Nos últimos dias, li algumas notícias relacionadas às mudanças que a pandemia provocou no mundo que me fizeram refletir como ela ainda vai interferir no relacionamento com a nossa casa a longo prazo. As duas dizem respeito ao audiovisual: uma relacionada ao cinema e outro às empresas de televisão a cabo.
(ANELISA LOPES ESCREVE SEMPRE ÀS TERÇAS. ACOMPANHE SEU PERFIL NO INSTAGRAM: @anelisalopes)
Não há dúvidas de que o isolamento social mudou de forma significativa nossa relação com o lar: repaginamos, reformamos, mudamos de casa, trocamos o enxoval ou o jogo de louça... Executamos planos que estava há tempos no papel e projetamos metas para as próximas transformações. Independentemente de as modificações serem tímidas ou radicais, a questão é nestes quase doze meses, nosso casulo foi ressignificado. Mas como será a interferência das mudanças lá de fora para dentro de casa?
De uma lado, a gigante Warner anunciou recentemente que seus filmes serão lançados nos cinemas e em sua plataforma de streaming, HBO Max, simultaneamente. Por outro, pesquisas apontam que houve uma perda de quase 1 milhão de clientes de TV por assinatura ao longo do ano passado no Brasil. E esse comportamento também se reflete em outros países: 27% dos assinantes de TV paga nos Estados Unidos deverão cancelar seus contratos até o final de 2021.
Diante dessas questões, o aparelho de TV e, consequentemente o espaço dedicado a ela, seja na sala, na cozinha ou no quarto, ainda terá lugar de destaque? Ou nos renderemos a uma tela de celular ou tablet, em qualquer cômodo, isolados por um fone de ouvido, cada um na sua, com seu programa predileto?
De fato, a configuração família unida diante da televisão para acompanhar o último capítulo da novela ou o filme esperado há meses na programação da TV já não faz mais parte do dia a dia - pensar que, na minha infância, a programação do final de semana era alugar fitas em VHS na locadora para "maratonar" com a família. E se não as devolvesse rebobinadas, tomava multa (bons tempos!).
As televisões cresceram, ficaram super tecnológicas, mas têm perdido o poder de unir todos na mesma sintonia. Com a chegada do cinema no celular e a perda do interesse pela programação a cabo, as salas de TV podem dar lugar a uma nova configuração nos projetos de interior.