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Comportamento, saúde e obesidade

Opinião|Separar-se é uma arte que exige desapego

O desejo de recomeçar é o grande diferencial para encontrar a felicidade novamente

Foto do author Luciana  Kotaka
Atualização:

O processo de separação é na verdade um recomeço, um momento real, que te joga na vida e te diz, se vira. Vamos ser práticos, é isso mesmo que acontece, somos obrigados a seguir em frente, pois ficar olhando para trás não ajudará em nada.

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Sabemos o quanto é desafiador um relacionamento de casal, muitos sentimentos, emoções, desejos e sonhos envolvidos. Acreditamos que é possível dar certo, fazemos essa medida pelo que sentimos pelo outro e decidimos enfim iniciar um ciclo a dois.

Aos poucos as dificuldades começam a surgir e irá exigir muita maturidade para conseguir resolver, pois aí começam a aparecer as diferenças que antes na fase do namoro eram facilmente controladas. E agora, o que fazer com isso tudo que sentimos e não sabemos como agir?

Vamos seguindo a vida, dando no nosso melhor na relação, ou o pior. Na verdade, tem muita coisa em jogo, as mágoas, o orgulho, o egoísmo, a possessividade, a necessidade de estar no controle, nossa, tem muito mais até do que possamos imaginar. A questão é que cada um olha para as dificuldades de acordo com seus próprios referenciais, desta forma é difícil que a minha verdade seja igual a sua.

Começamos a lutar por nossos direitos, seja de escolher algo, para participar de um evento, para relaxar, não querer cozinhar em um fim de semana, ou mesmo até não ir a um aniversário de família. Nesse contexto onde o casal vai se descobrindo mais a fundo chegam os filhos, estes seres tão amados. Novo recomeço, tudo muda na rotina da casa, até a forma de se relacionar com o parceiro.

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Alguns pais conseguem conciliar muito bem a vida de casal e ainda achar o tempo de sair para namorar, mas a grande maioria não. Vai passando o tempo, a relação esfria, o cansaço da rotina toma conta, as mágoas aparecem, as brigas, chegou ao fim o casamento.

Nunca estamos preparados para enfrentar esse momento, não há um manual ou regras a serem seguidas, a dor toma conta, as mágoas, sentimento de impotência, raiva e tristeza. No início alguns nem conseguem imaginar como seguirão adiante, outros já vão logo colocando outra pessoa no lugar na tentativa de aplacar a dor, poucos ficarão sozinhos para se reestruturarem.

Existe o tempo do luto, momento que inclui várias etapas desde a negação, raiva, depressão, barganha até chegar ao estágio da aceitação. Cada pessoa tem seu próprio tempo para passar por todo esse processo, porém tem aqueles que se apegam ao passado e vivem remoendo, revivendo a dor constantemente. Não conseguem seguir adiante, divididos entre ficar na dor que já lhe é conhecida a enfrentar as dúvidas que o novo irá trazer para sua vida.

Muitas vezes a culpa se faz presente, não recomeçar seria uma forma de tentar minimizar o estrago que viveu durante o casamento e a separação, tipo não posso ser feliz porque fiz o outro sofrer ou até assumindo uma posição de vítima para que todos tenham pena e de alguma forma se sinta mais leve. Outras vezes não abre mais o coração com medo de se decepcionar novamente, sentindo-se mais seguro sozinho. São tantas as variáveis, não tenho como expor cada uma aqui.

A questão é muito delicada e demanda tempo, a verdade é que as relações humanas são muito complexas e esbarramos em um aspecto chamado apego que nos faz sofrer muito mais do que seria necessário na grande maioria das vezes. Nós nos apegamos ao outro, ao status, à comodidade, à companhia, muitas vezes nem amávamos mais o parceiro, mas o apego à condição do compromisso do casamento nos faz sofrer.

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Confundimos amor com apego, jogamos no outro toda a nossa expectativa de ser feliz, nos agarramos na tentativa de preencher algum vazio e ali ficamos, obstinados, sem querer arredar o pé, mas é preciso olhar para esse sentimento e abrir mão do que não mais te pertence. O casamento acabou, a vida segue em frente e somos obrigados a caminhar.

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Seguir em frente é um comportamento assertivo, é fundamental que possamos reconstruir a vida e que após a fase do luto, que é o momento de viver a dor, possamos nos fortalecer e viver o novo momento. Buscar novos grupos de amigos, fortalecer os vínculos com os mais próximos, dar uma repaginada, fazer atividade física, realizar aquela viagem dos sonhos ou até mesmo jogar baralho com os mais chegados.

Não precisamos fazer loucuras para recomeçar em grande estilo, o importante é olhar para seus sentimentos, resolver as pendências do passado e iniciar um novo ciclo. Aos poucos tudo vai se acomodando dentro de si mesmo, mais se lembre de que tudo só irá ficar bem se você se permitir ser feliz de novo, afinal só você pode se dar essa oportunidade.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Opinião por Luciana Kotaka
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