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Não há reeducação alimentar sem a reeducação emocional

Preconceito eu?

Quantas vezes você viu um amigo politicamente correto, que não suporta racismo não hesitar em fazer um comentário sobre o gordinho que passou por perto? Ou percebeu as risadas das pessoas quando alguém em excesso de peso passa na roleta do ônibus ou senta na poltrona do avião? Enquanto o preconceito racial não é explicito, a maioria das pessoas não se intimidam em rir diante de um obeso. É como se ele merecesse ser motivo de todo tipo de piada.

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Por Andrea Romao
Atualização:

Todos nós sabemos o que fazer para emagrecer. Sabemos que se comermos menos e nos exercitarmos mais emagreceremos. E sabemos também que temos uma infinidade de tratamentos e procedimentos com estes objetivos. Mas fica a pergunta: por que nada disso funciona? O que estamos fazendo de errado? Por que temos tantas possibilidades e mais da metade da população brasileira está em excesso de peso?

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A obesidade já é considerada uma doença. Ela traz consequências sérias para o nosso organismo, afeta nosso sistema endocrinológico, digestivo, respiratório, entre outros. Mas tão importante quanto estas consequências, são as consequências emocionais que ela causa e que muitas vezes se tornam muito mais sérias do que as geradas diretamente em nosso organismo.

Muitas são as consequências emocionais que a obesidade ou o excesso de peso trazem: angústia, autoestima baixa, isolamento, culpa, e tantas outras. Mas uma bastante importante e que tem aparecido muito nos atendimentos do Mente Magra é a discriminação principalmente no ambiente de trabalho e, por isso, resolvi escrever sobre este assunto.

Há uma série de estereótipos que acompanham alguém que está acima do peso. Entre eles incluem-se preguiça, desleixo, falta de asseio e falta de autodisciplina e controle. O mais preocupante disso é que esse ponto de vista se transfere para os locais de trabalho quando se trata de avaliar as capacidades e a aparência de alguém em excesso de peso. Estudos apontam que uma boa parte dos candidatos obesos que participam de processos seletivos são eliminados e um dos motivos é o julgamento de que se eles não cuidam de si, não terão condições de cuidar do seu trabalho na empresa. E além da avaliação das características comportamentais, as pessoas com excesso de peso também são identificadas como aquelas que apresentam mais problemas de saúde, o que é um fator limitante para as empresas. E esta discriminação acontece não só com as pessoas que buscam uma oportunidade de trabalho, mas com os profissionais que já atuam na empresa. Estes também são perseguidos e perdem grandes oportunidades de desenvolvimento.

O importante disso tudo é conscientizar tanto as pessoas obesas quanto as Empresas, de que o excesso de peso não pode ser visto como desleixo ou falta de vergonha na cara. Trata-se de algo bem mais profundo que isso. A relação do obeso com a comida, é uma relação doentia e de dependência e precisa ser tratada. As pessoas precisam entender que esta relação se inicia com todos os aprendizados que adquirimos desde nossa primeira infância e que são registrados em nosso subconsciente, e ele faz com que nos comportemos com base nesses registros.

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Tenho falado muito em palestras e workshops que hoje é possível tratar isto e parar de sofrer. É preciso um trabalho realizado em conjunto com uma equipe multidisciplinar envolvendo médicos, nutricionistas, educadores físicos, familiares, e é muito importante a participação de psicólogos capazes de trabalhar com mudanças de modelos mentais. Hoje já há formas de tratamento para retirar as compulsões alimentares, mudar os padrões mentais que carregamos ao longo de nossa vida e que nos fazem engordar, e conhecer quais são os sabotadores inconscientes que nos fazem largar a dieta sem perceber e voltar a engordar. É preciso entender que não adianta fazer uma reeducação alimentar sem fazer a reeducação emocional.

A luta contra a descriminação é legitima e deve ser mantida, mas devemos combater a epidemia da obesidade a passos largos, focando não a estética, mas a qualidade de vida.

Para ter a Mente Magra é preciso aceitar que é preciso decisões rápidas para a uma mudança consciente.

Pense nisto.

Abraço.

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Andrea Romão

Coach de emagrecimento

 

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