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Debate sobre o universo feminino

Mulheres Positivas: Deborah Alves

A paulistana Deborah Alves, 25 anos, é formada em Ciência da Computação e Matemática pela Harvard. Foi engenheira de software na Quora, no Vale do Silício, e cofundadora da BRASA - Brazilian Student Association, uma organização de estudantes brasileiros fora do Brasil com o intuito de empoderar gerações de líderes brasileiros. Hoje, atua como CTO da Cuidas.

Por Mulheres Positivas
Atualização:

Como começou a sua carreira?Deborah:Pra mim a base da minha carreira começou na minha infância e adolescência. Com 9 anos de idade eu peguei uma apostila de HTML da minha mãe e comecei a desenvolver sites. Cheguei a fazer alguns cursos e até a vender um template pra blog com uns 11 anos (por uns 15 reais), provavelmente minha primeira "experiência profissional". Depois disso, com uns 13 anos, acabei largando os sites pra focar em competições de matemática - que eu enxergo como uma experiência fundamental que me trouxe onde estou hoje. Foi onde eu descobri minha verdadeira paixão por exatas, tive a oportunidade de representar o Brasil em 7 competições internacionais e foi o principal motivo por eu ter aplicado e passado pra estudar em Harvard. Quando passei em Harvard, acabei deixando a matemática pura de lado e voltando às raízes da computação que tinha aprendido com 9 anos. A partir daí, na faculdade, tive mais aulas na área de computação, fiz diversos estágios, no Brasil e nos EUA, e fui construindo uma carreira que me trouxe até onde estou hoje, empreendendo.

 Foto: Estadão

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Como é formatado o modelo de negócios da Cuidas? 

Deborah: A Cuidas tem a proposta de conectar empresas com médicos de família para atendimentos no próprio local de trabalho. Através de planos mensais, a plataforma oferece maior otimização de tempo e custos mais baixos para as empresas clientes. Em seis meses no mercado e com NPS (Net Promoter Score) em 90 -- métrica que mede a satisfação e lealdade dos clientes com as empresas --, a Cuidas já conta com clientes de segmentos distintos, como a rede de padarias Benjamin, Tátil Design, FTCS - Sociedade de Advogados, Mandalah e Livework, atendendo, atualmente, mais de 300 vidas.

Qual foi o momento mais difícil da sua carreira?Deborah:O momento mais difícil foi o meu processo de decisão para voltar pro Brasil. Foi um processo intenso de autoconhecimento. Eu estava muito bem nos EUA, no emprego dos sonhos da maioria dos engenheiros - trabalhando como engenheira de software no Vale do Silício. E eu realmente amava meu trabalho, tinha muita autonomia, fazia o que gostava, amava a empresa e meus colegas de trabalho, e estava crescendo bem na empresa. Mas no fundo eu sabia que meu lugar era no Brasil, tanto por motivos pessoais pois sempre me identifiquei mais com o Brasil, quanto por ter um sonho de empreender no Brasil e gerar impacto no país. Então foi um processo difícil de tomar a decisão pra voltar, eu fui me convencendo aos poucos que era realmente a melhor decisão pra mim, mesmo não sendo do senso comum. Hoje eu tenho certeza que tomei a decisão certa e estou muito feliz trabalhando no Brasil.

Como você consegue equilibrar sua vida pessoal x vida corporativa/empreendedora?Deborah:Equilibrar vida pessoal e vida profissional é algo que depende tanto de nós mesmas quanto do ambiente de trabalho. É preciso saber - e poder - administrar o tempo de trabalho pra poder sobrar tempo pros interesses pessoais. Do lado individual, a chave é organização e priorização de tarefas. Quando você lidera uma empresa, muitas demandas surgem, e à primeira vista todas parecem urgentes mas não existe tempo pra fazer todas elas urgentemente. Então é preciso fazer um exercício de priorização e estimativa de tempo pra poder organizar a semana e saber planejar o que vai ser feito agora e o que vai ser feito depois. Não é algo simples de se fazer, principalmente em uma startup onde as coisas andam muito rápido, mas eu acho indispensável reservar um tempo da minha semana pra planejar as minhas tarefas da semana seguinte - separando também tempo pra demandas mais urgentes. Assim eu evito surpresas e consigo não trabalhar muitas horas por dia. Além disso, é importante que a empresa tenha uma cultura que preze pelo bem-estar do time, e que não faça isso só no papel. Não adianta falar que o equilíbrio é importante, e pedir pro funcionário entregar algo urgente pro dia seguinte toda hora, ou exigir que o funcionário trabalhe muitas horas por dia. E é importantíssimo liderar pelo exemplo também - se o chefe trabalha até 10 da noite, o subordinado vai achar que deve trabalhar até tarde também. Aqui na Cuidas nós prezamos pelo equilíbrio diariamente, muito raramente nós tivemos que trabalhar a noite ou em fins de semana, e encorajamos a todos focar também na vida pessoal também.

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Qual o seu maior sonho?Deborah:  Ser fundadora de uma empresa brasileira que tenha impacto positivo real na vida dos brasileiros e que seja um exemplo de sucesso de empresa brasileira internacionalmente.

 Foto: Estadão

Qual a sua maior conquista?Deborah: Eu acho muito difícil essa pergunta pois eu sou orgulhosa de muitas conquistas ao longo da minha vida, que são relevantes pro momento em que eu estava. Acho que minha primeira grande conquista foi representar o Brasil em competições internacionais de matemática, e essa me deu a oportunidade de atingir minhas grandes conquistas que vieram depois: ser aceita em Harvard, organizar conferências de relevância nacional, conseguir um trabalho como engenheira no Vale do Silício, e co-fundar minha própria startup de tecnologia.

Livro, filme e mulher que admira.Deborah: Livro: Meu livro preferido é o Ensaio sobre a cegueira, do Saramago. Eu acho esse livro muito forte, ele escancara o egoísmo do ser humano. É uma dose de realidade, apesar de ser numa situação surreal.

Filme: Difícil escolher um filme preferido de todos os tempos, mas dos que vi recentemente eu amei o Bohemian Rhapsody, do Queen. Sou apaixonada pela banda, fiquei encantada em saber mais sobre a história da banda e das músicas.

Mulher que admira: Eu tenho grande admiração pela Luiza Trajano, do Magazine Luiza. Ela não apenas é uma grande empreendedora de sucesso, mas também dá vários exemplos de responsabilidade social, principalmente relacionado a representatividade e direitos das mulheres. Também admiro muito a criação do Luiza Labs, a área de inovação do Magazine Luiza. É uma das poucas empresas grandes que eu vejo fomentando inovação de verdade, em vez de ser só no papel. Também admiro muito a Cristina Junqueira, do Nubank, e me inspiro muito nela como líder de uma startup de tecnologia que está revolucionando um mercado tradicional com um produto maravilhoso.

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 Foto: Estadão
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