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Comportamento, saúde e obesidade

Opinião|O novo precisa de espaço para chegar e ficar

Quando olhamos para as nossas crenças compreendemos as âncoras que nos mantêm em lugares que já não fazem sentido em nossa vida

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Foto do author Luciana  Kotaka
Atualização:
 Foto: Estadão

Os textos que escrevo são construídos a partir da minha experiência de vida e de anos de escuta clínica, pois para mim o sentir é o caminho mais importante para tocar o coração de outra pessoa. Quando ouço a minha intuição, quando absorvo o que me dizem através do meu coração é que as transformações acontecem, e é desse lugar que escolho falar com vocês.

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Quando abro esse espaço para falar de minhas experiências possibilito o processo de enxergar a vida e as relações a partir de novas perspectivas, e cada uma delas pode acrescentar mais conhecimentos a sua biblioteca pessoal. E nessa reconstrução iremos rever as crenças que tomamos como verdades, gerando comportamentos que muitas vezes limitam a nossa expansão.

Quando digo que limitam é porque eu também passo por isso, afinal estamos o tempo todo nos deparando com a inflexibilidade e a obstinação, não concordam? Você pode até pensar que não é assim que tem funcionado, mas pare e analise com carinho aqueles pontos de vista que defende há anos, será mesmo que não merecem passar por um upgrade?

É importante que possamos nos abrir para o novo, olhar para a vida com novas lentes, pois como é que queremos que coisas novas cheguem até nós se não estamos dispostos a rever nossos posicionamentos antigos. Tudo o que pensamos e a forma com que agimos acabam definindo a nossa vida, porque nos relacionamos com as pessoas a partir dessas verdades que carregam crenças que muitas vezes estão a serviço de preservar uma história, de manter alianças familiares ativas, mesmo que as mesmas sejam inconscientes, e na verdade a grande maioria é.

Desde pequenos somos bombardeados de verdades e baseados nelas crescemos e tomamos uma direção. Elas serviram como sustentação para o nosso ser se introduzir na sociedade, mas aos poucos é importante darmos espaço para olhar novos jeitos de viver, de nos comunicarmos e de transitarmos pelo sistema. Podemos honrar muitos dos ensinamentos herdados pela família e levá-los como referência sem para isso fecharmos os olhos e negligenciarmos as possibilidades que se apresentam, principalmente de nos conectarmos com o que verdadeiramente está alinhado com o nosso coração.

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Recebo muitas queixas de pessoas que não se sentem encaixadas, que acordam todos os dias como se fossem robôs, acionam o modo automático e saem para o trabalho por necessidade, mas sem prazer, sem energia, e o pior é que na maioria das vezes esse processo traz um imenso sofrimento. Aos poucos as crises de enxaquecas aparecem, problemas gástricos, obesidade, problemas cardíacos,  depressão e crises de ansiedade, o corpo vai denunciando o descontentamento, o não encaixe no mundo.

Quando nos encontramos nesse lugar de insatisfação é preciso pensar com muita cautela qual caminho seguir e não permitir que o medo ou que outras pessoas lhe desanimem. Toda mudança traz perdas e ganhos, pois afinal ao sair de um lugar deixamos pessoas queridas e uma história, mas ganhamos outros amigos, novo ambiente e muitas vezes a alegria volta a tomar conta de nossa vida.

Com o passar dos anos perdemos a habilidade de tentar e errar como antes, a impressão que tenho é que como não tínhamos muitas facilidades estávamos mais habituados a errar e recomeçar. Ao voltarmos no tempo temos exemplos de pessoas que criaram grandes projetos a partir da capacidade de frustração ser maior, não desanimaram com deslizes e obstáculos. Atualmente ainda temos a oportunidade de nos inspirarmos em grandes criadores, que não mais são do que pessoas que ousaram acreditar em seus sonhos, em se conectarem com a verdade de seus corações.

Sugiro que todos nós possamos refletir sobre esse assunto, no quanto realmente estamos conectados com uma atividade que nos traz satisfação interna e que também favorece outras pessoas. A vida é uma via de mão dupla, dar e receber são a mesma coisa, por isso ao nos permitirmos ampliar o nosso leque de opções e também de aceitar outras verdades, conseguimos criar uma nova realidade de vida, onde a alegria e a conexão com o propósito estão lindamente alinhadas.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Opinião por Luciana Kotaka
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