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Teretetês e conversês

O amor é um mutante

O amor é um ser mutante. Começa um Deus do Olimpo, mas pode terminar como o Gênio do Mal.

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Por Lusa Silvestre
Atualização:

Quando a pessoa é verdinha nos assuntos do amor, não faz ideia onde tudo pode acabar. Porque amor é um mutante: a gente pensa que encontrou Afrodite, toda cheirosinha - mas na verdade estamos diante do terrível Magneto, poderoso e dúbio.

 

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Se o amor é suficientemente nutrido, o casal se respeita e sente falta um do outro; se as famílias se dão bem, os amigos curtem o casal e não existe maldizer, aí não tem como: o amor vira casamento.

 

Se o amor é desejo e suor; se os dois contam os minutos para se encontrarem no Kama Sutra; se um revira os zóiinho do outro só de assoprar a nuca; se os dois acumulam milhagem em motéis, praias e bancos do carro, aí o amor mudou para tara. É muito gostoso também. E emagrece.

 

Agora, se o casal fica junto mas não tem nenhum dos calores descritos acima, se não dá vontade de ficar nú e buscar a interação total, aí é ruim. O amor virou amizade. É um relacionamento meio broxa. A não ser para festa de fim de ano, carona em dia de rodízio, essas coisas.

 

Se o amor foi pra cucuia e já Élvis; se não existe mais chama - mas mesmo assim as pessoas ficam juntas porque é caro separar, o amor se alterou pra negócio. Acontece bastante, mas é ruim. O amor definitivamente não tem conference calls.

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Claro, se o amor se apagou, miou, fez fué e virou negócio, grandes chances de se metamorfosear em traição. Vida corporativa tem disso, as pessoas muitas vezes, mesmo empregadas, mandam currículo para outras empresas. Fazer o quê?

 

Se amor não engrena, mas havia muita vontade que desse certo; se fica aquele gosto azedo por causa da distância, aí ele virou frustração. Não é ruim. Muitas vezes o amor carece de maturação, de hibernação - esperando aí ser acordado para se desabrochar em algo maior. O lindo amor entre Ross e Rachel, do Friends, era desses. Acabou não dando em nada.

 

Se o amor é posse, não demora e vira ciúme. Se não aconteceu carnalmente, mas é impossível esquecer a cara-metade, agora é obsessão. Se o amor é violento, raivoso, virulento, se inclui tapas e armas, grandes chances dele se transformar em crime. Ser humano parte pra ignorância muito fácil.

 

Se o amor é desrespeito, ofensa, falta de compromisso, aí é o pior dos casos. O amor virou raiva. É um poço sem fundo, onde um faz questão de agredir o outro, esquecendo que esse ódio todo começou como algo lindo e promissor.Raiva é uma forma de amor. Vai entender.

 

Mas, calma: se o amor é crença, é luz no fim do túnel, é dedos cruzados; se merece insistência; se o casal não se dá bem mas mesmo assim é um projeto com futuro; se os dois acreditam que vão superar tudo porque se gostam, aí é um sonho, é uma fé. Aí tem muito futuro: o amor virou esperança.

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