link para ouvir uma tosca gravação que eu mesmo realizei ao celular:

 Foto: Estadão

FOZ (Luiz Giadas)

Mundo meu o mundo é meu o mundo é teu um quintal e quem sou eu quem é você quem somos nós além do som da voz veloz

Veja bem que gente tem, gente de bem natural que seja eu quem seja teu sejamos nós alem do rio a foz

Compartilhando com outros rios pingos de chuva que ganhamos do destino no caminho

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até desaguar no mar pra servir povos d'outras terras, outras cores outras gentes outros sonhos outras veras

e misturar todas as cores todas gentes todos sonhos misturar vontades plenas dessalgar a terra

pra ter sementes germinando depois servir novos sabores novos cheiros de poesias sons e paz

 Foto: Estadão

Brincadeiras à parte, é óbvio que você argumentará: 'bela porcaria, Arnaldo, você e esse seu  prêmio aí'. Eu, mesmo concordando e rindo à beça, lhe digo: esse prêmio não é exatamente de 'melhor', visto que belezas artísticas não competem entre si (antes, dialogam e se somam). Talvez ele seja então um merecido reconhecimento a quem estava mais atuante e inspirado. Em 2019, a banda Chêro da Poesia, formada por Helen Torres, Luiz Giadas, Sidney Kitagawa e Renan Torres (na foto acima, de Ítalo Morelli Júnior), além de fazer muitos shows, apresentou novas composições e ainda incorporou algumas pérolas do repertório de Sá, Rodrix & Guarabyra ao seu. Então, noves fora, dou parabéns aos envolvidos e acrescento: foi assim, misturando suor e inspiração, ensaio e apresentação (e demonstrando um tesão de novatos para quem já tem experiência de décadas), que o Chêro se tornou a minha banda predileta do circuito de saraus. Som de muitas palmas, por favor... Eles mereceram!

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SOBRE O 'PRÊMIO' >>> Após alguns meses da criação deste blog, inventei o tal 'Grande Prêmio Arnaldo Afonso' (risos) para escolher o melhor objeto artístico de 2015. Era só um mote bem-humorado pra elencar e elogiar algumas grandes obras de artistas alternativos. O livro 'A Puta', de Marcia Barbieri, foi eleito por sua fúria, carga poética e linguagem (in)tensa, inquietante e inovadora. Na segunda edição, em 2017, escolhi o cd "Dois Tempos de um Lugar", de Dandara e Paulo Monarco, um disco de temas e questionamentos hipercontemporâneos, mas com qualidade e densidade poética e musical típica dos melhores discos de mpb dos anos 70. Claro que eu só computo as poucas obras a que tive acesso (esse 'prêmio' não é sério, gente!). Em 2019, 'Foz' e Chêro concorreram com os muitos eventos poéticos importantes que a tchurma de Rubens Jardim, César Augusto de Carvalho e Cláudio Laureatti promoveu (na Patuscada, na Casa das Rosas e na avenida Paulista), com ótimos livros (de Djami Sezostre, Escobar Franelas, Daniel Perroni Ratto, Léo Nogueira, Lenita Estrela de Sá, Paula Valéria Andrade, Etel Frota, Ligia Regina, Hamilton Faria e vários outros), com belos e contundentes espetáculos de teatro, poesia e dança (de Clovys Torres, do Mário Bortolotto, da Cia Nova de Teatro, da Focus Cia de Dança, da SPIO, do pessoal da Macrofonia, dos Trovadores do Miocárdio, do Incorpóreo e da Ocupação AI-5), com shows, cds e clipes de talentosos músicos (Daniel Medina, Rafael Cirilo, Élio Camalle, Saco de Ratos, Edvaldo Santana, Zé de Riba, Tarumã, Cordeirovich & Vladinsky, Deise & Giliane, Ortinho, Marcio Policastro, Teju Franco, Bezão & Nô Stopa, Hélio Braz, Conrado Pera, Dariluzio e Thiago K, entre outros), com expos e artes (de Angelita Cardoso, Euflavio Madeirart, André Kitagawa, Punky, Vander Bourbon, Martha Zimbarg e André Dahmer), com os muitos saraus e encontros diversos organizados pelo incansável Alexandre Tarica (ou por Vlado Lima, Akira Yamasaki, Ca Cau, Paulo Nunes, Costa Senna, Zulu de Arrebatá, Cale Narman, Eduardo Osmédio e Alessandro Buzo, entre outros), com a importante atuação dos artistas que fazem covers e releituras de clássicos (Eder Martins com Hendrix, Freud a Deriva com Belchior, O Selo com Luiz Melodia e Titãs, Grazi Medori com Elis e Rita Lee, Golonka e Bolero Freak com Caetano, Lu Vitti com as divas do jazz e do blues, Fanca & os InRollando com Stones, BNegão com Dorival Caymmi e Roberto Biela e Rogério Silva com Chico Buarque, entre outros), com a imprescindível presença e divulgação realizada pela 'nossa' imprensa (a tevê de Nicanor Jacinto, as fotos de Roberto Candido, as rádios comunitárias e os vídeos e matérias deste blogueiro) e com tantos outros eventos que me fogem, acontecidos em teatros, bares e espaços diversos (no Santa Sede, no Bruta Flor, no Rock and Blues, no Julinho Clube, no Picles, no Eclipse, no Clandestino, no Cemitério de Automóveis, na Aldeia Satélite, no Juca, no Alberico, na Charada, na Confraria, na Carauari, nos Parlapatões, no Manjericanto e no Show da Maria, apenas para citar alguns). Que mais posso dizer? Grande prêmio, mesmo, é você poder acompanhar aqui as artes dessa gente toda. E se informar e divertir na vasta cena alternativa da cidade.

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SOBRE ARTE E ARTISTAS - 1

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Tenho acompanhado nos últimos anos a batalha e os depoimentos emocionados de coletivos e artistas cujos ótimos projetos estão congelados ou foram cortados e censurados (pelos políticos direitistas e 'religiosos' que ascenderam ao poder). Artistas que sonham em mudar o mundo. Artistas que lutam, sofrem boicotes e passam por privações. Mas que são artistas de verdade. De algum modo, vão seguir em frente. E é com eles que eu vou.

Neste blog já respondi a direitistas e reacionários que me xingaram (e até ameaçaram) por eu 'me agarrar a meu cargo e dinheiro' (sic). Eles acham que um artista pensa como eles. Em momentos de polarização e fakenews, esses ratos saem de suas tocas e ofendem até os inatacáveis Chico Buarque, Fernanda Montenegro e Paulo Freire, entre outros (nem vou comentar a absurda, ridícula e 'imprecionante' censura ao filme da produtora Porta dos Fundos). E é justamente com esse tipo de artistas e pensadores ofendidos que eu me alinho: os humanistas, os provocadores, os visionários, os da esquerda, claro.

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Mesmo porque, a meu ver, não existe 'arte' de direita (seria uma contradição em si). Existem artistas do entretenimento (os que produzem passatempo, sem pretensões críticas). Em princípio, nada contra a opção pela diversão pura e simples. Mas, em detrimento de artistas questionadores, críticos ou engajados, esses são os preferidos de políticos (e das entidades culturais públicas que eles administram) que não querem um povo pensante e politizado (daí a perseguição a um suposto 'marxismo cultural'). Para fazer o jogo que lhe convém, o sistema compra consciências ao recrutar somente os artistas de alma barata que aceitam repetir fórmulas para competir no 'mercado do sucesso': os que apelam por 'audiência', os que dizem sim ao jabá e oferecem mercadorias manjadas (porque 'vendem mais') e os que participam de esquemas viciados numa indústria que faz da 'cultura' seu lucrativo balcão de negócios. Mas esses, em sua maioria, não são artistas. São apenas oportunistas de ocasião, comerciantes 'espertos' que logo serão esquecidos. O artista de verdade é sempre do contra, como cravou o grande Millôr. Porque não dá pra fazer arte a favor. Arte é para incomodar mudar virar de ponta-cabeça alterar a visão fazer o sertão virar mar e o mar virar sertão (e vice-versos). Se não for isso, é apenas elemento decorativo: o abismo que separa Pablo Picasso de Romero Britto.

O mundo sempre precisará de rebeldes inadaptados ousados loucos obstinados revolucionários cheios de amor e fúria para por ele tombar gritar respirar ar puro e se reinventar. Não se reserva paixão assinando contrato, não se governa baixando autoritários decretos. Às práticas nocivas, ao nefasto dia-a-dia, à disseminação da baixaria, só sobrevive só resiste só se sustenta quem se alimenta de utopia. Por isso o artista é sempre transgressor. A inquietação e o questionamento o transtornam e transformam. Como poetou o grande Leminski, 'isso de querer ser aquilo que a gente é, ainda vai nos levar além'. É um estado de alerta permanente, e, ao mesmo tempo, é dor que não tem fim. Mas artista que é artista só brinca se for assim. Quem não entendeu ou tem medo disso tudo que eu falei, melhor nem descer pro play.


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SOBRE ARTE E ARTISTAS - 2

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Publico trechos de dois textos preciosos que li por esses dias nas redes sociais: um do poeta Vitor Miranda (sobre suas leituras e rotina), outro do dramaturgo e diretor teatral Lucas Mayor (sobre um filme com Aretha Franklin). Além de alguns vídeos pertinentes, inseri também uma frase da escritora Toni Morrison colhida num post da poeta gaúcha Ana dos Santos (acompanhe seu blog). Acrescentei frases extraídas de um artigo do cineasta Martin Scorsese, no New York Times, e finalizei com um belo post-desabafo da cantora Zélia Duncan no Instagram. Confira:

TEXTO DO LUCAS MAYOR >>> 'Amazing Grace' (de Sidney Pollack) é absurdamente bonito. Em 1972, ele enfiou um monte de câmera numa igreja batista e documentou o 'intangível' (nas palavras do reverendo): a voz e o corpo de Aretha Franklin. Não sou religioso, nem perto disso, mas por uma hora e pouco acreditei em Deus. 'Então descobri que nos cansamos quando escrevemos uma coisa a sério. Se não nos cansamos, é um mau sinal. Não se pode escrever algo assim, na flauta, borboleteando leve por aí', escreve Natalia Ginzburg. E se você busca a verdade das coisas, isso tende a cansar. 'Henry Fonda não sabia simular nada, de modo que se tornava um barômetro da verdade no qual a gente se mede e mede os outros. Boris Kaufman, o grande fotógrafo do preto-e-branco, com quem fiz oito filmes, contorcia-se de angústia se sentisse que um movimento de câmera era arbitrário e imotivado' (Sidney Lumet, no ótimo livro 'Fazendo Filmes'). Dia desses, escutando um podcast com Regina Casé, ela me sai com essa: 'Sou uma atriz-documento'. Achei de uma beleza isso... Acho que sempre carregamos a vida pra onde quer que estejamos indo. E se não a carregamos, isso não me parece bom. O palco revela aquilo que está fora do palco e vice-versa. Não há como fugir disso. E se fugimos, a verdade escapa. E a verdade quer sempre escapar, é claro, porque é muito mais fácil não ter que lidar com ela. Lembro de ter lido na revista Piauí um perfil bem legal do Leonard Cohen. O que mais me chamou atenção foi ele parar uma canção no meio e pedir desculpas porque não estava fazendo aquilo do jeito certo. E o jeito certo a que ele se refere é a tal da verdade, que tinha escapulido.

TEXTO DO VITOR MIRANDA >>> Esse ano imaginei que o ano seria ruim para o país e realmente foi. Não poderia ser diferente. No final do ano passado caminhava pelos trilhos do trem em Curitiba e me sentava num banco de uma praça para ler 'A Ilha', do Aldous Huxley. O mundo perfeito autossustentável da ilha de Palas onde há controle de natalidade, as crianças têm conhecimento sexual desde cedo e a formatura do colégio é uma sessão de meditação seguida de uma escalada na montanha. Natureza preservada e pássaros que passam o dia dizendo 'atenção'. Mas há petróleo e outras nações chegam ali sem pedir licença para destruir e explorar. Uma abelha compartilhava aquela tarde comigo. Na casa em frente à praça um cachorro latia pra gente. Na volta, vi uma flor se abrindo numa árvore que beira os trilhos. Fiquei pensando nos meus amigos que falam admirados do novo design de um carro mas nunca comentaram sobre a beleza de uma flor. Em casa esperei a namorada chegar do trabalho. Ela brigou comigo porque passei o dia todo sem fazer nada. Perguntei o que ela fez o dia todo. Trabalhou. Respondi: quem não fez nada foi você. Esse ano o namoro acabou e tenho saudade daqueles dias. O livro da ilha de Huxley vendi barato pra um amigo, pois estava precisando de dinheiro. Hoje estou solteiro e procurando alguém que queira fazer nada comigo, pois trabalhar é muito chato.

 Foto: Estadão

FRASES DO ARTIGO DE SCORSESE >>> Para mim, fazer cinema era uma revelação estética, emocional e espiritual. Tratava-se de personagens: a complexidade das pessoas e suas naturezas contraditórias e às vezes paradoxais, a maneira como elas podem se machucar, se amar e conviver. Tentei assistir a alguns filmes da Marvel e vi que eles não são para mim. Não acho que sejam cinema. Essa é a natureza das franquias modernas: as emoções são pesquisadas no mercado, testadas pelo público, avaliadas, modificadas, revertidas e remodeladas até estarem prontas para o consumo. Nos últimos 20 anos, o negócio do cinema mudou e provocou a eliminação do risco. Hoje, muitos filmes são produtos perfeitos fabricados para consumo imediato. Carecem de algo essencial: a visão do artista, que é o fator mais arriscado de todos. Há produtores hoje com absoluta indiferença à questão da arte. Infelizmente, isso criou dois campos separados: o do entretenimento audiovisual e o do cinema. Para quem sonha em fazer filmes ou está apenas começando, a situação neste momento é brutal e inóspita para a arte. O simples ato de escrever essas palavras me enche de uma terrível tristeza.

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NOS CINEMAS E NA NETFLIX >>> Robert De Niro, Al Pacino e Joe Pesci estrelam 'O Irlandês', a saga épica do diretor Martin Scorsese sobre o crime organizado nos Estados Unidos do pós-guerra. Contado pela perspectiva do veterano de guerra Frank Sheeran, um assassino profissional que trabalhou ao lado de personalidades do século 20, o filme aborda um  fato marcante da história americana - o desaparecimento do lendário líder sindical Jimmy Hoffa - e revela os corredores do crime organizado: seus mecanismos, rivalidades e associações políticas.

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TEXTO DE ZÉLIA DUNCAN >>> No texto do vídeo acima, intitulado 'Vida em Branco' (ouça a partir do sétimo minuto), a cantora fala sobre arte e artistas. 'Você não precisa de artistas? Então me devolve os momentos bons. Os versos roubados de nós. As cores do seu caminho. Arranca o rádio do seu carro, destrói a caixa de som, joga fora os instrumentos e todos aqueles quadros, deixa as paredes em branco, assim como a sua cabeça. Você não precisa de artistas? Então fecha os olhos, mora no breu. Esquece o que a arte te deu, finge que não te deu nada. Você não precisa de artistas? Então nos perca de vista. Nos deixe de fora desse seu mundo perverso, sem graça, sem alma. Bom dia para quem tem alma'


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ARNALDO AFONSO FAZ SHOW COM MÚSICAS DE CARTOLA

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 Foto: Estadão

Nas minhas andanças por aí já tenho me apresentado com um visual que remete ao dos sambistas cariocas dos anos 50: calça larga, sapato de bico fino, camiseta de listras horizontais e chapéu claro. O figurino é para melhor ambientar as minhas interpretações das canções de Angenor de Oliveira, o popular Cartola, um dos maiores compositores brasileiros de todos os tempos (apesar da caracterização, não interpreto o músico: faço o papel de um cantor que o admira e narra sua história). Há alguns anos escrevi a peça "Mestre Cartola: Vida e Obra em Verde e Rosa", que agora adaptei para um espetáculo musical de uma hora (com cenário simples e prático), onde canto dez canções e conto algumas curiosidades sobre ele. Em 2020, ano em que completamos quatro décadas sem o Mestre, pretendo levar suas melodias a todas as Casas de Cultura da cidade, bem como aos Ceus, Bibliotecas, Sescs, escolas e centros culturais


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MINHAS ANDANÇAS POR AÍ

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Que fique bem claro, seu Januário: não sou cri-crítico musical nem literário. Sou artista que sente pressente pelo insight o valor do objeto emocional criado. Sou fã abduzido seduzido cooptado. Apaixonado pelo belo poético tocado e cantarolado. E ainda estou transtornado (e transformado) lendo e relendo livros, indo e vindo de shows, vendo e ouvindo canções e sentindo reverberar as emoções que vivi. Um pouco do que vi é o que conto aqui:

 Foto: Estadão
 Foto: Estadão

EUFLÁVIO GÓIS >>> Estive na Passagem Literária da Consolação e apreciei a exposição dos trabalhos em madeira do Euflávio, também conhecido por Madeirart. Há tempos admiro a obra do escultor sergipano, morador da ZL de éssepê, que é também poeta e lançou recentemente o livro 'Sertão Valente'. Visite seu blog e saiba mais sobre esse grande artista popular. Nas fotos, eu, na expo, e algumas de suas novas esculturas, com cor.

 Foto: Estadão

NIVER DO NOCELLI >>> No domingo fui ao Manjericanto, na ZN, para cumprimentar meu amigo Marcelo Nocelli, escritor e editor da Reformatório, que aniversariava. Festa gostosa com a presença de muitos artistas e cantoria das boas com os talentosos Cale Narman (violão e voz) e Dino Daia (flauta e sax) interpretando clássicos nacionais e internacionais (os dois, na foto, comigo e com o aniversariante). Se apresentaram, entre outros, a bailarina Elis Pessotti, o músico Deh Oliveira e a cantora Letícia Cipó. Roberto Candido esteve lá e registrou tudo. Mais Nocelli: acompanhe suas dicas literárias, às quartas-feiras, na Rádio Brasil Atual (veja no Agendão).

EXPO DO ALCEU >>> Para quem, como eu, é superfã de Alceu Valença desde o começo de sua carreira, a Ocupação que leva seu nome, no Itaú Cultural (detalhes no vídeo e no Agendão), não acrescenta muita coisa. Mas, é sempre bom louvar eventos que possam apresentar trabalhos vastos, diversificados e geniais como o dele às novas gerações. Achei pouco, mas curti. Alceu é Alceu, né gente? Um pouco de sua poesia e musicalidade são bem capazes de 'incendiar esses tempos glaciais' (tomara, meu Deus, tomara...). Fica até 2 de fevereiro. Vá ver!

 Foto: Estadão

HENDRIX >>> Não é nada fácil a tarefa a que se propôs o músico Eder Martins. O cara faz cover do maior guitarrista de todos os tempos, o genial Jimi Hendrix. Acontece que Eder faz releituras do mestre mas inclui sessões de puro improviso jazzístico acompanhado pelo ótimo Rob Ashtoffen (no baixo) e o demolidor Caio Mendes (na bateria). É uma viagem deliciosa que se inspira no universo psicodélico de Hendrix, mas não fica restrita apenas a ele. O show que eu vi foi na NossaCasa Confraria das Ideias, mas a banda tem tocado regularmente no Pulo do Gato Bar (fique de olho no Agendão), às vezes com formação ampliada (como no vídeo acima). A Electric Hendrix Tribute faz uma baita de uma sonzêra boa.

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MARIELLE PRESENTE!

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No dia 14 de março de 2018 a vereadora, de 37 anos, foi assassinada no bairro da Lapa, no Rio. Ela era relatora da Comissão dos Direitos Humanos que acompanhava a intervenção militar no RJ. Havia feito denúncia contra abusos policiais e após voltar de um evento com jovens negras, foi baleada. Anderson Gomes, motorista do carro em que ela estava, também foi executado. Desde então, protestos contra o bárbaro crime se repetem em várias cidades brasileiras. Marielle lutava por justiça, inclusão e igualdade de direitos. Defendia as causas que todos nós, artistas e coletivos dos saraus, também defendemos. Este blog continua aguardando o esclarecimento do caso e a punição dos assassinos e mandantes. As balas que a mataram atingem a todos nós. Não podemos nos calar. Até quando vou ficar semanalmente repetindo esse texto aqui? Será que vai ficar assim? Por que a resposta não vem? Quem matou (e quem mandou matar) Marielle?

 Foto: Estadão

Já faz quase dois anos que eu repito esse texto. E vou continuar repetindo enquanto este blog existir. É meu compromisso em defesa da democracia e da liberdade, ambas ameaçadas pela impunidade de assassinos ou pela omissão das autoridades. Durante todo esse tempo, repito esse texto que eu já sabia que ia repetir. Se temos dois suspeitos presos (a quem ninguém entrevistou, confrontou, nem perguntou os motivos) ainda falta saber quem mandou matar Marielle. Quase dois anos depois, Marielle continua sendo baleada, morrendo todas as noites e renascendo a cada manhã. Porque pessoas íntegras como ela não morrem jamais. Se eternizam e viram exemplo de luta. Nós, brasileiros democratas, estamos aqui, de braços dados com Marielle, esperando que a justiça seja feita. Os assassinos talvez tenham a proteção momentânea de organizações ou de eventuais autoridades fascistas. E podem ameaçar Freixo, Marcia Tiburi e Jean Wyllis, ou mirar e atirar em nossas altivas cabeças. E até nos matar, um a um ('matar uns 30 mil', como disse o atual presidente durante sua campanha, sem ser punido nem ter sua candidatura impugnada). Só não poderão evitar que Marielle renasça mais forte, todos os dias, no corpo e na mente de cada menina guerreira da cidade do Rio de Janeiro. Marielle presente.


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AGENDÃO

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Aqui as sugestões de programação para esta semana. Acompanhe também as opções contidas na página da Agenda da Periferia. Informe-se, inconforme-se, atue e divirta-se!

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 Foto: Estadão

CONFESSO QUE SOBREVIVI >>> Editora Essencial, preocupada com o aumento dos crimes de feminicídios, abre canal para receber os relatos de mulheres que passaram por uma relação abusiva, opressora e violenta. Será organizada e publicada uma antologia. Saiba mais no site www.editoraessencial.com.br ou participe preenchendo o formulário

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 Foto: Estadão

RÁDIO BRASIL ATUAL >>> A rádio que dá a notícia que as outras não dão e toca as músicas que as outras não tocam está em campanha de financiamento (assim como a TVT)Para saber mais e colaborar, acesse o link. Neste momento de retrocessos políticos, sindicais e culturais, sabemos bem o quanto é imprescindível ter uma emissora que faça frente ao discurso fascista do governo e das poderosas redes que o apoiam

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 Foto: Estadão

QUINTA A TERÇA - 9 a 14 de janeiro ... Tapera Taperá promove diversos eventos: lançamentos de livros, leituras de poesias e debates sobre política e história. Clique no cartaz (você também pode acompanhar por email assinando a newsletter semanal). Na Galeria Metrópole, à av. São Luis, 187, 2º andar, loja 29

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 Foto: Estadão

QUINTA A SÁBADO - 9 a 11 de janeiro - 20h30 ... Minhas queridas ... Peça sobre as cartas da escritora Clarice Lispector às suas irmãs. Com Marilene Grama e Simone Evaristo. Direção de Stella Tobar. No Sesc Pinheiros, à rua Paes Leme, 195

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 Foto: Estadão

QUINTA - 9 de janeiro - 21h ... Duo Zaidu no Al Janiah, à rua Rui Barbosa, 269. Du Pudenzi (violão e voz) e Zazá Bertolini (flauta transversal, percussão e voz) apresentam repertório que vai de Metá Metá a Eddie Vedder, de chorinho a música latina, passando por Gil, Alceu, Tom Zé, Itamar e Lenine

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SEXTA - 10 de janeiro - 16h ... Criação no Teatro Documental - Histórias Pessoais e Coletivas. Oficina conduzida pela diretora Cristiane Zuan Esteves e pelo dramaturgo Beto Matos. Também nos dias 17 e 24 de janeiro. Na Casa de Cultura do Butantã, à avenida Junta Mizumoto, 13

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SEXTA - 10 de janeiro - 20h ... Rock Bites Acústico (Alanna e Nando) tocam no Happy Hour do Carauaribar e Mercearia, à praça Carauari, 8, na Vila Maria

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SEXTA - 10 de janeiro - 21h ... Artur Soares e Silvia Sant'anna fazem tributo a Belchior e Elis Regina. No Alvenaria Espaço Cultural Colaborativo, à rua Turiassu, 799

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SEXTA - 10 de janeiro - 22h ... Banda Estado Urbano toca rock brasileiro dos anos 80. No Eclipse: Espaço Cultural, Bar e Café, à rua Astorga, 621

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 Foto: Estadão

SÁBADO - 11 de janeiro - das 11h às 23h ... Boteco Socialista - na avenida Corifeu de Azevedo Marques, 1880, perto do metrô Butantã. Ponto de encontro da esquerda, bar oferece refeições veganas ou tradicionais (com alimentos orgânicos do MST), sucos naturais e cervejas artesanais, além de abrir espaço para festas, reuniões de coletivos, debates, ensaios e shows, saraus e slams

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SÁBADO - 11 de janeiro - a partir das 13h ... Entre feijucas e caiprinhas, o músico Giba Ribeiro (que aniversaria - parabéns!) apresenta clássicos e 'lados b' da melhor mpb. No Carauaribar, à prça Carauari, 8, na Vila Maria

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SÁBADO - 11 de janeiro - 14h ... Sarau do Vale Edição Especial na Casa de Cultura Hip Hop Leste CT, à rua Sarah Kubitscheck, 165. Com os convidados Coletivo de Esquerda Força Ativa, Aliança Negra Posse, Andreza Alves, Rocha Man, Rafilsq & FBI - No Trexo, Feira de Arte Apreta Produções, 16 Ofensivo e Dns MC

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SÁBADO - 11 de janeiro - 15h ... Exposição Jaguar ... Cartunista e fundador do O Pasquim, expõe mais de 50 cartuns, em grafite, nanquim e lápis de cor. Humor e resistência política na 9 arte galeria, à rua Augusta, 1371, loja 113. Até 21 de fevereiro, de terça à sexta, das 12h às 17h e de 19h às 21h. No sábado, das 12h às 19h

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SÁBADO - 11 de janeiro - 15h ... Abre Alas - Negros compositores da música brasileira. Show com Brau Mendonça, Rosangela Alves e grupo. Depois, roda de conversa sobre o tema. Na rua Marques de Itu, 95

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SÁBADO - 11 de janeiro - 17h ... Double Boss Blues se apresenta no Tap Station, à rua Nhambiquaras, 1547

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SÁBADO - 11 de janeiro - 19h ... Unplugged Rock Insane. No Aureliano's Bar, à rua Aureliano Leal, 484

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SÁBADO - 11 de janeiro - 19h30 ... Caipira Elétrico no Casimiro's Bar, à rua Senador Casemiro da Rocha, 301. Trio instrumental formado por Junior da Violla (viola de 12 cordas), Adson Silva (baixo elétrico) e João Paulo Almansa (bateria) mistura música e cultura caipira com rock, baião, blues e hard rock

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SÁBADO - 11 de janeiro - 20h30 ... Giselle Maria - Choro cantado & outras canções. Cantora interpreta Pixinguinha, Guinga e Ary Barroso, entre outros, acompanhada por Luciano Figueiredo (violão 7 cordas) e Lucas Pinhal (bandolim). No Quinto Pecado Café Bistrô, à rua Coronel Artur de Godoi, 12, na Vila Mariana

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SÁBADO - 11 de janeiro - 20h30 ... Sergio Turcão (do Tarancón) e o flautista Jaime Pratinha tocam mpb e chorinho no Manjericanto, à rua Voluntários da Pátria, 3558

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 Foto: Estadão

SÁBADO - 11 de janeiro - a partir das 21h ... Quanto Pior o Ano, Melhor o Carnaval. Com a banda Anhangabahy (show à meia-noite). No Bar do Baixo, à rua Girassol, 67

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SÁBADO - 11 de janeiro - 21h ... Banda 'Hammer of the Gods' toca Led Zeppelin e a banda 'Classic Rush' manda os clássicos do Rush. No Santa Sede Rock Bar, à av. Luiz Dumont Villares, 2104

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SÁBADO - 11 de janeiro - a partir das 21h ... Dois shows na Fauhaus ... Lumanzin (22h30) faz uso de vídeos, manipuladores, pedais e loops de voz para, sozinha, soar como uma banda. Barril (23h15) é o grupo instrumental de Pedro Padilha, Gui Fuentes, Roberto Prado e Fernando Tavares que mistura música brasileira, jazz e afrobeat. Na rua Faustolo, 983

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SÁBADO - 11 de janeiro - 22h ... Blues Jam Welcome 2020. A banda da casa toca às 22h30. Músicos que forem participar, levem seus instrumentos. No Clandestino Estúdio, à rua Augusta, 2366

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 Foto: Estadão

SÁBADO - 11 de janeiro - 22h ... Kabuloso Baile. Com a banda Bolero Freak. No Al Janiah, à rua Rui Babrosa, 269

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SÁBADO - 11 de janeiro - 22h ... The Doors Cover com a banda Lizzard. No Eclipse: Espaço Cultural, Bar e Café, à rua Astorga, 621

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SÁBADO - 11 de janeiro - 23h ... Pé na Porta 2020 ... Banda Rock Véio se apresenta no Refúgio Music Bar, à av. General Edgar Facó, 1279

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DOMINGO - 12 de janeiro - das 12h às 23h ... Domingaz ... Com as djs Ceci Tunes, De Schw e Pensanuvem (a partir das 16h). Na Fatiado Discos. À av. Professor Alfonso Bovero, 382

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 Foto: Estadão

DOMINGO - 12 de janeiro - das 15h às 23h30 ... 39ª A Idade da Terra em Transe ... Espaço de resistência cultural na ZL oferece exposições, feira de vinis e shows com várias bandas (clique no cartaz). No Videoclube Charada, à rua José Antonio Fontes, 62, em Sapopemba

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DOMINGO - 12 de janeiro - 18h ... Banda Universo Sonoro se apresenta no Dorme Suju's Moto Clube, à avenida Afonso Lopes de Baião, 136

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SEGUNDA - 13 de janeiro - 19h ... Lançamento de 'Poemas para descolorir abismos', de Jéssica Bastos, no Parangolé Bar, à rua General Lima e Silva, 240, em Porto Alegre, RS

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 Foto: Estadão

SEGUNDAS - 13 e 20 de janeiro - 19h30 ... Ciclo de encontros sobre João Cabral de Melo Neto. Na Livraria Cultura do Shopping Iguatemi, à av. Brigadeiro Faria Lima, 2232. Mais dois debates centrados em livros do poeta:

Dia 13/jan >>> A educação pela pedra: rigor formal e procedimento poético como conhecimentos democráticos - Leonardo Gandolfi e Thaís Toshimitsu, mediados por Arthur Lungov

Dia 20/jan >>> Museu de tudo & Sevilha andando: o apreço pelo real e a incursão pela memória como construções poéticas - Renan Nuernberger e Silvana Moreli Vicente, mediados por Lucas Verzola

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ÀS TERÇAS - 20h ... Acompanhe o programa CasArte Marginal, apresentado e produzido pela dupla de artistas Alexandre Paulino e Aline Lopes. São entrevistas com artistas e ativistas da cena cultural alternativa. O programa tem reprise às sextas, às 13h, e aos domingos, às 17h. Na casileoca.com

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QUARTA - 15 de janeiro - 11h ... Clake com Circo Amarillo ... Espetáculo cômico dos palhaços musicais Marcelo Lujan e Pablo Nordio. No Centro Cultural Tendal da Lapa, à rua Guaicurus, 1100

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ÀS QUARTAS - 11h ... Marcelo Nocelli no Rádio ... Editor da Reformatório apresenta programa sobre literatura na Rádio Brasil Atual (FM 98,9). Na pauta, livros brasileiros contemporâneos (resenhas e dicas), além de eventos e lançamentos

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 Foto: Estadão

QUARTA - 15 de janeiro - 20h ... Podcast Tapajós ... Após publicar Jenipará, a escritora Graziela Brum estreia série de relatos, direto de Alter do Chão, na Amazônia. Projeto procura, através da literatura, sensibilizar as pessoas para as questões do meio ambiente. O link para assistir estará disponível na página de Facebook

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ATÉ 11 DE JANEIRO - de terça a domingo - das 10h às 18h ... Exposição 'Tempero da Carne', do artista visual Julio Leão, no Museu da Diversidade Sexual, na Estação República do Metrô. Entrada franca

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 Foto: Estadão

ATÉ 13 DE JANEIRO ... Exposição 'A palavra e a Imagem - Homenagem a Darcy Ribeiro'. 35 artistas interpretam, em seus trabalhos, as facetas de ambientalista e educador do intelectual brasileiro. Entrada franca. Na biblioteca do Memorial da América Latina (ao lado da estação Barra Funda do metrô), de segunda a sexta, das 9h às 18h (aos sábados, das 9h às 15h)

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 Foto: Estadão

ATÉ 19 DE JANEIRO ... Exposição William Blake: Portas da Imaginação - Com material raro (e inédito no Brasil) sobre o poeta, ilustrador, tipógrafo e gravador inglês que influenciou os surrealistas e os beats, entre outros artistas. Na Casa das Rosas, à av. Paulista, 37. De terça a sábado, das 10 às 22h, domingos e feriados, das 10h às 18h

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ATÉ 26 DE JANEIRO ... Ocupação Alceu Valença no Itaú Cultural ... Mostra reúne depoimentos, objetos e produções literárias do artista pernambucano. De terça a sexta, das 9h às 20h, e sábados, domingos e feriados, das 11h às 20h. Na av. Paulista, 149

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 Foto: Estadão

ATÉ 1 DE MARÇO ... Leonardo da Vinci - 500 anos de um Gênio ... Mostra conta a trajetória do gênio renascentista, passando por suas invenções, pinturas, esculturas e obras. Entrada gratuita às terças (sujeito a lotação). No MIS Experience, à rua Vladimir Herzog, 75, na Água Branca

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AGENDÃO >>> Fique ligado, pois o agendão é diariamente atualizado. E toda quinta-feira tem post novo. Até lá!

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