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Comportamento, saúde e obesidade

Opinião|Explante de silicone não é modinha

Os relatos de supressão de sintomas pós-explantes nos apresenta a necessidade de um estudo minucioso sobre os malefícios que as próteses de silicone apresentam

Foto do author Luciana  Kotaka
Atualização:
 Foto: Estadão

Alguns meses após o meu explante eu senti a necessidade de voltar a escrever sobre esse assunto que vem provocando muita polêmica e indignação entre as mulheres que tem próteses de silicone e as explantadas, visto que algumas matérias publicadas sobre o assunto tem levado a uma distorção da realidade experienciada por milhares de mulheres no mundo.

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O movimento do explante do silicone está ganhando força sim, não é porque nós mulheres gostamos de ter peitos pequenos, e sim porque o sonho que um dia tivemos de ter mamas maiores se transformou em um grande pesadelo. Algumas mulheres decidiram pela colocação das próteses por não gostarem do tamanho, do formato, ou porque após amamentação ocorreu a queda da mama e a prótese foi sugerida como um meio de proporcionar um formato mais harmonioso.

Sabemos o quanto o público feminino fomenta o movimento da ditadura da beleza, as mulheres são o público alvo e não faltam opções disponíveis no mercado para sustentar esse comércio. Aqui estou focando no silicone, mas sabemos que existem outros produtos que também podem levar ao desenvolvimento da Síndrome Ásia. Podemos acompanhar o trabalho de alguns profissionais da área de saúde que se dedicam ao estudo dessa síndrome e a relação com os diversos adjuvantes disponíveis para fins estéticos.

Venho acompanhando há meses o depoimento de mulheres de várias nacionalidades, e os seus relatos constroem um verdadeiro compêndio de sintomas e doenças autoimunes. Além da Síndrome Ásia, ainda temos a Doença do Silicone, as queixas vão desde as dores nas mamas, a pessoas que relatam estar presas a uma cama com dores insuportáveis. Isso não é modinha, e sim um grito de socorro de mulheres que querem viver e ter a qualidade vida de volta.

Talvez algumas mulheres realmente tenham decidido pelo explante por não gostarem mais de se verem com os peitos grandes, mas isso sim é uma minoria, pois não há como negar e ignorar a explosão de queixas e sintomas que estão sendo diariamente relatadas nos consultórios médicos e nas mídias sociais.

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No mês de setembro do ano passado 2020 o FDA (Food and Drug Administration), agência americana de fiscalização e regulamentação de alimentos e remédios, recomendou que as embalagens das próteses venham com tarja preta e com as informações sobre os riscos do silicone. A grande questão é que eu fiz meu implante e uma troca, e em nenhuma das duas ocasiões eu tive acesso às embalagens das próteses e nem fui alertada a possíveis riscos a que eu estaria exposta, a única informação que me passaram seria sobre a possibilidade de contratura ou de deslocamento. Sinto que ainda teremos um longo caminho para que as mudanças sejam implementadas de forma mais assertiva.

Hoje já temos informações que ligam o silicone a um tipo raro de Linfoma Anaplásico de Grandes Células, que em inglês é conhecido como BIA-ALCL, um raro linfoma de células T, um câncer do tecido linfático ao redor da prótese e o tratamento inicial é a retirada das próteses. Como escrevi acima não faltam indícios sobre os riscos que as próteses provocam na nossa saúde, sendo importante que as informações possam ser repassadas de forma mais clara e objetiva aos pacientes que buscam esse tipo de intervenção.

Explantar não é modinha, explantar é buscar por saúde, é sair da cascata de sintomas que tiram a nossa qualidade de vida. Nós temos direito de escolha, e se o explante nos ajuda nesse processo de cura, então estamos no caminho certo.

 

 

 

 

 

 

 

Opinião por Luciana Kotaka
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