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Retratos e relatos do cotidiano

Querido 2015, prometo não encher seu saco

Desde que você se comporte minimamente bem.

Por Ruth Manus
Atualização:

Não sou dessas pessoas que ficam pedindo muita coisa para o ano que acaba de entrar.

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Ouço um monte de gente enchendo o saco do ano que mal chegou. Pedindo coisas lindas, realização de sonhos, muito dinheiro. "2015, me supreenda". Blá blá blá.

Fico me imaginando se eu fosse o ano. Mal cheguei e já me pediram um milhão de coisas que não faço a menor ideia e a menor questão de realizar. Eu, se fosse 2015, já estaria puto da vida. Algo como se eu entrasse na casa de um amigo para visitá-lo e ele pedisse afetuosamente que eu passasse aspirador, limpasse a coifa, instalasse o varal novo e fizesse sala para sua sogra.

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Tá doido, nem cheguei ainda, dá um tempo.

Olha só, 2015, não vou te pedir muita coisa não. Mas antes, já aviso, vou te esperar toda linda. Sorrisão no rosto, raízes do cabelo retocadas, disposta a trabalhar como venho trabalhando, a me jogar como venho me jogando e a gostar de você mesmo sem saber nada a seu respeito.

A única coisa que te peço é um pouquinho de sorte.

Quando falo de sorte, não estou falando nos números da mega da virada, nem do sorteio do carro na promoção do shopping (eu adoraria ganhar, apesar de não ter colocados meus papeizinhos na urna), nem de descobrir que aquela prima do meu avô que não teve filhos deixou o apartamento da Rua dos Ingleses para mim. Não.

Sorte, nos dias atuais é outra coisa. Sorte é escapar ileso desses riscos incessantes de viver. Sorte, nessa altura do campeonato, é pelo menos não descobrir algumas coisas bem lazarentas no ano que se inicia.

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Te peço, 2015, sorte para:

Não descobrir que sou intolerante a glúten, lactose, levedura ou maria-mole;

Não descobrir que a balança do meu banheiro está, há 2 anos, marcando 3 quilos a menos do que o correto;

Não descobrir que a atual do meu ex ou que a ex do meu atual está podendo usar legging branco para malhar (não que eu ache legal, só não quero que as coxas delas permitam);

Não descobrir que empresa onde trabalho vai se mudar para moderníssimas instalações em Alphaville ou Taboão da Serra;

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Não descobrir que aquela pinta nova no canto da minha boca, mais sexy que a da Cindy Crawford, é, na verdade, câncer de pele;

Não descobrir que se mudou para cima do meu apartamento um dançarina de sapateado, com seus 4 adoráveis filhos e 3 cachorros fofos;

Não descobrir que meu desodorante preferido saiu de linha porque eu era a única que achava bom;

Não descobrir que meus pais resolveram se divorciar depois dos sessenta;

Não descobrir que aquela bolachinha integral e orgânica delícia que eu descobri tem, nada mais nada menos, do que 8,5g de gordura por porção;

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Não descobrir que eu ou um dos meus familiares foi acometido por umas das doenças que autoriza o levantamento do FGTS;

Não descobrir que a porcaria do meu canino inferior direito entortou outra vez.

Obrigada desde já, 2015 amigo.

Seja muito bem vindo, estamos aqui no seu aguardo.

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