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Debate sobre o universo feminino

Mulheres Positivas: Liliane Rocha

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Por Mulheres Positivas
Atualização:

Nossa Mulher Positiva é Liliane Rocha, CEO e Fundadora da Gestão Kairós, consultoria em Sustentabilidade e Diversidade, membro do grupo CEO Legacy pela Fundação Dom Cabral.  Autora do livro "Como ser um líder Inclusivo" e premiada com o 101 Top Global Diversity and Inclusion Leaders. Seu engajamento na sociedade é trazer o equilíbrio sustentável nas organizações.

 

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1. Como começou a sua carreira? 

Em 2003 comecei minha graduação em Relações Públicas na faculdade Cásper Líbero. Demorei um pouco para me decidir, mas depois de avaliar as grades dos cursos optei por aquela que tinha matérias mais semelhantes aos meus interesses gerais que eram Sociologia, Psicologia, Antropologia da Comunicação. Como todos da minha turma, meu objetivo central era iniciar um estágio na área em alguma grande empresa. Assim comecei a participar de processos seletivos em todos os programas de estágio existentes à época.

Em 2005 participei de um processo seletivo para área de comunicação externa de uma grande empresa de eletrônicos. Passei por todas as etapas e ao final do processo tive uma surpresa já que identificaram que eu tinha o perfil mais adequado para a área de Sustentabilidade que coincidentemente também estava com uma vaga aberta. E me perguntaram se tinha interesse pela vaga. Pensei: Sustentabilidade? Grandes empresas estão pagando profissionais para trabalhar com isso?

A dúvida surgiu porque eu sendo oriunda de uma família de origem humilde, e ter tido a possibilidade de estudar e entrar na faculdade para mim já era uma vitória, e por sempre ter sido engajada em temáticas sociais e tralhando em atividades voluntárias de organizações sociais e grupos de jovens, pensei que aquela seria uma grande oportunidade.

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Também tinha bastante clareza na época do que era responsabilidade social, e quase sempre focava essa temática nos meus trabalhos de faculdade. No entanto, em 2005, apesar do tema de sustentabilidade já estar em alta nas empresas brasileiras de destaque, era pouco abordado metodologicamente, com perspectiva integrada de preservação ambiental, inclusão social e perenidade econômica.

Achei demais. Lembro de ter perguntado se a empresa realmente iria me pagar para trabalhar com sustentabilidade? Tonar o mundo melhor? Fazer diferença? Até hoje quando conto me arrepio. Porque ali estava começando a minha jornada profissional em sustentabilidade e diversidade, de forma natural, sem que eu sequer tivesse planejado isso.

 

2. Como é formatado o modelo de negócios do (incluir aqui o nome do seu negócio)? 

Depois de 10 anos trabalhando em grandes empresas, tendo passado pelo setor de eletrônicos, bancário, varejista e de mineração, ascendendo até uma posição de gestora América Latina, Brasil, Peru e Colômbia, com reporte anual direto para os CEO's, notei que esta etapa da minha vida estava prestes a se concluir.

Eu ainda não sabia quais caminhos queria percorrer. Mas estava segura de que novos formatos me seriam atraentes. Então, no final de 2014 sai da empresa na qual estava, e ao longo do primeiro semestre de 2015 comecei a prestar consultorias pontuais, como profissional autônoma para consultorias já estabelecidas no mercado, em diálogo com grandes empresas.

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Já neste período comecei a estruturar a Gestão Kairós, consultoria de Sustentabilidade e Diversidade, da qual sou CEO e Fundadora. O que fazemos é atuar junto a grandes empresas que estão na vanguarda da discussão e implementação de ações de sustentabilidade (ambiental e social) e diversidade e ajudar na estruturação da área, no planejamento estratégico, construção de indicadores e implementação (mão na massa) das ações propostas para atingir os resultados esperados. No formato atual, temos contato diretamente com CEOs e C-Level, mas também fazemos questão de continuar em contato com todos os colaboradores, em todos os níveis, inclusive na operação.

Como nossos clientes estão presentes em território nacional, estamos em todo o país. E já chegamos a ter clientes da América Latina, em particular Argentina. Focamos essencialmente na construção da estratégia e sua viabilização.

 

3. Qual foi o momento mais difícil da sua carreira? 

Caminhos difíceis e de superação ao longo da minha jornada foram muitos. Mas sou grata por todos eles já que me fizeram crescer e me tornar uma pessoa e uma profissional melhor.

Acho que tive um momento bastante desafiador quando entrei na primeira empresa, em 2005, pois apesar da minha gestora ser incrível, da empresa já trabalhar com diversidade e de ser uma referência para mim em vários pontos, alguns aspectos me marcaram, principalmente a dificuldade que eu tinha de me encaixar naquela realidade, já que tinha entrado em uma grande empresa, onde notavelmente grande parte das pessoas estavaem uma classe social acima da minha, portanto, traziam um repertório, hábitos e vivências totalmente diferentes dos meus, isso foi um choque!

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Durante as conversas entre os colegas quando eram mencionadas marcas de roupas, restaurantes e viagens, todos sabiam do que se tratava, mas eu não tinha a menor referência daquele mundo retratado, afinal nunca tinha colocado o pé fora do Brasil.

Além disso, o fato de ser negra - até então naturalizado para mim - já que vinha de uma família de negros, estudei em escolas públicas com colegas negras e na faculdade com alguns colegas negros. Eu era a única negra naquela empresa. Não tinha um único referencial de executivo da minha etnia que pudesse se tornar um modelo para mim. Mesmo mulheres executivas eram poucas, mas em contrapartida lembro de ter tido muito acolhimento das minhas gestoras na época.

E um dia pensei "bem algum assunto em comum eu tenho com essas pessoas, afinal, estamos na mesma empresa. E isso, por si só já é um assunto, vivência, um tema a ser partilhado". Esse foi o momento da minha virada, já que dali para a frente ficou mais fácil me sentir parte daquele universo, porque eu sempre focava e direcionava as conversas genéricas para o nosso contexto comum.

 

4. Como você consegue equilibrar sua vida pessoal x vida corporativa/empreendedora? 

Entendo que saúde e bem-estar são essenciais para qualquer pessoa. Esses dias alguém me perguntou "você dorme?". Respondi "Durmo sim". E dei risada, porque quem me conhece sabe que amo dormir. Preservo como Leoa o meu direito as oito horas de sono por dia. Sempre que possível faço academia, terapias e processos holísticos faço vários, porque reconheço a importância do autocuidado. Também não abro mão de estar com família e amigos, sair e dançar.

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Quem é empreendedor sabe que trabalhamos muito, certamente nos horários mais improvisados, por vezes espremidos por demandas dos clientes. Certamente a demanda do empreendedor em si é maior do que a do profissional de uma empresa. Mas entendo que a grande vantagem é sermos mais "donas" da nossa agenda, dos nossos horários. Com um pouco de disciplina, seja possível realizar atividades fundamentais para nosso bem-estar. Ou até quem sabe fazer uma compensação quase imediata após momentos de muita pressão.

 

5. Qual seu maior sonho? 

Mudar o mundo! Pode parecer megalomaníaco para quem ouve isso, mas eu gostaria muito de ter uma ideia na área social e de diversidade que fizesse o mundo mudar mais rápido e em escala. Fico triste e impactada com as desigualdades e diferenças sociais no Brasil, com o fato de naturalizarmos que algumas pessoas vivam completamente à margem de diretos básicos em pleno Século XXI. Fico ainda mais triste quando noto que os grupos mais vulneráveis são mulheres, negros, LGBT+, pessoas com deficiência. A pobreza no Brasil tem cara, cor, gênero. E isso é muito triste!

No trabalho da consultoria mudamos o mundo aos poucos juntamente com outros empresários que têm esse propósito de melhorar a vida das pessoas em fazer mais pela sociedade. E que entendem o reflexo dessas atividades no retorno financeiro para seus negócios.

Meu sonho é ter uma ideia que realmente mude tudo. Que assegure igualdade de oportunidades, uma sociedade na qual 100% da população tenha seus direitos atendidos. Onde ninguém passe fome, ninguém sofra violência por ser quem é.

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6. Qual sua maior conquista? 

Com certeza a Gestão Kairós. No campo profissional é a minha maior conquista. Ter uma empresa que está há cinco anos no mercado, com nome consolidado, trabalhando junto a grandes empresas, gerando renda aos diversos consultores que trabalham conosco e realizando um trabalho que - mesmo que aos poucos - muda o mundo, é um feito e tanto! Uma realização, algo que me deixa muito feliz!

 

7. Livro, filme e mulher que admira. 

Livro: Comer, rezar e amar

Filme: Ensaio sobre a cegueira

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Mulher: Michele Obama

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