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Retratos e relatos do cotidiano

Roupa de marca ou passagem aérea?

O dinheiro não está sobrando, mas a gente ainda pode escolher com o que sonhar.

Por Ruth Manus
Atualização:

 

 

Nunca pesquisei preço de Rolex. Mas vivo pesquisando preço de passagem para o Marrocos.

 

Não sei o quão confortável é o banco de uma BMW. Mas sei o quão desconfortável são as poltronas nas viagens longas de ônibus e de avião. E o quanto elas valem a pena.

 

Não sei diferenciar Hermès de Cartier. Mas sei diferenciar imagens de Lima de imagens de Bogotá.

 

Nunca me frustrei por não ter dinheiro para não comprar as joias da vitrine da H. Stern, mas sempre me frustro olhando para as vitrines das agências de viagens.

 

Não tenho sapatos Louboutin, mas tenho botas marrons resistentes à chuva, às trilhas e à neve.

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Não sonho com uma Land Rover, mas sonho com longas tardes de verão no Central Park.

 

Nunca tive uma Louis Vuitton, mas já estive em Porto de Galinhas e não tenho dúvidas de qual dos dois me traz mais alegria.

 

Não sonho com um Jaguar, mas sonho com o Taj Mahal.

 

Não sonho com uma Ferrari, mas sonho com as noites de Macau.

 

Nunca cogitei saber os preços do Ritz. Mas conheço os endereços de Paris para comer bem pagando pouco.

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Não tenho casacos da Burberry, mas tenho fotos lindas em Florianópolis enfeitando meus porta retratos.

 

Não me imagino desfilando em uma Harley-Davidson, mas me imagino facilmente desfilando nas palafitas da Polinésia Francesa.

 

Nunca procurei descobrir onde se compra Châteauneuf-du-pape pelo melhor preço, mas sei buscar promoções de passagens aéreas como poucos.

 

Nunca pesquisei a potência de um motor de Mercedes. Mas já pesquisei sobre os riscos de ser sequestrada nas estradas da Colômbia.

 

Não tenho jóias que justifiquem qualquer preocupação. Mas vivo preocupada com as milhas que vão expirar.

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Nunca servi foie gras para os amigos que vem aqui em casa. Mas sempre tenho boas histórias para contar sobre a última viagem. Seja para o Guarujá ou para Buenos Aires.

 

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Não tenho um belo armário, cheio de peças valiosas. Mas tenho memórias de vento na cara, de dias longos, de sabores novos, de embarques e de desembarques.

 

Não tenho planos de comprar um carro bonito, nem sonhos de comprar um carro caro. Mas tenho mil roteiros imaginários- praias, campos e metrópoles- que talvez um dia se concretizem. Ou não. Ainda assim, prefiro sonhar com eles do que com relógios bonitos. Escolhas.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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