Cultura é um lugar bom de ir. Não é só um passeio só. De boa. É onda de responsa, que em se plantando tudo voa. Pra jogar conversa dentro. Do hd do pensamento. Do sexo do violão. Do atabaque do coração. Lá, canções e livros se dão. E pow, Umberto Eco abraça Mano Brown. Mauro Dias volta e pá, se revolta com o jabá. E o Augusto Teixeira mal chega e já é parceiro do PC Pinheiro. Abujamra incita: ‘o que é a vida?’. Clara Nunes canta com samba no pé, Viegas dança na língua do rap. E o artista o que é? Inspira, transpira e… ação! Civilização é uma palavra tão grande. Um imenso palavrão. O mundo quer ser lido, quer ser livro compreendido. Quer ser canção, ser tocado na emoção. O artista tanto entende que transcende o sentido. Mente. Mas, deveras, sente.
Essa coluna é sobre isso. Sinto.
Ouça mais essa, ‘Toda em Si‘, parceria com Álvaro Cueva e Marina Tavares.
E por falar nessa tal de ‘canção brasileira’ feita com engenho e arte, colho agora na internet, casualmente, um depoimento precioso do grande Paulo Cesar Pinheiro, um dos maiores letristas nacionais. Ele aborda e corrobora com tudo aquilo que este blog vem dizendo contra o massacre cultural que a indústria do entretenimento nos impõe, através do boicote dos veículos de comunicação de massa à diversidade artística. E ataca o ‘incentivo’ que ela tem dado ao sucesso fácil e de retorno financeiro imediato, caracterizado por práticas corruptas, conhecidas popularmente por jabá. Ouçam o recado do mestre:
https://www.facebook.com/william.fialho.92/videos/10201208858018830/
Pra quem não ligou o nome à pessoa, O PC Pinheiro é o genial parceiro do Baden Powell em ‘Lapinha’, fez as letras do histórico disco (e show dos anos 70) de resistência à ditadura militar ‘O importante é que a nossa emoção sobreviva‘, além de sambas incríveis com João Nogueira e muitos outros músicos. Tem uma carreira de inúmeros clássicos e vários sucessos, uns interpretados pela notável Nana Caymmi ou pela imortal Elis, outros pela inesquecível Clara Nunes, como esse maravilhoso ‘Canto das Três Raças‘, emocionante poema sobre a mistura étnica e cultural que forjou nossa nação.
“A arte só oferece alternativas para quem não está preso aos
meios de comunicação de massa” (Umberto Eco)
“Quando os homens pararem de acreditar em Deus, isso não significará que eles não acreditam em nada, mas que eles acreditam em tudo”
“Populismo midiático significa apelar diretamente à população por meio da mídia. Um político que domina bem o uso da mídia pode moldar os temas políticos fora do parlamento e até eliminar a mediação do parlamento”
“Os livros não foram feitos para serem acreditados, mas para que os questionemos. Quando lemos um livro, devemos perguntar a nós próprios não o que diz, mas o que significa”
“A internet não seleciona a informação. Ainda é um mundo selvagem e perigoso. Tudo surge lá sem hierarquia. A imensa quantidade de coisas que circula é pior que a falta de informação. O excesso de informação provoca a amnésia. Informação demais faz mal. Quando não lembramos o que aprendemos, ficamos parecidos com animais. Conhecer é cortar, é selecionar”
Pra não dizer que só falei de MPB e pra terminar esse papo reto contra os balcões de negócio da mídia e seus jabás, nada melhor do que citar os Racionais Mc’s, um exemplo de integridade artística. A banda conseguiu popularidade e influência sem jamais se vender ou barganhar execuções em rádio e tv. Um rap deles, Vida Loka, foi regravado pelo Viegas, um jovem artista de Guaianases, sem acompanhamento instrumental, apenas ao som de vocalizações. Curte aí:
Pilulas Contemporâneas é uma bela iniciativa dos excelentes escritores Daniel Lopes e Marcia Barbieri (do Coletivo Púcaro), de quem falarei com mais profundidade em próximos posts. Eles mesmos comentam:
“Outro dia, arrumando os livros, percebemos que temos mais de oitenta livros de autores contemporâneos na estante. Gente que publicou por conta própria, por editoras como Patuá, Confraria do Vento, Penalux, ou Terracota. Livros bons. Decidimos então fazer alguns vídeos comentando tais livros. São vídeos pequenos, verdadeiras pílulas, falando do mistério da escrita. Espero que gostem, curtam, compartilhem, apropriem-se.”
Eu já gostei, curti e compartilhei.
Parabéns aos dois, por esse trabalho de divulgação dos novos escritores.
Podem contar com o apoio desse blog.
Semana que vem tem mais. Até lá!
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