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Comportamento, saúde e obesidade

Opinião|Suicídio, um ato de desamparo

Uma dor sem limites que leva a impotência

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 Foto: Estadão

 por Luciana Kotaka

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Acompanhando uma discussão no Facebook ontem me peguei pensando na mesma coisa que muitas pessoas que estavam no grupo dando a sua opinião. Há dois dias uma pessoa se suicidou no metrô em São Paulo, infelizmente muitas pessoas incluindo crianças viram ou assistiram esse momento. Suicídio é um ato de desespero ou covardia? Essa questão sempre se faz presente quando leio uma notícia sobre suicídio.

Segundo o relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) coloca o Brasil na oitava posição em número de suicídios, com mais de 11,2 mil casos em 2012. Em dez anos o número aumentou 10%. Em termos proporcionais, o país passou de uma taxa de 5,3 casos por 100 mil pessoas em 2000 para 5,8 em 2012, o que é menor que a média mundial. Os dados serão divulgados nesta quinta-feira, quatro de setembro de 2014, e afirmam que o problema se tornou uma epidemia global, com mais de 800 mil casos por ano, 75% deles registrados em países emergentes e pobres. Com isso, a cada 40 segundos alguém comete suicídio no mundo, um número extremamente alto em que raras são as vezes quepode-se impedir ou socorrer a tempo.

O suicida realmente precisa se encontrar em um momento no qual não encontra saídas para resolver sua dor e com frequência sabemos de histórias que envolvem pessoas que em um momento de desamparo total encontram a saída no tirar a vida, sejam quais forem as consequências que envolvem seus familiares.

É sempre muito fácil para nós emitirmos um julgamento a respeito dessas pessoas, porém não imaginamos a dor que os consome e nem as motivações que o fazem ter a coragem de se jogarem, por exemplo, de cima de um prédio alto. Ficamos com a notícia por dias em nossa cabeça, pensando, julgando, mas a verdade somente eles, essas pessoas, sabem.

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Covardia? Não sei. Talvez em alguns casos em que se perde um patrimônio alto, onde não se tem coragem de enfrentar o que há por vir. Desespero? Quem sabe. Ela se encontra em uma situação tão séria que não sabe como encarar as consequências de seus comportamentos. Mas não podemos esquecer também da perversidade do ato em muitos casos que acompanhamos pela TV, como pessoas que se matam junto com os filhos, como há alguns anos um pai se jogou com o filho para atingir a mãe que havia se separado dele. Uma forma brutal de acabar definitivamente com a vida de uma pessoa, que nesse caso se diz amar.

Em todos os casos há também o suicídio da alma, onde se entrega à dor e não consegue recorrer à ajuda ou mesmo a recursos internos que possa vir a ter, de alguma forma se subestimam, não acreditando que possam enfrentar a situação e seguir em frente.

O suicídio ainda pode ser visto sobre a ótica social; de quem é a responsabilidade? Será que podemos prever ou mesmo evitar o ato dessas pessoas? Em alguns casos os suicidas dão sinais, chegam até mesmo a falar sobre, mas sempre tem os que somente ameaçam, e os que vão para a ação, e dificilmente as pessoas ao redor levam a sério essas evidências. Claro, como isso ocorre na grande maioria das vezes de forma inesperada, em locais e momento em que estão sozinhos, na grande maioria das vezes ficamos impotentes.

Poderia abordar muitos outros aspectos, mas o objetivo é lembrar que a situação é muito mais frequente do que imaginamos, a maioria dos suicídios não são divulgados, cabendo a cada um de nós o cuidado de olhar de forma mais atenta aos que estão ao nosso redor, nos que estão deprimidos ou desesperados, pois em algum momento também podemos ser atingidos pela perda de alguém que faz parte de nossas vidas.

Opinião por Luciana Kotaka
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