Nossa mulher positiva é Rebecca Montanheiro, fundadora e presidente do Instituto Melanoma Brasil. Há seis anos, Rebecca nunca tinha ouvido falar de melanoma, tipo de câncer de pele mais letal e agressivo que existe, até ser diagnosticada com a doença. Após buscar informações sobre a doença na internet, sem encontrar um espaço voltado a pacientes e com uma linguagem mais apropriada, transformou sua angustia em luta e decidiu fazer alguma coisa. Após seu tratamento e recuperação, fundou a ONG e desde então está empenhada em levar apoio aos pacientes, seus familiares e a população em geral com informações sobre a doença e prevenção. Confira a entrevista a seguir.
1. Como começou a ONG?
Nós nunca acreditamos que o câncer pode chegar tão perto, principalmente quando se é jovem. Mas para minha surpresa, recebi aos 30 anos o diagnóstico de melanoma, o câncer de pele mais agressivo e letal que existe, e eu não sabia o que era. Minha indignação por desconhecer a doença e seus riscos me fez pensar, durante o período em que fiquei afastada me recuperando das cirurgias, em como eu poderia ajudar outras pessoas em situação semelhante. O que eu, como Relações Públicas por formação, poderia fazer para falar ao mundo que esse câncer é perigoso e que pode ser prevenido. Além disso, eu queria saber se estava sozinha nessa luta ou se havia outras pessoas vivenciando a mesma coisa. Eu queria conhece-las. Fui privilegiada com um diagnóstico precoce da doença, ou seja, descobri em tempo de retirar a lesão e não ter metástases pelo corpo. Eu queria agradecer ajudando. Foi assim que nasceu o desejo de iniciar um trabalho voluntário. Comecei com uma fanpage do Facebook,que cresceu e se tornou o que hoje é o Instituto Melanoma Brasil, uma ONG que atua na divulgação e conscientização sobre o melanoma, promovendo a educação sobre a importância do autocuidado, da prevenção e do diagnóstico precoce para toda a população. Além de promover ações de comunicação, o Instituto também acolhe, incentiva o relacionamento e troca de experiências entre pacientes diagnosticados com a doença e os apoia em sua jornada contra o melanoma.
2. Como é formatado o modelo de negócios do Instituto Melanoma Brasil?
Tudo começou há quatro anos, quando conheci, por meio da internet, um grupo incrível de mulheres, todas pacientes de melanoma que hoje formam a diretoria do Instituto e trabalham comigo em campanhas de prevenção, eventos e apoio aos pacientes. Nossa pequena estrutura atua em todo o Brasil, em grande parte de forma digital, levando informação de qualidade e em linguagem acessível a todos, buscando contribuir para a prevenção, conhecimento e diagnóstico precoce. Realizamos também atividades presenciais nas universidades, empresas e ainda encontros com pacientes e familiares. Anualmente o instituto realiza uma campanha com temática específica para um público-alvo, com início em maio, mês internacional de combate ao melanoma. Este ano, nosso foco está no trabalhador que desenvolve suas atividades ocupacionais exposto ao sol.
3. Qual foi o momento mais difícil na condução da ONG?
Conduzir uma instituição de pacientes não é nada fácil. Lidamos com a doença diariamente, com a dificuldade de acesso a tratamentos e com a morte. Perder pacientes, que estão lutando contra a doença, é sempre o momento mais sofrido para todas nós.
4. Como você consegue equilibrar sua vida pessoal, profissional e com a ONG?
Costumo dizer que minha rotina é feita de três turnos diários. Tento equilibrar o dia para cumprir todas as minhas obrigações na empresa em que trabalho, conciliar as atividades, projetos e compromissos do instituto e ainda cuidar da casa, me exercitar e descansar. Não é tarefa fácil e nem sempre tudo sai tão redondinho. Mas a satisfação e realização pessoal que os trabalhos da ONG me trazem, valem todo o sacrifício. Sou muito grata pela oportunidade que tive de recomeçar após o diagnóstico e com a cura. Poder ajudar é um prazer!
5. Qual seu maior sonho?
Contribuir para que a voz do paciente seja ouvida pelos nossos governantes, fazendo com que os tratamentos adequados para melanoma, que trarão aos pacientes uma maior sobrevida e qualidade de vida, estejam acessíveis pelo Sistema Único de Saúde (SUS). E ainda, sonho em ver nos postos de saúde o protetor solar disponível a todo cidadão que necessitar, assim como hoje já é feito com a camisinha e o anticoncepcional.
6. Qual sua maior conquista?
Ter superado a doença com coragem e ousadia, transformando a dor e sofrimento em um projeto para ajudar outras pessoas.
7. Livro, filme e mulher que admira.
Rebecca Montanheiro: Livro: A Coragem de ser Imperfeito - Brené Brown
Filme: Antes de partir
Mulher que admiro: Zilda Arns