Eles são jovens. Talentosos. Antenados. Não são crianças bobos alienados desideologizados nem filhinhos de papai: o carái, véi! Não se calam falam cantam gritam denunciam injustiças privilégios tretas cricas e quetais. Não estão nem aí pra famas artificiais não dão ibope ao the voice ao ópio dos ufanismos globais ou à euforia consumista dos merchands comerciais nem surfam na onda pasteurizada das rádios e tevês com seus jabás. Com eles não tem oba-oba micagens papéis estereotipados nem repeteco de clichês ou blablablás chicletizados. Seus olhos sinceros lançam versos espertos. Espetam: são setas de endereço certo. Seus verbos são de se decorar de corar a cara de cair o queixo e de arrepiar qualquer sujeito. Eles quebram o côco pra ver qual é de vera a vibe do desejo. Vêm da zona periférica entre o primeiro levante do sexo a química dos sentidos a saliva fresca do beijo proibido e da luta por um lugar maneiro, livre, sem preconceito, pra semear amor-próprio e respeito ao próximo. De um jeito meio louco meio sem jeito meio assim do seu jeito. A fórmula inédita indescoberta está sendo desenvolvida enquanto se caminha. São jovens comprometidos com a minha e a tua vida. Você já deveria saber ou reaprender a sentir a poesia que eles têm a dizer sobre o novo o que veem sobre um trem que já vem que já vem que já vem… Nas vozes nas asas nos corpos em brasa na luz que extravasa e já grassa por aqui. Ouça esses moços moças que força que raça que fúria e que graça de ouvir:
A banda As Despejadas (no vídeo acima e na primeira foto lá no alto) surgiu a partir de uma atividade escolar e se tornou ferramenta de protesto através da música. Formada por 5 moradoras do bairro dos Pimentas, na periferia de Guarulhos (Aline Maria, 16, Lídia Martiniano, 18, Nataly Ferreira, 17, Vitória Silva, 17, e Ariadne Pereira, 20) a banda marca presença em saraus, festas e encontros culturais e educacionais de Guarulhos e São Paulo. ‘Cantamos as dores do povo que é oprimido, que é despejado da sociedade, sem voz nem vez, e que é visto como ‘resto’: uma realidade que nós, mulheres, negras, da periferia, entendemos bem’, ressalta Vitória.
Nina Oliveira é de Guarulhos-SP. Para seus shows, escolhe músicas com posicionamento político, pois não quer ser apenas cantora e compositora, mas uma verdadeira ‘artivista’. Deseja que sua música exale reflexão sobre questões existenciais, sociais, raciais e de gênero. (Leia o que já falei sobre ela nesse outro post.)
Gabi da Pele Preta é pernambucana de Caruaru. Intérprete de sambas, bossas e jazz, é cantora de áudios publicitários. Quando criança já se apresentava em igrejas e depois fez teatro. Hoje movimenta as noites caruaruenses cantando em bares, restaurantes e eventos particulares. Prepara a gravação de seu primeiro cd.
Yzalú é de São Bernardo, região do ABC, em SP. Começou sua carreira no rap e nos movimentos sociais das periferias cantando versões acústicas de sucessos do hip-hop nacional. Seus vídeos viralizaram na net e logo surgiram as primeiras composições e parcerias. Participou de trabalhos de outros artistas do rap, como Eduardo (ex-integrante do Facção Central) e o grupo Detentos do Rap. Acaba de lançar o cd Minha bossa é treta.
Alba Brito é de Santo André, região do ABC, em SP. Canta, faz teatro e contação de história. Participa da Trupe Borboletras. A primeira vez que ouvi sua bela voz foi no cd do rapper Viegas.
E DANDARA


Esta seção abre espaço aos muitos ótimos poetas que ouço por aí, pelos bares e saraus do movimento cultural. Ou os que conheço dos vários livros comprados, doados, roubados, recebidos, aparecidos (livro é um bicho vivo…). Aqui é jogo rápido, um poema, uma pequena ficha do autor e alguns links para que você o conheça melhor. Hoje, trago o papo reto da poesia falada de Mel Duarte e Luiza Romão, duas ótimas jovens poetas.
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MEL DUARTE
Poeta, ativista e produtora cultural paulistana, Mel integra o coletivo Poetas Ambulantes. Participa do Slam das Minas, de diversos saraus, publica videopoemas e tem um blog. Lançou dois livros: Fragmentos Dispersos e Negra Nua Crua. É mais uma das mulheres que se revoltou quando viu o deputado Jair Bolsonaro atacar a deputada Maria do Rosário. Como resposta à essa indignação, ela escreveu o poema abaixo.
Movidas pela indignação e revolta que o machismo registra em seus corpos todos os dias, Dani Nega, Renata Martins e Mel Duarte, convidaram várias mulheres de diversos segmentos artísticos para ampliar a voz na potente poesia Verdade seja dita de Mel Duarte. Este blog está com elas e também diz não à cultura do estupro, ao racismo, ao machismo e ao feminicídio.
Participaram do clipe: Cibele Appes (edição), Débora Veneziani, Flavia Teixeira, Martinha Soares, Giuliana Maria, Daniella Barsoumian, Evelyn Cristina, Daniele Façanha, Luiza Romão, Angela Ribeiro, Daniela Barros, Maitê Freitas, Ana Sharp, Ana Paula Xongani, Klarah Lobato, Ivy Souza, Mirella Façanha, Paola Lappicy, Agnis Freitas, Karla Mariana Andrade Silva, Dandara Gomes, Rita Teles, Bárbara Esmenia, Neide Lopes, Suelen Moreira, Ruth Melchior, Fabi Ribeiro, Kakau Gusmão, Daniele Braga, Bruna, Evelyn Lima, Agnes Maria, Karimá Serene.
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LUIZA ROMÃO
Poeta, atriz e diretora de teatro, Luiza nasceu em Ribeirão Preto. Em 2014, publicou o livro Coquetel Motolove e participou de inúmeros saraus/slams. Criou mais de quinze videopoemas. Formou-se em Direção Teatral na ECA/USP. Já fez parte da Cia Ato Reverso e do grupo Teatro Documentário. Atualmente, trabalha na Fábrica de Cultura da Brasilândia, na zona norte de São Paulo e integra o coletivo Literatura Ostentação. ‘Eu não quero ser poeta que só escreve discursos, eu sou uma militante que escreve poesia’. Ano passado, postou um vídeo onde recita Projétil de Lei, seu poema sobre a redução da maioridade penal. O vídeo teve mais de 5 mil compartilhamentos no Facebook. Veja você também:
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7/julho – quinta-feira – 19h … Rafael Gallernie e Guilherme Papini … O Festival Amendosom será realizado em 4 dias, todas as quintas-feiras do mês de julho (07, 14, 21 e 28) a partir das 19h, com microfone aberto até às 20h. Depois, show de Rafael Gallernie e Guilherme Papini. Exposição de Natália Pires. No Void Club, em Guarulhos.
7/julho – quinta-feira – 20h30 … Saco de Ratos no Centro Cultural – Grátis … A banda se apresenta com o dramaturgo e cantor Mário Bortolotto, Fabio Brum e Marcelo Watanabe (guitarras), Diego Basa (baixo) e Rick Vechione (bateria). Grátis (retirar ingressos duas horas antes do show). No CCSP.
7/julho – quinta-feira – 21h30 … MPB Universitária … Artistas do coletivo (formado por Marcio Policastro, Léo Nogueira, Rica Soares e outros) se apresentam no Garagem Vinil, em Pinheiros.
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E pra terminar esse post feminista, orgulhosamente apresento a grande Elza Soares, cantando Maria da Vila Matilde (de Douglas Germano), também conhecida por Ce vai se arrepender de levantar a mão pra mim:
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ATÉ SEXTA-FEIRA, PESSOAL,
COM O AGENDÃO PARA O FIM DE SEMANA.
E (SEMPRE) ALGO MAIS!
INTÉ!
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