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Comportamento, saúde e obesidade

Opinião|Não minimize a complexa tarefa de eliminar peso

Mudar o comportamento alimentar é um desafio que demanda equilíbrio emocional

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 Foto: Estadão

Emagrecer é um desafio e muitas pessoas não entendem como esse processo funciona. É muito intrigante para mim que com tantas informações a respeito de como o emocional interfere no comportamento humano, que muitas pessoas e profissionais da área de saúde ainda continuem ignorando esses fatores.

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Sabemos que comemos não só para alimentar o corpo mas também para alimentar a alma, e desta forma, a conta não fecha quando nos sentimos tristes, cansados, deprimidos, solitários e ansiosos. Buscamos na comida uma forma rápida de amenizar os males que nos incomodam, porém a sensação de relaxamento e paz interior duram pouco tempo e logo voltamos a ser assombrados pelos mesmos incômodos.

Acabamos exagerando e os ponteiros da balança começam a subir, nossas roupas vão ficando mais justas e agora um novo problema se apresenta, é hora de eliminar os excessos alimentares.

Buscamos a ajuda de profissionais na tentativa de sermos compreendidos em nossas dores, pois não somos só um corpo, e sim um conjunto de comportamentos e reações frente ao meio que vivemos.

Por isso eliminar peso requer muito mais do que habitualmente entendemos ser o caminho, é preciso um olhar mais apurado e um trabalho que realmente alcance as raízes dessas questões que nos levam aos excessos alimentares.

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Muitas pessoas carregam no corpo memórias de situações de bullying, de agressões físicas e verbais que sofreram desde a infância por familiares, professores e amigos. Outras vezes o peso vem denunciar dores de momentos de vida como a entrada na adolescência, a não aceitação das mudanças do corpo, a ação dos hormônios, lutos, mudanças de cidade, escola, agressão sexual, etc.

Esse é um campo muito amplo, na verdade quando o paciente chega para fazer terapia fica claro que as suas dores são únicas, um complexo sistema de vivências que podem estar a serviço do excesso de peso. Nesse momento iniciamos um trabalho que visa a desconstruir crenças, fortalecer a autoestima e levar o paciente a se olhar, a ressignificar o seu passado e rever os seus hábitos para que possam mudar sua relação com a comida e com o corpo.

Apesar de buscarem ajuda nem sempre estão preparados para as mudanças, mas estão olhando e entendendo que é necessário fazer algo por si mesmo. O nosso papel como profissionais da saúde é entender que apesar da lógica de que comer menos, com qualidade e fazer atividade física emagrecem, e que há por trás desse cenário uma série de mecanismos de defesa dos quais o emocional está atuando.

Opinião por Luciana Kotaka
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