A epidemia do novo coronavírus interferiu de forma direta nos nossos hábitos. O vírus, no entanto, não mudou drasticamente nossa maneira de se comportar e, sim, antecipou este processo. Prática de aula remota, implantação definitiva de home office, compra pela internet e comemorações familiares pelo computador são alguns exemplos de como o digital deixou de ser uma realidade de alguns anos à frente para se tornar uma prática atual na nossa rotina. E, acredito que não haverá volta.
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Ao mesmo tempo em que nos definimos categoricamente seres digitais, porém, passamos a contemplar nosso lar, onde tudo está acontecendo, e elegemos em pauta não só valores deixados de lado com a correria do dia a dia - um abraço na porta de casa, uma conversa despretensiosa no elevador ou um bolo quentinho saído do forno para compartilhar - como também colocamos em xeque algumas questões práticas de conforto, funcionalidade e otimização do espaço. Esta postura faz parte de um processo mundial: situações comuns vividas por pessoas em diferentes partes do mundo que não possuem conexão direta entre si.
Diante disso, passamos a questionar como pertencer ao nosso espaço. O que anteriormente era "usado" como um local de passagem, passou a ser nosso templo de proteção. Pensar em propostas para melhorar a comodidade, a circulação e a estética de casa ganhou importância notória. E posso confirmar pela quantidade de mensagens que tenho recebido a respeito de "como mudar meu quarto, minha sala, o quarto do meu filho...".
Esse "adiantamento" até aparenta ser superficial, como uma outra qualquer. Mas, se buscarmos a fundo, é um processo de transformação do nosso interior: precisamos voltar a habitar o nosso lar e a entrar em contato conosco. Fazer dele nosso refúgio para desenvolvermos o autoconhecimento e, assim, estarmos mais bem preparados para enfrentar relações e o mundo lá fora.