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Comportamento, saúde e obesidade

Opinião|Quando chega o momento de desapegar do que te faz mal

A dor ao romper um relacionamento amoroso pode ser amenizada quando aprendemos a olhar para a nossa necessidade de controle e apego

Foto do author Luciana  Kotaka
Atualização:
 Foto: Estadão

Sabemos que tudo na vida tem um fim e não há como mudar essa realidade, vivemos a impermanência o tempo todo. Um dia, estamos felizes e no outro tristes. Temos a noite e o dia, o frio e o calor. São somente exemplos de como a dualidade está inserida em todo o contexto de vida.

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Apesar de vivenciarmos esse processo e sermos constantemente expostos a situações que nos mostram concretamente essa dualidade, fingimos a maior parte do tempo que a morte está distante, que o casamento vai durar até que a vida nos separe, que o parceiro será fiel, que o amor e o respeito serão eternos. Porém, essa parte de nós que ignora as finalizações faz isso como forma de nos proteger da dor, mas quanto mais ignoramos esse fato, maior a queda se apresenta.

Não há uma fórmula mágica para aprendermos a desapegar, mas ao tomarmos a consciência da finitude e trazermos a lembrança de que tudo tem um início e um fim e que não temos controle sobre esse fato, o que nos dá a possibilidade de encarar de forma mais assertiva os rompimentos que enfrentamos.

Os relacionamentos nos colocam à prova constantemente, pois é nesse contexto que mais nos expomos, ficamos mais fragilizados. Abrimos o nosso coração, deixamos o outro conhecer nossa família e adentrar o espaço sagrado do qual fazemos parte. Ao iniciarmos um namoro, ao nos casarmos, nossa vida se entrelaça com o parceiro, são diversas as atividades onde os dois caminham juntos, porém, nem sempre isso ocorre de forma harmônica.

Muitos são os desajustes que podem ocorrer entre o casal e quando não há comprometimento de uma ou de ambas as partes, surgem muitos conflitos, dor e sofrimento.Tentamos por meses, às vezes por anos resolver, mas nem sempre os dois estão abertos a rever comportamentos para melhorar e preservar a relação.

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Muitos irão prosseguir no relacionamento mesmo não havendo mais respeito e amor, mas pode ser que em outros casos, um  dos parceiros acorde e queira romper. E nesse momento se inicia um trabalho intenso de desapego. Como romper com aquela pessoa com o qual passou meses ou anos de sua vida? São tantas as lembranças, muitas histórias, muitas risadas, e também, muita dor.

O apego tem relação direta com o controle, precisamos aprender a lidar com o medo que é o que nos paralisa e impede muitas vezes de tomar atitudes que sabemos que será melhor para nós e para o outro. O medo é um grande desafio, pois ao deixarmos tomar conta de nossa mente nos limitamos e permanecemos em relações tóxicas do qual não estamos felizes.

A impermanência nos traz a consciência de que tudo é transitório, não temos como controlar nada na vida. Olhar para essa verdade é desagradável, pois as finalizações abrem o caminho para o desconhecido e para o medo de como será a partir desse ponto. Por isso a morte apavora a maioria das pessoas, por não termos de fato a certeza do que irá acontecer após nosso corpo parar de respirar. Algumas pessoas desenvolvem crenças e se apegam a elas, mas na verdade ninguém sabe o que acontecerá de fato até chegar a hora de fazer a passagem.

Ao sair de um relacionamento também experimentamos essa sensação do novo, se iremos dar conta sozinhos, se teremos outro parceiro. O desconhecido se abre a nossa frente e temos que encarar e seguir caminhando, abrindo espaço para outras possibilidades. Isso pode ser libertador para algumas pessoas, mas para outras será aterrorizante. O não ter nenhum controle sobre a vida nos apavora.

Apesar de desconhecido ser uma realidade é preciso encarar com coragem os recomeços, afinal esse é o ciclo da vida. Deixar para trás o que nos causa dor e seguir em busca de autoconhecimento e novas formas de ser feliz. A grande verdade é que todos nós temos o direito de recomeçar e chega um momento que precisamos desapegar e deixar ir para usufruir do que a vida irá nos oferecer.

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Viver é um risco, por isso estamos aqui, para aprender a viver um dia de cada vez.

 

 

 

 

 

Opinião por Luciana Kotaka
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