PUBLICIDADE

Foto do(a) blog

Debate sobre o universo feminino

Mulheres Positivas: Luciana Seabra

Por Mulheres Positivas
Atualização:

Nossa Mulher Positiva é Luciana Seabra, a maior especialista em fundos de investimento do País. Luciana é jornalista, mestre em Economia, sócia da publicadora de conteúdos financeiros Empiricus e detentora do CFP®, certificado internacional de planejamento financeiro. Atuando em um universo majoritariamente masculino, Luciana revela como se destacou no mercado financeiro e conquistou a confiança dos gestores mais renomados do Brasil.

PUBLICIDADE

1. Como começou a sua carreira?

Eu me formei em jornalismo e comecei em veículos de comunicação tradicionais, como Rádio CBN e Valor Econômico. A Economia sempre me encantou e acabei cursando um mestrado na área e me especializando em um tipo específico de investimento: os fundos.

Logo defini meu propósito profissional: ter amplo alcance e impacto com ideais de investimento. Queria que um médico, uma dentista ou qualquer profissional liberal, que é leigo em finanças, pudesse investir bem.

Em 2016, fui chamada para lançar na Empiricus a primeira publicação dedicada a indicação de fundos voltada ao investidor pessoa física do Brasil. Achei um mega desafio, mas vi uma similaridade de propósitos e topei, com uma boa dose de medo de dar errado, confesso. Ao fim de 2017 a publicação já tinha 30 mil assinantes e fui convidada para ser sócia.

Publicidade

 Foto: Estadão

2. Como é formatado o modelo de negócios da Empiricus?

A Empiricus é uma publicadora de conteúdos financeiros que leva ideias de investimentos para a pessoa física. O leitor paga pela assinatura e nosso objetivo é avaliar as opções de investimento disponíveis no mercado e ensiná-lo os meios para fazê-lo. Assim, ele tende a ganhar dinheiro no mercado e renovar a assinatura para continuar acompanhando as sugestões de entrada e saída.

Minha principal função hoje é cuidar de uma série de publicações, podcasts, cursos e eventos dedicados a fundos, que considero um excelente produto para um investidor que não quer perder tempo acompanhando o mercado financeiro, mas não abre mão de retorno.

Para que as assinaturas sejam acessíveis - algumas custam menos de R$ 10 - é preciso ter escala. Só assim para manter uma equipe de avaliação de investimentos de alto nível. É por isso que dedicamos bastante investimento a marketing. E tem funcionado bem, felizmente.

A Empiricus tem hoje 330 mil assinantes que pagam para ler o conteúdo voltado a investimentos, além de mais de 1 milhão de pessoas que leem o material gratuito.

Publicidade

3. Qual foi o momento mais difícil da sua carreira?

CONTiNUA APÓS PUBLICIDADE

Com certeza quando entrei na Empiricus. Meu desafio era falar para milhares de pessoas quais fundos eram bons e quais eram ruins, com base em avaliações quantitativas e qualitativas. Esse mercado tem muitos produtos caros e com retornos pífios e fazia parte do meu trabalho criticá-los para milhares de pessoas todos os dias, citando seus nomes (assim como apontava as melhores alternativas).

A primeira reação do mercado foi bastante negativa. Onde eu ia ouvia que alguém ia me processar. Eu virava noites refazendo meus estudos, me reunia com alocadores de fortunas para comparar minhas opiniões com as deles e ter certeza de que eu não estava fazendo nenhuma besteira. A primeira vez que uma queixa judicial chegou à minha mesa, quase desmaiei. Ganhamos, felizmente.

Uma hora o mercado cansou de tentar nos derrubar, entendeu meu papel e hoje felizmente sou muito bem recebida na maior parte das instituições financeiras, de pequenas a grandes. Ninguém mais tem coragem de me mostrar produto sacana com o investidor, só me procura quando tem algo bom. E isso ajuda muito no meu trabalho.

4. Como você consegue equilibrar sua vida pessoal x vida corporativa/empreendedora?

Publicidade

O equilíbrio é uma busca diária, na verdade, e ainda não posso dizer que já consegui conquistá-lo. O trabalho ocupa um espaço bastante relevante do meu tempo e enfrento o desafio, mesmo dentro dele, de equilibrar funções do dia a dia - amo escrever as publicações, fazer reuniões com os gestores de fundos, cuidar do contato com o assinante - com funções mais executivas. Nada me entedia mais do que uma reunião dedicada a decisões burocráticas, mas às vezes elas são necessárias.

Na vida pessoal, tento cada vez mais preservar os fins de semana para curtir minha família (ainda que o filhote até o momento seja apenas um lindo staffordshire) e tirei recentemente do mundo dos sonhos o plano de estudar flauta transversal.

5. Qual seu maior sonho?

O meu sonho de infância já realizei, que era uma viagem ao Egito, para ver as pirâmides de perto. Agora sinto que vou me sentir realmente realizada quando encontrar o equilíbrio total entre vida pessoal e profissional. Amo trabalhar e isso me consome muito, mas também sou plena viajando.

Ainda quero conhecer o mundo todo e colecionar momentos em que estou lendo um bom livro, frente uma bela paisagem, de preferência bem exótica, ao lado de quem eu amo - mas sabendo que um trabalho em que me sinto realizada e em que produzo impacto positivo me aguarda.

Publicidade

6. Qual sua maior conquista?

Ter mudado a vida financeira de milhares de pessoas. Bom, pelo menos muitas pessoas me escrevem para dizer que eu o fiz, espero que seja verdade! Não acabei com a fome de ninguém, não salvei ninguém da guerra e ajudar alguém a ganhar dinheiro com investimentos parece para alguns algo menos nobre. Mas a verdade, pode parecer piegas, é que investir bem está associado a realizar sonhos: uma viagem pra Disney com os filhos, um mochilão, um carro de luxo, uma casa, uma aposentadoria legal...

Eu me sinto extremamente realizada quando vejo alguém trocando um fundo caro por um barato, se preparando direito para a velhice, montando uma reserva de emergência que vai fazê-lo dormir mais tranquilo ou uma gestora reduzindo as taxas de administração a partir de um incentivo meu (e dos investidores que me seguem e vão colocar dinheiro lá, claro!).

7. Livro, filme e mulher que admira. 

Uma mulher que admiro é Leda Braga, a discreta carioca que é CEO da Systematica Investimentos, um dos maiores hedge funds do mundo, um tipo de fundo com bastante liberdade para investir em diferentes ativos. Além de ter se destacado no mercado financeiro, ela é responsável por um produto quantitativo, ou seja, que opera com base em algoritmos, quebrando todos os paradigmas sobre ambientes predominantemente masculinos. Ela foi a primeira mulher a aparecer na lista dos gestores mais ricos do mundo. E, repito, é uma brasileira!

Publicidade

Na literatura, sou uma grande fã do Mario Benedetti, escritor uruguaio, especialmente do livro "A Trégua". A literatura me ajuda muito a buscar imagens para conversar com os investidores de forma coloquial, sem me perder nos jargões do mundo dos investimentos. Nas finanças, gosto muito de Dan Ariely, que ajuda a entender nossos vieses quando nos relacionamos com dinheiro. E que tem uma história de vida impressionante. Dele, meu preferido é "A mais pura verdade sobre a desonestidade". Meu filme favorito muda com frequência, mas hoje é "Um Conto Chinês".

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.