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Debate sobre o universo feminino

Mulheres Positivas: Adriana Bauer

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Por Mulheres Positivas
Atualização:

Nossa mulher positiva desta semana é uma executiva do mercado financeiro. Ambiente predominantemente masculino, tem mais de 20 anos de experiência em bancos como ItaúBBA e Citi (antigo Citibank) com passagem pela XP Investimentos. Acaba de assumir a Diretoria de Operações de uma fintech (startup de finanças), a Kavod Lending: Adriana Bauer.

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1. Você é um destaque no mercado financeiro, predominantemente masculino, tem mais de 20 anos de experiência em bancos como ItaúBBA e Citi (antigo Citibank), atuou recentemente na XP Investimentos e acabou de aceitar o convite para assumir a Diretoria de Operações de uma fintech (startup de finanças), a Kavod Lending. O que você espera desta nova empreitada?

Recebi o convite para fazer parte do time da Kavod Lending com muita alegria e motivação. Passo por um momento em que acredito ser a melhor fase na minha carreira, e é muito bom poder contribuir com meu conhecimento para uma empresa inovadora e pioneira no seu segmento.

Atuar no mercado financeiro foi sempre foi muito enriquecedor para minha carreira. Desenvolvi minha experiência em empresas nas quais sempre tive grandes oportunidades de aprendizado e crescimento profissional, atuando com colegas de trabalho de alto nível.

E hoje, com quase 20 anos de vivência neste setor, sabendo do grande potencial dos novos meios, acredito que a tecnologia contribuirá para a inovação no mercado financeiro em um caminho sem volta, com desenvolvimento contínuo, e fico feliz em fazer parte disso.

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É motivador atuar em uma fintech que tem como objetivo democratizar e tornar mais justas as taxas de investimento e financiamento no mercado brasileiro. Oferecer segurança e conveniência, com boa rentabilidade para quem investe e taxas competitivas para quem busca crédito, me dá ainda mais gás e vontade de acordar todos os dias com energias renovadas para entregar o meu melhor.

Não poderia deixar de comentar a importância de ter um equipe alinhada com a ética e transparência para que tudo flua naturalmente. Em ambientes assim, é possível extrair o melhor de cada um e gerar o melhor negócio para os clientes.

2. Como é trabalhar em um mercado tão machista quanto o financeiro, predominantemente masculino?

É preciso ser firme, a intensidade do trabalho requer nervos controlados, dependendo da negociação. Para isso, precisamos saber lidar com a volatilidade constantemente, como em momentos de crises nacionais e internacionais e influências políticas. É importante ter em mente que a evolução da tecnologia tende a gerar competições e desafios em grande escala.

Hoje tenho muito a agradecer aos meus gestores e pessoas que acreditaram em mim, que foram tão parceiras e me deram apoio. Neste meio, as discussões e os alinhamentos entre os profissionais muitas vezes são bastante intensas, pois buscamos as melhores formas de operar no mercado e atender aos clientes minimizando possíveis riscos. Assim, precisamos saber dialogar muito bem para não atrapalhar o objetivo do negócio.

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Por isso é importante conhecer o cenário que se vai enfrentar antes de tomar a decisão de estar nele. Tendo em mente que homens e mulheres lidam constantemente com desafios, e que nas empresas tratam de negócios e não de questões pessoais, é possível lidar com as discussões de forma prática e objetiva, visando o melhor resultado.

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Na Kavod Lending trabalho novamente em um ambiente masculino. Sempre tive uma relação extremamente direta e transparente com os sócios, também vindos de bancos, sem qualquer necessidade de sobreposição ou maior prova da minha capacidade ou engajamento.

Há sim muitos homens que ainda precisam aprender melhor a respeitar as pessoas, independentemente do gênero, no mercado como um todo, mas acredito que isto esteja mudando. Tive de me dedicar muito para conseguir ser reconhecida e respeitada, e tenho certeza que muitas mulheres entendem essa posição. Por isso desejo um mercado em que as oportunidades sejam iguais para todos.

Nunca enfrentei situação indigna nas empresas em que atuei, fosse pelo meu cargo, fosse por ser mulher. Entretanto, sempre fui bastante profissional e atenta à minha postura nas relações com as pessoas, dentro e fora do ambiente corporativo. Entender e respeitar as pessoas, suas ideias, opiniões e diferenças é uma obrigação de todos nós, algo que muito facilita as relações interpessoais.

E, sim, eu soube de mulheres que passaram por situações mais difíceis. Elas se fortaleceram e foram até o fim em suas ações para retomar a ordem nos ambientes e o respeito aos quais tinham direito, sendo exemplos de força e determinação em suas carreiras.

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3. Você teve líderes mulheres no mercado financeiro? De que forma elas te inspiraram?

Sim, foram inspiradoras e exemplos de mulheres fortes, dedicadas, comprometidas e muito inteligentes. Foi uma experiência muito enriquecedora no sentido de preparação e posicionamento em momentos de crise, para saber lidar com as situações de forma respeitosa e planejada.

Essas profissionais trabalhavam quantas horas achassem necessário para entregar o seu melhor, e tinham seus momentos para resolver questões pessoais importantes sempre que fosse preciso. Eram firmes, sérias e até bravas quando necessário, mas nem por isso deixavam de ser alegres, divertidas e femininas também.

4. Qual foi o momento mais difícil da sua vida?

Foi quando tomei a decisão de mudar de carreira. Sou formada em Ciência da Computação, área na qual atuei em diferentes bancos, e trabalhei também na Accenture em São Paulo e em outros estados. Eu gostava muito da área e da atividade, e já convivia muito com o gênero masculino no trabalho. Talvez até mais do que no mercado financeiro, em que atuo hoje.

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Quando tive uma proposta para migrar para a área de negócios corporativos de um dos bancos, sabia que se tratava de uma mudança bastante radical. Este momento me exigiu bastante cautela para entender melhor o meu papel e alinhar as entregas esperadas.

Para isso acontecer, fui buscar especializações. Conclui meu MBA em Gestão de Negócios, me aprofundei ainda mais nas operações financeiras, o que me permitiu atuar na Tesouraria e em áreas de empréstimos e financiamentos, com relação direta com grandes empresas, nacionais e multinacionais.

Hoje, não me arrependo de nada. Conhecer bem os dois lados do processo, a estruturação e operação dos negócios e a oferta final, com foco na entrega aos clientes, me fez ter uma visão ampla e completa das empresas. Isso também me ajudou muito a quebrar paradigmas, entendo os desafios dos dois lados e atuando mais ativamente nas soluções.

5. Qual o seu maior sonho?

Nunca deixar de acreditar que é possível. Lembro das minhas dúvidas em querer saber o melhor momento para tomar determinado caminho. Esse mercado, no qual atuo, nos faz pensar em muitas coisas sobre como a vida é e como deveria ser, e ainda continuo sonhando. Ao chegar lá na frente, só quero olhar para trás com uma verdadeira sensação de realização, em todos os sentidos.

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Assim, acredito, e muito, que para ser ter um sonho que contribua com sensações positivas é necessário realização intelectual, que é a consequência do desenvolvimento contínuo e entregas na carreira, além do constante aprimoramento dos conhecimentos que, sabidamente, nunca acabarão.

Além disso, considero muito importante também a minha realização pessoal, que se refere ao bem estar nas  relações, especialmente com familiares, que são mais que especiais - e o carinho só tende a se intensificar com o futuro crescimento da família - e amigos, tanto aqueles que trazemos sempre conosco, quanto os novos que fazemos ao longo do caminho.

6. Qual a sua maior conquista?

Sem dúvida alguma foi a construção da minha carreira. Assim como mencionei acima, foram escolhas e tomadas de decisão com acertos e erros com os quais aprendi muito e, sobretudo, relações de trabalho com as quais tanto me diverti e pessoas em que tanto me inspirei.7. Livro, filme e mulher que admira.

Filme: "Estrelas Além do Tempo". É um filme baseado em fatos reais que mostra claramente a dedicação e a enorme capacidade de três mulheres que, na década de 60, enfrentaram todos os preconceitos contra mulheres, e ainda contra afro-descendentes, e se provaram capazes de ir muito além do que se esperava delas, indo além daqueles que tanto as menosprezavam.

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Mulher: é algo pessoal demais, a minha mãe é uma das mulheres que muito me inspiram. A garra, a coragem e energia que ela tem até hoje, após recentemente completar 77 anos (em 12 de outubro), sempre foram exemplos e incentivos que me deram força e coragem para tudo.

Tudo o que ela fez, incluindo suas duas formações acadêmicas em uma época em que o país passava por momentos tão difíceis e tudo o que desenvolveu em sua carreira, também em uma época em que o mercado todo era mais machista ainda, a geração e criação excepcional das filhas (tenho duas irmãs), e a constante atualização e evolução que busca nos tempos atuais (ela é super tecnológica e high tech), só me inspiram a nunca parar ou desistir de nada.

Quando se observa desde cedo um exemplo de dignidade, repleta de bom senso e uma vontade genuína na vida, não se consegue ser diferente disso ou deixar de, ao menos, se motivar para conseguir fazer a sua parte na história.

 

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