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Comportamento Adolescente e Educação

Viva! É dia dos professores

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Por Carolina Delboni
Atualização:

Semana passada foi dia dos professores. Mães (tenho que excluir os pais desta fala), se mobilizaram para dar/comprar presente para eles. Em grupos no Face, o assunto, nas últimas duas semanas era "O que vocês vão dar aos professores dos seus filhos?". Muitas se juntam para comprar um presente "melhor". Poucas dão sozinhas. E presentes melhores chegam a ser bolsas (daquelas internacionais, que desfilam em Paris), iPhones, roupas, sapatos... Presentes dignos de compor um closet de uma mulher fina. Ok, as mães querem agradar. Isso está claro. Claro até demais, que passa do ponto.

 

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Há anos, quando eu ingressava no universo da pedagogia infantil, ouvi de uma diretora de escola que "a escola é a primeira conquista individual da criança". Brilhante. Porque, a partir do momento em que ela cruza o portão da escola, o espaço, o núcleo, os amigos, os professores e o aprendizado são, única e exclusivamente, uma conquista dela. O primeiro grito de independência, ainda que tão pequena. Fantástico. E que conquista maravilhosa.

 

E, a partir dessa travessia, os pais precisam entregar os filhos, e confiar na escola. Confiar - fiar juntos - fiar o fio da vida. É isso que são os filhos. Mas muitas vezes os pais não se aguentam e interferem nessa relação entre filhos e professores. Invadem um espaço que não é mais da mãe, e nem do pai. Sabe aquele beijo que você pede pro seu filho na porta da escola, e ele te olha com cara de quem quer morrer? Ou quando você vai até a porta da sala e pergunta para a professora qual a lição de casa? Quem deve saber o que é a lição de casa é seu filho, seja lá quantos anos ele tem. Porque um professor sempre dará uma tarefa a uma criança de que ela possa dar conta. E se lembrar da lição, exercitar essa memória, e essa responsabilidade, é um combinado muito importante entre eles. Aluno e professor. Ajuda não pode se tornar interferência.

 

E daí chega o fatídico dia dos professores, onde quem deveria agradecer, primeiro do que pais e mães, são eles, os filhos, os alunos. De novo: a relação é deles, antes de ser dos pais. Portanto o agradecimento deve partir deles. E para que isso aconteça, de coração, o presente não pode ser comprado pelas mães sozinhas num shopping. Deveria ser simbólico, porque gestos são simbólicos. Porque agradecimento não se compra. Agradecimento a gente retribui. Retribui com flores, com um desenho, com um cartão, com uma fornada de biscoitos, com uma geleia... se retribui com gestos. Porque são esses mesmos gestos que o professor tem com seu filho que você quer retribuir.

 

Mas, assustadoramente, o dia dos professores tem se tornado um evento para as mães que querem agradar e mostrar carinho pelo que eles fazem a seus filhos. Com todo direito, e com todo respeito. Mas que tal parar pra pensar e reavaliar se essa é a melhor forma. Será que deixar essa "tarefa" com seu filho não faz mais sentido? Sabe aquela sensação boa demais que a gente sente quando ganha um presente feito por eles no dia das mães? Os professores iriam ficar tremendamente orgulhosos de receber um pouco do fruto que também ajudam a regar todos os dias. São gestos com carinho como esse, gestos cheios de amor, que enchem a alma da gente no dia a dia, e engrandece o sentido da vida. Porque agradecimento não se compra. Se retribui.

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