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Retratos e relatos do cotidiano

Oi ex, como vai?

Há tempos não nos falamos.

Por Ruth Manus
Atualização:

Oi ex,

hoje não venho com palavras de ódio, nem te culpar por nenhum episódio, tampouco me colocar em cima de um pódio.

Sim, houve um tempo. Tempo em que desejei cascas de banana na sua calçada, um bicho gordo na sua goiaba, 28 pedágios na sua estrada.

Também não vim te acusar, nem te mandar se lascar, muito menos te pedir pra voltar.

A mágoa foi inevitável, mas se história é imutável, talvez tenhamos que pensar num caminho alternativo viável.

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Vim perguntar se você está bem, se continua tendo sonhos do além, se contou dos seus medos para mais alguém.

Se seu pai largou o cigarro, se você conseguiu trocar de carro, se houve algo entre a gente que não tenha ficado claro.

Vim dizer que lembrei de você. Porque finalmente comi cordeiro, porque ri conversando com meu porteiro, porque nosso verão foram anos inteiros.

Vim com bandeira branca, sem qualquer indício de cobrança, apenas me divertindo com algumas lembranças.

Vim te contar que encontrei aquela nossa conhecida, a que foi morar em Aparecida, e que ela tá com a bunda super caída.

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Vim contar que vi seu colega de trabalho, que ele tá meio grisalho, mas que ainda dá pra quebrar algum galho.

Vim falar de coisas que ninguém mais entenderia, que achei as fotos daquela viagem para a Bahia e que finalmente tem açaí aqui na minha padaria.

Não vim criticar sua nova paquera, nem retomar aquele clima de guerra, nem dizer qualquer coisa que não seja sincera.

Vim te dizer que está tudo ok, que eu tive uma doença, mas sarei,  e que aquele meu vizinho, de fato, é gay.

Não vim te propor uma bela amizade, um sorvete no fim da tarde e nem um fim de história marcado por vaidade.

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Vim pra te desejar alguma sorte, vim porque já voltei a ser forte e porque sei que memória não respeita pena de morte.

Vim te deixar um abraço, porque te querer bem é o melhor que eu faço e porque, afinal, já chega desse cansaço.

Vim te dizer para ficar em paz, para respeitarmos o que deixamos para trás e para propor, enfim, que a gente não se queira mal, apenas não se queira mais.

 

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