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Um blog de pai para filha

Esse dia foi loko

Você sai correndo para seu quarto com cara de quem vai aprontar. Te sigo e vejo você abrindo a mochilinha da Peppa e pegando um cartão. Ansiosa e rindo, diz, “É pro papai! Pega! É do papai.” Com duas semanas de antecedência, um cartão de dia dos pais e umas figurinhas de um homem vestido de super-homem.

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Por Victor Sá
Atualização:
Imagem pixabay Foto: Estadão

Você sai correndo para seu quarto com cara de quem vai aprontar. Te sigo e vejo você abrindo a mochilinha da Peppa e pegando um cartão. Ansiosa e rindo, diz, "É pro papai! Pega! É do papai." Com duas semanas de antecedência, um cartão de dia dos pais e umas figurinhas de um homem vestido de super-homem.

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Talvez você tenha antecipado a surpresa por ter sacado que nesse dia dos pais, - assim como nos outros dois anteriores (ou seja, todos até o momento) - papai estará trabalhando de plantão. Ou você, ansiosa, apenas não sabe guardar segredo. Tipo no esconde-esconde, não dura nem cinco segundos atrás da cortina e já grita "Aqui, eu tô aqui. Vem." Ainda emocionado, guardo seu cartão e saímos.

Trilha sugerida: https://www.youtube.com/watch?v=QYEC4TZsy-Y

No meu colo, você abre o berreiro por preferir o carrinho e não meus braços. Quando abre o bocão, sua chupeta cai e magicamente se equilibra, como um lápis, em cima da minha orelha. O choro vai embora e você gargalha desse estranho feito. Gargalho também.

Paramos na padaria para tomar café. Um passarinho entra voando e para na cadeira ao seu lado e nos faz companhia um tempão. Juro, dentro da padoca! Quando acaba seu pão e o suco de melancia você diz, "delícia". Depois, morde meu nariz e repete, "delícia".

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Na cozinha de casa, dançamos Twist and Shout e aprendemos juntos que meia no azulejo é a melhor maneira de dançar.

Você me conta que agora é uma ninja.

No começo da tarde, quase aleatoriamente, paramos em um bar para assistir ao jogo da seleção feminina de futebol, abertura das Olimpíadas. Tomo um chope e você mais um suco de melancia. Sentadinha na cadeira, ignora os três gols do Brasil, mas fica absolutamente encantada ao saber que meninas também jogam futebol. Só vibra mais quando descobre que uma das jogadoras chama Formiga. Ponto alto do seu dia. Toda vez que o Cléber Machado fala Formiga, uma festa.

Hoje, meu crachá serviu apenas de colar para compor seu look. O rádio ignorou notícia, tocou só música. E o jornal permaneceu fechado ao pé da porta.

Esse dia foi loko, formiguinha.

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Amor, Papai.

04.08.16

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