Atender a mais de um cliente em uma casa não é uma missão fácil. Na maior parte das vezes, os casais, irmãos, pais e filhos tendem a discordar no que diz respeito à futura decoração da casa. Como, então, chegar a um consenso quando há mais de um morador sem que um deles se sinta excluído ou com sensação de não-pertencimento ao ambiente após finalizado?
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O primeiro levantamento a ser feito é uma análise minuciosa da rotina de cada um, afinal, mesmo morando no mesmo lugar, as pessoas podem ter rotinas completamente diferentes. Imagine um casal formado por um médico plantonista e uma professora de educação infantil? Horários e hábitos distintos, mas compartilhando e coabitando o mesmo local. É nessa hora em que o conceito de função x forma do design, com destaque para o primeiro item, deve ser seguido.
Depois dessa pesquisa, que inclui as tarefas e "manias" da hora em que acordamos até o momento de dormir, os gostos e preferências são descritos no papel. O que é exigência em primeiro lugar, o que é comum aos dois torna-se prioridade e o que é oposto vai para a terceira colocação. E é nesse último item que as divergências se tornam, em alguns casos, impraticáveis.
Ceder, em alguns casos, é uma missão quase impossível. Como, então, tornar a disparidade mais harmônica? Vamos para um exemplo prático: uma cozinha. A exigência é espaço para armazenamento, já que os dois gostam de cozinhar. Fulano quer uma churrasqueira a gás e fulana deseja uma geladeira dos sonhos de duas portas. Nesse ponto, é preciso verificar os pontos elétricos e de gás, além de adaptar as dimensões do mobiliário para agradar a ambos.
A divergência, no entanto, chegou ao estilo. Chegou a hora de eleger a forma como elemento decisivo. Um deseja uma pegada industrial e a outra quer uma aparência provençal. E como mesclar gostos tão diferentes? Se não for possível fazer esse mix de estilos, partimos para cores, acabamentos e texturas. De um lado, dá para unir, por exemplo, o tijolinho aparente, uma característica industrial, com uma parede de cor pastel com boiserie (molduras de gesso ou madeira), criando um contraponto entre o despojado e o delicado. Posso dizer que essa é uma das tarefas mais desafiadoras do designer, mas, por outro lado, uma das mais recompensadoras quando se agrada a gregos e troianos.