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Crônicas filosóficas

Vaquejada é crueldade

Vaquejada é crueldade, como é crueldade o peão de boiadeiro, a farra do boi.

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Por Jair Barboza
Atualização:

O Congresso Nacional, no meio da sua indigência política e moral, aprovou projeto de lei que legaliza a prática dessa tortura animal, sob o argumento de que não são cruéis as práticas desportivas que utilizem animais, desde que sejam manifestações culturais.

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Desde quando torturar pode ser patrimônio de alguma coisa? Desde quando a letra escrita elimina uma dor? Bizarro!

Trata-se de corpos animais, com sistema nervoso central semelhante ao nosso. Sofrem, e têm ciência disso, sentem dor, e têm ciência disso. Só um profundo especismo, a crença de que só a nossa espécie tem valor moral, para o ignorar.

Assim como o racismo e a escravatura já foram desconstruídos em suas teses absurdas é hora de desconstruir a tese do especismo com toda a força dos argumentos.

Mas a melhor colocação que me ocorre no momento é de Gandhi: "A grandeza de uma nação pode ser julgada pelo modo como os seus animais são tratados."

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Ora, eu complemento o sábio da não-violência e digo sem medo de errar: O grau de violência de um país é diretamente proporcional ao seu grau de violência contra os animais.

Recentemente a violência histórica do Brasil contra os animais, expressa no projeto de lei recém aprovado que legaliza a crueldade, foi espelhada no dado de que aqui, em 2016, ocorreram cerca de 60.000 homicídios! Guerra civil não declarada. Matamos mais que na guerra civil da Síria!

Isso comprova a minha tese. E é simples entender essa pedagogia da violência. Quem aprende a ser cruel contra animais, aprende a ser cruel contra seres humanos. Quem aprende a ser indiferente com a crueldade contra animais, aprende a ser indiferente com a crueldade contra seres humanos.

Por sorte há muitas pessoas que já se convenceram dessa barbárie da vaquejada, do peão de boiadeiro, da farra do boi, e vão de novo ao STF para barrar essa inconstitucionalidade aprovada pelos indigentes (raras foram as exceções), moral e politicamente, congressistas que pela bizarra letra do texto decretaram surrealmente o fim de uma dor.

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