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Comportamento, saúde e obesidade

Opinião|Como decidir qual a melhor diferença de idade para ter outro filho?

A praticidade nem sempre é o melhor caminho quando o assunto envolve filhos pequenos

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Foto do author Luciana  Kotaka
Atualização:
 Foto: Estadão

Confesso que essa é uma questão que sempre me incomodou muito, quando decidi ter o meu segundo filho estava claro para mim a importância de ter um intervalo de pelo menos quatro anos. Contrariando a crença de que é melhor engravidar para que irmãos tenham somente dois anos de diferença, eu me organizei para ter uma diferença que fosse menos impactante para meu primogênito.

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Se você parar para analisar essa questão com um pouco mais de cuidado irá perceber a importância de estar presente na vida dos filhos, de poder realmente cuidar de cada um como merecem. Uma criança de dois anos ou menos ainda é um bebê de alguma forma, pois exige a troca de fraldas, atenção constante, a saúde ainda frágil, o que torna esse momento bem desafiador para os pais. Quando escolhemos um intervalo de quatro anos ou mais possibilitamos que o primeiro filho esteja um pouco mais independente, o que tornará toda a dinâmica mais tranquila para os pais e, consequentemente, impactará os filhos positivamente.

A crença de que é melhor criar dois filhos ao mesmo tempo para se liberar de todo trabalho é irreal, pois os filhos são diferentes, e cada etapa será um novo momento a ser experimentado. A diferença é que quando espaçamos a vinda do segundo filho conseguimos realmente vivenciar cada etapa junto com eles, pois já é muito difícil acordar a noite toda quando choram, atender todas as demandas que a maternidade exige. Minha irmã engravidou do terceiro filho quando o segundo estava com um mês, imagine como isso impossibilitou de dar atenção ao bebê que chegou antes.

Quando cortamos caminhos sempre perdemos a possibilidade de usufruir da beleza dos processos, por isso que precisamos realmente pensar no bem-estar geral de todos, pois quanto mais estiverem descansados os pais estão, mais irão se relacionar com qualidade com os filhos. Atropelar etapas nunca é assertivo, basta lembrarmos de fatos que já aconteceram e que escolhemos agir por impulso sem pensar realmente nas consequências a longo prazo.

Outra questão bem recorrente nos dias atuais é que as mulheres preocupadas com os seus corpos querem ter um filho atrás do outro, e na sequência já buscam por alguma cirurgia plástica a fim de arrumarem as mamas que caíram, ou se submeterem a uma lipoaspiração para eliminarem as gorduras que ganharam após a gravidez. Infelizmente vivemos uma cultura que supervaloriza o corpo feminino, que não tem tolerância para aceitar que o corpo leva um tempo para voltar ao normal ou próximo do que era antes da gravidez.

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A verdade é que a pressão chega por todos os lados, precisa ser ágil até para parir, pois, senão, iremos colher as consequências de uma sociedade imediatista que acredita que tudo que é rápido e prático é melhor. Desejo que você que ainda não passou por essa experiência que possa repensar esses conceitos e se permitir a vivenciar esse momento lindo que um filho proporciona de forma única, sem atropelos. Viver com qualidade exige presença, então cuide para que os seus filhos carreguem boas lembranças dessa época tão linda que é a infância.

Opinião por Luciana Kotaka
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