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Comportamento, saúde e obesidade

Opinião|A mulher e a difícil relação com o corpo

Reconciliar-se com o próprio corpo possibilita o resgate da autoestima

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Foto do author Luciana  Kotaka
Atualização:
 Foto: Estadão

A mulher é muito influenciável pela cultura atual. São mais competitivas e sempre buscam se comparar a outra mulher para se sentirem seguras de que estão bem ou não. O parâmetro acaba sendo as modelos famosas ou mulheres de poder, que são as mais cobradas pela sociedade. Ser magra e estar malhada faz parte do curriculum que devem apresentar até para conseguir um bom emprego.

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As roupas são feitas para corpos magros tendo um melhor caimento. As magras podem abusar de looks que as mais cheinhas não podem. A imagem da mulher com baixo peso já entrou no inconsciente das mulheres e para serem perfeitas e felizes precisam estar com o peso magro. O que mais ouço na clínica são os problemas relacionados às roupas, querem se sentir bem dentro delas, sem nada apertando.

No mundo fitness essa autocrítica parece ser ainda maior, já ouvi várias mulheres dizerem que tinham vergonha de ir à academia por considerarem que o corpo não estava no peso adequado. Essa questão não passa pelo racional, por isso é tão difícil mudar a imagem que têm de si mesmas. Mesmo que se explique e entendam que não precisam estar magras e/ou perfeitas, evitar a academia é uma forma de perpetuar a insatisfação e pode até esconder de forma inconsciente o medo de não alcançarem seu sonho, então é melhor nem tentar.

Cada pessoa tem uma história de vida que foi construída durante anos de suas vidas, o que seria o gatilho para que uma pessoa mude de vida e enfrente a mudança necessária para alcançar o corpo pretendido, para outra pessoa seria uma estratégia diferente, pois tudo depende do referencial de cada um.

São muitos os prejuízos que uma mulher está sujeita quando não aceita o próprio corpo, até porque na verdade está em uma guerra interna consigo mesmo, com o corpo que carrega. Apresentam características de perfeccionismo, radicalismo, sujeitando-se a dietas rígidas que levam a uma série de problemas, como compulsão, bulimia, anorexia e ortorexia. Colocam metas difíceis de serem alcançadas e/ou mantidas, sujeitando-se a um sofrimento intenso. Além de afetar a saúde, afeta as relações com as pessoas próximas, como, por exemplo, mulheres que se esquivam da relação sexual por estarem com uma dobrinha na lateral da cintura. Não se permitem a entrar no mar ou na piscina quando estão em uma festa, sempre se privando do prazer em função de não estarem satisfeitas com seus corpos.

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É natural que alguma parte do nosso corpo não nos agrade, até porque buscamos nos sentir bem com as nossas formas, porém a partir do momento em que tudo incomoda é que se deve repensar a relação com o corpo e procurar ajuda especializada. Na verdade cada pessoa deve se perguntar o que tem por trás dessa busca incessante por um corpo perfeito.

Seria importante buscar ajuda de um psicólogo clínico para poder reavaliar a forma de se enxergar, fortalecer a autoestima, rever crenças errôneas, desenvolvendo instrumentos internos para que possa ter uma boa relação com o corpo e consigo mesmo. Buscar uma atividade física que goste muito, como dança, yoga, patinação, futebol.

Dicas importantes:

- Fazer uma atividade física que goste pela saúde, e não pela busca do peso magro e perfeito;

- Cuidar da alimentação, pela saúde, pela disposição e bem-estar;

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- Não se prender aos padrões divulgados pela mídia, e sim aceitar as formas que apresenta;

- Buscar outras atividades sociais que lhe proporcionem prazer, tirando o foco do corpo;

- Evitar se comparar com outras pessoas, até porque cada um tem um metabolismo, heranças genéticas diferentes;

- Não permitir que o pessimismo e pensamentos negativos acabem com a motivação de cuidarem de si;

- Não se entregar aos prazeres da comida para aliviar a ansiedade e ou insatisfação com o corpo, senão vira uma guerra, um ciclo de autossabotagem;

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- Fazer dietas restritivas que farão com que em algum momento chute o balde e exagere em comidas calóricas;

- Comer de tudo com parcimônia.

Buscar a satisfação em pequenas atividades da vida diária, evitando colocar a felicidade na forma e peso corporal.  Atitudes radicais acabam gerando transtornos alimentares, lembrando que todo excesso traz prejuízos. Pensamentos negativos em relação a si mesmo, ao valor próprio, não ajudarão a construir uma pessoa melhor ou um corpo mais adequado. É justamente quando se para de brigar consigo mesmo que os resultados efetivos aparecem.

Opinião por Luciana Kotaka
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