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Porque somos todos iguais na diferença

São Paulo ganha espaço de atendimento personalizado para profissionais com deficiência

Por Claudia Pereira
Atualização:

Inclui CIEE atuará como consultoria para conferir se as empresas possuem estrutura para receber um jovem com deficiência, qual o perfil da vaga e os atributos necessários para preenchê-la; Segundo o CIEE, menos da metade das vagas oferecidas para PCDs nas companhias estão preenchidas; Entidade possui, no momento, 174 postos em organizações parceiras para este público

 

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Mesmo com a diversidade ocupando cada vez mais espaço na mídia e empresas investindo mais e mais neste tema em suas comunicações, a sociedade ainda está muito distante no que se refere ao respeito às diferenças.

Ontem (22), por meio de um vídeo apresentado pelo Centro de Integração Empresa - Escola (CIEE) durante o evento de lançamento do Espaço Inclui CIEE, focado em profissionais PCDs (Pessoas Com Deficiência visual, auditiva, física ou intelectual), o que ouvi de alguns personagens entrevistados foi: não há informações por parte das pessoas a respeito das capacidades e atributos de quem possui deficiência; o maior obstáculo está relacionado à ignorância da população; as empresas não confiam em delegar tarefas de responsabilidade para PCDs; não há plano de carreira e o tratamento sempre é diferenciado.

Pode parecer óbvio, afinal, quantas vezes já ouvimos isso ou presenciamos situações em que o PCD foi totalmente subestimado por conta de sua condição?

A limitação existe? Obviamente. Mas também se falou muito sobre a avaliação ser baseada pelas competências do currículo, pelas experiências profissionais que já tiveram e poder, verdadeiramente, ter a chance de ascender profissionalmente como qualquer outro colaborador (dentro das mesmas qualificações).

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Desde o final dos anos 1990, o Centro realiza um trabalho de inclusão de PCDs no mercado de trabalho e, ontem, inaugurou o Espaço Inclui CIEE, primeiro do Brasil a dedicar 100% do seu atendimento a jovens aprendizes e estagiários com deficiências que desejam ter uma oportunidade. O programa também atende profissionais que não são estudantes e buscam por uma posição CLT.

O programa, que ganhou peso maior a partir de 2014, já atendeu mais de 400 mil jovens e tem como objetivo principal sensibilizar empresas e órgãos parceiros a enxergarem o jovem pelo seu potencial de desenvolvimento e não por suas limitações.

"Temos mais de 400 clientes que contratam com o Inclui, dando oportunidade para pessoas com deficiência. Quando fazemos nossas apresentações, não focamos na deficiência em si, ela é citada, claro, mas falamos de pessoas, de suas competências, dos seus valores. As empresas precisam estar preparadas para receber todo o tipo de pessoa, se não reconhecerem a diversidade, terão menos oportunidades, pois não conseguirão atingir verdadeiramente o público que faz parte desse universo", comenta Cristiane Lico, líder do Programa Inclui CIEE.

Cristiane Lico, líder de equipe do programa Inclui CIEE / Fotos: Edith Schmidt/Divulgação  

Segundo a legislação, todas as empresas privadas com mais de 100 funcionários devem preencher entre 2% e 5% de suas vagas com trabalhadores que tenham algum tipo de deficiência. Dados levantados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2015, apontam que quase 24% da população brasileira é composta por pessoas que possuem algum tipo de deficiência, representando, aproximadamente, 45 milhões de pessoas. Desse montante, pouco mais de 400 mil estão no mercado de trabalho formal, ou seja, menos de 1%. Segundo o CIEE, menos da metade dessas vagas estão preenchidas, apenas 40%.

O Inclui CIEE atuará como uma consultoria, fazendo uma análise para entender se a empresa possui estrutura para receber um jovem com deficiência e que profissional se encaixa melhor com as vagas oferecidas. Fará também o acompanhamento do processo seletivo, pré e pós-contratação.

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"Quando falamos de estrutura e acessibilidade, as pessoas logo relacionam com espaço físico, com rampas. Uma empresa ser acessível significa mais que isso, ela precisa oferecer os recursos necessários para que as pessoas com deficiência possam produzir com igualdade. Isso inclui ferramental tecnológico, materiais de apoio, entre outros", explica Cristiane.

Espaço Inclui CIEE, no bairro do Itaim, em São Paulo  

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A ideia de ter um espaço exclusivo para pessoas com deficiência nasceu da necessidade de ter um modelo melhor de atendimento. Até ontem, PCDs eram atendidos nas outras áreas dentro da entidade - e ainda podem ser atendidos por lá - o diferencial do espaço Inclui CIEE é ter uma equipe preparada e tecnicamente treinada para oferecer todo o tipo de auxilio e suporte no que se refere a questões como documentação, laudos etc.

"90% da equipe do Inclui CIEE tem algum tipo de deficiência. Essa diversidade que temos na área faz toda a diferença no atendimento, pois esses profissionais entendem o público que atendemos. Esse modelo de equipe, que deveria ser experienciado por todas as empresas, tem uma troca e aprendizado constantes", pontua a líder do projeto.

Profissionais que integram a equipe do Inclui CIEE  

O Inclui CIEE também está em outros Estados. "Conforme as necessidades vão surgindo, vamos montando equipes regionais, mas já treinamos pelo menos uma pessoa em cada unidade do CIEE, em todo o Brasil, para conhecer melhor as necessidades do atendimento para PCDs.

Atualmente, a entidade possui 174 vagas abertas para pessoas com deficiência, dentre estágio, jovem aprendiz e CLT. Confira algumas dessas oportunidades clicando aqui.

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