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Cada história é única

É maravilhoso ser mulher. Mas cansa!

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Por Priscilla de Paula
Atualização:

foto: Pixabay

 

A minha geração aprendeu que a mulher pode ser o que ela quiser. Agora, a gente ensina. E isso tem um valor inestimável. Mas, cá entre nós, na verdade, ainda não é bem assim. Ainda.

 

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Não porque a gente não possa desejar. Isso pode. Ainda bem! Mas porque, pra chegar lá, depende muito mais do que só de nós mesmas. Não basta só querer ser Frida.

 

A gente pode tudo, mas não pode ser rebelde. Pode tudo, mas tem de ser bem comportada. Pode pensar o que quiser, mas é melhor não dizer o que pensa. Porque em boca fechada não entra mosquito. Ou, quem fala muito dá bom dia à cavalo. Eu tô prestes a fazer quarenta anos e ainda escuto isso. Ah, nem.

 

Pode tudo, mas é melhor não sair sozinha à noite. Pode tudo, mas fica sem depilar o bigode, as pernas ou a axila pra ver. Ah, também pode querer ser presidente, mas, ops... pensando bem, é melhor se adequar. E desejar um pouco menos. Porque, senão, a vida fica bem mais difícil. Tem de estar pronta pra aguentar o rojão. Que é sempre maior do que a gente imagina, claro.

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Tem mais: tudo pode, mas se a mulher desejar ter filhos no meio do caminho, aí, meus amigos, é que o negócio fica ainda mais desafiador. Os afazeres domésticos, a família e os novos dados do IBGE não me deixam mentir. Eu mesma já mudei de planos várias vezes e adiei sonhos. E olha que tenho muita sorte. Tenho mãe psicanalista, feminista, sou branca, nunca fui pobre, fiz curso superior, morei em três países, casei com um marido parceiro, bom pai e companheiro. Tenho filhos saudáveis e amorosos. Amo ser mulher. Ainda assim, cansa. Muito.

 

As feministas, as mulheres inspiradoras e as pensadoras que marcaram a história são fundamentais. Graças a Deus elas existem. As que continuam a quebrar paradigmas e padrões, as que escandalizam - por que não? - as donas de casa e as mães fortes também. Todas são uma parte da trajetória que a gente ainda está construindo em busca de liberdade, reconhecimento, compreensão, direitos e deveres iguais. Ainda assim, o caminho da mulher é sempre mais longo.

 

Tirando algumas exceções, no fundo, no fundo, dá um trabalho danado acreditar que a gente pode tudo, sem realmente poder. Pra compreender, se reinventar, fazer acontecer, se libertar e não desistir de lutar, recomendo análise e divã.

 

*Ah, feliz Dia das Mulheres para gente que nunca passa frio, porque tá sempre coberta de razão! Dessa você gostou, confessa! rs.

Aproveite e assista o vídeo.

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