Você já parou para pensar de que maneira a decoração pode provocar um sentimento - seja ele de admiração ou de repulsa- simplesmente por meio da composição de materiais, móveis, cores e texturas? E como nossa opinião em relação a um projeto pode ser tão diferente em comparação a de um familiar ou amigo?
(ANELISA LOPES ESCREVE SEMPRE ÀS TERÇAS. ACOMPANHE SEU PERFIL NO INSTAGRAM: @anelisalopes)
Numa conclusão simplista, apenas dizemos que "não é nosso estilo", mas, de fato, o gosto ou desgosto tem muito a ver com o olhar para dentro, por meio do autoconhecimento. E tudo isso é mutável ao longo dos anos ou dos ciclos que encerramos.
Muitas vezes, a memória afetiva fala mais alto que o próprio simbolismo. Por exemplo: para mim, a cor rosa traz uma carga de valor que vai além de uma tonalidade feminina - sem entrar no mérito do "meninos vestem azul e meninas colocam rosa". Por anos, tive um quarto dessa cor, que não foi escolhida por mim - e, sim, imposta pela minha mãe no final da minha infância. Até tempos atrás, a ideia do rosa expressava falta de autonomia para mim. Evitei a cor por anos.
Consegui desconstruir essa "imagem" da minha cabeça partindo para a utilização de outras tonalidades do rosa - como as que se aproximam do nude - combinado-as com materiais sóbrios e atemporais, como o latão, por exemplo. E hoje sou fã e aplico nos projetos e no meu guarda-roupa com frequência.
Muitas vezes, para chegar a um resultado que nos agrade, é preciso investigar tudo o que desperta nossas emoções. Criar intenções com cores, cheiros e sons faz parte do processo de se apaixonar por um ambiente.