Tem gente que se choca com casal gay se beijando.
Eu me choco com outras coisas. As calorias da paçoquinha, o preço do metrô, a velocidade com a qual a bateria do meu celular acaba.
Mas uma coisa que me choca muito mesmo é discurso arcaico, fora de época, retrô (ou vintage, para ser cool). E me choco ainda mais, como bem disse Gregorio Duvivier, com falta de serhumanidade.
É até difícil argumentar quando o discurso é tão nonsense. Aparelho excretor, enfrentamento de minorias, vergonha na cara, Vaticano, Avenida Paulista, vovô, problemas. Só faltou jogar confete e serpentina e tocar Whisky a go-go.
Simplesmente não consigo entender como a alguém se sente ameaçado por um casal feliz passeando na Paulista de mãos dadas. Mas as pessoas são realmente estranhas. Eu, por exemplo, me sinto profundamente incomodada com molho de tomate que respinga no bigode quando se come spaghetti.
Tem gente que diz "não ligo para os gays, só não quero que eles se beijem na frente dos meus filhos". Eu ainda não tenho filhos. Mas quero que eles cresçam vendo gays se beijando pra caramba. Se tiver um beijaço LGBT, melhor ainda. Quero que eles cresçam encantados pelo amor, em todas suas formas.
Tenho medo é de ter filhos que ouçam esse tipo de coisa. Tenho medo é de ter filhos que convivam com gente pobre de espírito e inconsequente nas palavras. Ou pior, que achem que o natural é ser assim, troglodita. Isso sim, é uma ameça na minha cabeça.
É verdade, não vamos negar, que dois aparelhos reprodutores do mesmo sexo ainda não conseguem gerar um filho.
Mas poxa, Levy, você não entendeu nada.
Não estamos falando de biologia, de genética. Estamos falando de gente. E uma coisa te garanto: duas pessoas do mesmo sexo reproduzem coisa mais importante do que filhos. Reproduzem amor.Mas acho que disso o senhor não entende mesmo.
Bons tempos em que só falávamos em aerotrem.
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