Acaba de sair uma pesquisa publicada no Epidemiologic and Psychiatric Sciences(Cambridge University Press) que comparou o uso de serviços de saúde mental de seis diferentes países das Américas.
Os dados são alarmantes uma vez que hoje sabemos que 90% dos casos de tentativas de suicídio poderiam ser evitados se os transtornos mentais como depressão, transtorno afetivo bipolar, esquizofrenia e dependências químicas, entre outros, fossem diagnosticados precocemente e tratados adequadamente.
Mas a realidade está distante e extremamente preocupante. Esse estudo mostrou que das pessoas com doenças mentais (por exemplo depressão, pânico, dependência de drogas, etc) nas Américas no último ano, apenas uma em cada quatro (27,6%) recebe tratamento e, das que recebem tratamento apenas uma em cada três (35%) recebe um tratamento minimamente adequado.
Portanto, apenas uma em cada dez pessoas com uma doença mental recebeu um tratamento minimamente adequado o que é um dado extremamente preocupante em todos os níveis: pessoal, familiar, social e econômico, com prejuízos em todas as esferas.
Quanto aos dados brasileiros oriundos de São Paulo, local onde geralmente há maior alocação de recursos financeiros tivemos os seguintes índices: 22,9% dos paulistanos com doenças mentais receberam algum tratamento; apenas 33,4% dos pacientes com quadros psiquiátricos graves receberam tratamento sendo que dos que receberam tratamento 38,9% foi minimamente adequado. Ou seja, há uma enorme lacuna na busca e oferta de tratamento em saúde mental, tanto em termos de quantidade quanto de qualidade e tal panorama precisa melhorar muito com investimentos públicos mais robustos.
Em pleno mês do Setembro Amarelo de Prevenção do Suicídio, com tantas matérias veiculadas na imprensa, tais informações são fundamentais no sentido de inclusive adotar práticas de saúde pública que realmente sejam eficazes no diagnóstico e tratamento precoce dos pacientes que padecem de doenças mentais. Campanhas contra o estigma e preconceito que envolve as doenças mentais e os pacientes que sofrem delas também são essenciais. Sem essas questões estaremos todos andando em círculos!
Referência: https://doi.org/10.1017/S2045796019000477