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Debate sobre o universo feminino

Mulheres Positivas: Aline Silva

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Por Mulheres Positivas
Atualização:

A história da atleta paulista Aline Silva, 32 anos de São Paulo é marcada por batalhas dentro e fora do tatame. Ela começou no judô em 2002 e decidiu migrar para a luta olímpica, modalidade até então desconhecida no país, depois de conhecer o Centro Olímpico de São Paulo e passar a treinar lá.

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Foi uma sábia decisão, já que não demorou muito para os resultados começarem a aparecer. Apenas quatro anos depois, em 2006, Aline foi vice-campeã mundial júnior, um feito inédito para o país nesta modalidade. Em 2014, mais uma conquista: medalha de prata no mundial do Uzbequistão, o melhor resultado para a luta olímpica brasileira. Hoje, a atual vice-campeã mundial de luta olímpica e medalhista Pan-Americana compete defendendo o Sesi-SP e a Marinha do Brasil.

Para chegar diversas vezes ao pódio, Aline teve de vencer inúmeros desafios, principalmente os financeiros. Chegou a passar fome, trabalhou vendendo lanches na faculdade e até com o pé imobilizado, mas superou tudo isso graças ao apoio da mãe, Lídia, e à sua garra para mudar as situações adversas.

Confira como ela nocauteou outros obstáculos na entrevista a seguir.

 Foto: Estadão

1) Como o Centro Olímpico de São Paulo mudou a sua vida?

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O Centro olímpico mudou minha vida por me possibilitar conhecer a luta olímpica, o esporte que mudou minha trajetória e me fez chegar às Olimpíadas do Rio de 2016 com medalhas históricas para o Brasil nesta modalidade: uma prata no mundial júnior da Guatemala, em 2006, e outra prata no mundial sênior no Uzbequistão.

2) Como você chegou até o Centro Olímpico?

Foi o meu primeiro sensei (técnico) de judô que me levou pra treinar no Centro Olímpico com outro sensei, o Joanilson Rodrigues, que também dava treino de luta olímpica. Assim iniciei minha carreira e não parei mais. Se eu não tivesse conhecido essa modalidade lá no Centro, talvez hoje eu já nem estivesse mais no esporte. Não teria feito história para o Brasil com as minhas medalhas em mundiais, não teria conhecido mais de 30 países e aprendido a falar inglês. Provavelmente não teria me formado em Estética e Educação Física e não teria a oportunidade de mudar outras vidas por meio do meu projeto social, a Mempodera. Aquele começo no Centro significou tudo para mim, por mudar tudo na minha trajetória. Isso porque, por meio do esporte, aprendemos muitas coisas que servem para a vida, como disciplina, determinação e a lidar melhor com a vitória e a derrota.

 Foto: Estadão

3) Sua mãe Lídia teve um papel determinante em sua vida. Conte-nos um pouco sobre ela.

Minha mãe sempre foi meu exemplo. Ela me criou sozinha. Eu nunca a vi com amigos ou namorados. Só trabalhava e cuidava de mim. Foi ela quem fez eu me tornar quem sou hoje, sempre exigindo muito de mim e me motivando a ser uma pessoa melhor. Se hoje eu gosto de ler, é por ela, pois ela me motivou a estudar. Se hoje eu gosto de desafios, foi porque ela me incentivou a lutar e a batalhar. Eu sempre quis e decidi que seria alguém pela minha mãe, para provar que tudo que ela passou comigo e por mim não tinha sido em vão. Quando eu tinha 11 anos e sofri um coma alcoólico, todo mundo julgou minha mãe por não saber me criar, mas o que ninguém via é que ela era uma só. Ela não tinha escolha: ou trabalhava para trazer dinheiro para casa ou cuidava de mim. A sociedade é cruel e não perdoa as mulheres, que são sempre criticadas. Quando se trata do pai, ninguém nunca se lembra de apontar o dedo e, no meu caso, o meu nos abandonou quando eu tinha apenas 1 ano.

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4) Quais foram as maiores dificuldades que enfrentou durante sua vida?

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Eu enfrentei muitas dificuldades, principalmente a financeira, no início da minha carreira no esporte. Nessas horas, era preciso ter garra e perseverança para continuar insistindo no sonho. Para ajudar nas contas durante a faculdade, passava de sala em sala vendendo lanche natural, alfajor, toalhinha bordada e tudo mais que fosse possível. Trabalhei até como "faz tudo" em uma empresa de ofurô de um sensei de judô para pagar um camping de treinamento. Confesso que, na época, cheguei a ir ao emprego até com tala no pé por causa de um machucado adquirido no treino. Mas, como precisava do dinheiro, eu não podia deixar de ir.

Durante a minha carreira na luta olímpica, tive uma hérnia na coluna, hipertireoidismo e cheguei a passar fome. Mesmo assim, nunca desisti, pois me recusava a aceitar as coisas da maneira que são. Em geral, me esforço para mudar, me adaptar e lutar. Decidi que eu tinha que achar formas e estratégias para contornar aquela realidade ao invés de simplesmente aceitar e desistir.

 Foto: Estadão

5) Qual seu maior sonho?

Meu maior sonho é me tornar medalhista olímpica.

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6) Qual sua maior conquista?

Minha maior conquista é ter me tornado o ser humano que sou hoje.

7) Um livro, um filme e uma mulher que admira?

Um livro: Primo Basílio

Um filme: Cidade dos Anjos

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Uma mulher: minha mãe Lídia

8) Deseja deixar alguma mensagem final para as mulheres?

Todo atleta tem grandes histórias pra contar sobre sua trajetória e seu dia-a-dia no esporte. Comigo não é diferente. Comecei com o judô, mas não tinha dinheiro nem pra comprar o quimono. E, como toda história de sucesso, um anjo da guarda me ajudou: minha mãe Lídia, que sempre me apoiou, nas horas mais difíceis e nas vitórias.

São muitas histórias, de muito esforço, mas todas elas culminaram em uma só: me tornei referência na modalidade e fui vice-campeã mundial em 2014, até o hoje o melhor resultado do país na história da luta olímpica. Em 2016, realizei o sonho de disputar os Jogos Olímpicos de 2016, que foi ainda mais especial por competir em casa, no Rio. Por isso, agradeço muito a Deus por todo caminho que trilhei, principalmente pelas dificuldades, muito do que sou hoje devo a elas.

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