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Porque somos todos iguais na diferença

A parte que falta ou a que te completa? De que lado você está?

Por Claudia Pereira
Atualização:

Vídeo de Jout Jout viraliza na rede e livro infantil "A Parte Que Falta", do norte-americano Shel Silverstein, entra para a lista dos mais vendidos

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Essa semana, chamei uma grande e querida amiga no bate-papo do messenger, a Kátia Arima, a quem carinhosamente chamo de minha irmã japa. Lá pelas tantas, ela me envia um link, o vídeo da Jout Jout falando sobre o livro "A Parte Que Falta", do autor norte-americano Shel Silverstein, publicado no Brasil pela Compahia das Letrinhas.

O conteúdo logo viralizou na internet. E após ver e ouvir a blogueira lendo o livro e se emocionando com aquele personagem que estava sempre em busca de sua metade, pensei: será que estamos sempre em busca da parte que nos falta ou da que nos completa? Pode parecer redundante isso, afinal, o que acabei de escrever não seria a mesma coisa - a parte que falta e a parte que completa?

Concluí que não. Buscar algo que falta é diferente de buscar algo que completa. É mais ou menos como o velho ditado do copo com água: "está meio cheio ou meio vazio"?

Jout Jout durante o vídeo em que fala sobre o livro "A Parte que Falta"/Reprodução  

Será que não estamos sempre mais preocupados com o que falta em nossas vidas que acabamos não percebendo que, no dia a dia, passamos por muitos momentos e situações que nos completam? Será que, mesmo com tantos artigos e teorias sobre felicidade, de que ela está dentro de nós, não a buscamos ainda no outro? Ok, Tom Jobim já dizia na linda música Wave que "é impossível ser feliz sozinho", mas até mesmo a canção do Tom pontua: estamos, de fato, prestando atenção nas coisas que podem nos fazer felizes e que independe do outro? A brisa, o mar, as estrelas que esquecemos de contar....

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Em vários trechos do livro o autor sinaliza para esta "falta de atenção" do personagem, que está tão preocupado em encontrar o encaixe perfeito que em sua jornada não percebe o quanto diversos acontecimento o deixam feliz, o satisfazem, quantas coisas ele aprende em seu percurso, quantos encontros alegres tem, quantas trocas. Tudo porqe ele está em busca do que falta e não do que completa.

Parte do livro em que o personagem acredita ter encontrado a parte que faltava/Reprodução  

Talvez seja esse um dos grandes segredos da vida: no dia em que deixarmos de buscar algo é game over, significa que nada mais importa. Porém, a grande sacada nesta estrada que se chama vida é não deixar de prestar atenção no percurso, nas relações que desenvolve, nos desafios que enfrenta e nas vitórias que conquista - não importa qual seja o tamanho desse triunfo.

E, muitas vezes, quando achamos que encontramos o que tanto nos faltava, vem a vida dizer que ainda há muito mais por descobrir. O fato de sempre buscar algo não significa ser uma pessoa insatisfeita ou infeliz, mas a forma como busca faz toda a diferença. Já parou para pensar se você está buscando o que te falta ou o que te completa/complementa? E tudo bem estar sempre em busca. É natural do ser humano. Afinal, somos dinâmicos, curiosos, inquietos. O tempo todo nos questionamos sobre o que faz ou não sentido.

Outro ponto é: de que forma essa "eterna busca" impacta suas relações. Delicadamente, o autor mostra que para o personagem "faltar uma parte" era positivo, pois como não conseguia rolar em alta velocidade (ele tem um formato arredondado), tinha a chance de conferir o que ocorria ao seu redor como, por exemplo, parar para conversar com uma minhoca, sentir o perfume de uma flor e curtir o momento que ele achava o melhor de todos: interagir com uma borboleta.

Será que não estamos perdendo momentos com nossos familiares, amigos e parceiros por estarmos numa roda viva que nos faz querer estar sempre à frente, sempre resolvendo tudo para ontem e a todo momento buscando coisas que, no fundo, já encontramos, mas achamos que não?

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Lição que fica? Prestemos mais atenção no que nos completa do que naquilo que nos falta. Que possamos ser parte completa de nós mesmos e nos manter sempre em movimento, ter a consciência de que não apenas nós estamos em busca, mas que o outro também está: seu filho ou filha, seu companheiro ou companheira, seus pais, seus amigos. Talvez você possa ser o complemento de alguém e estava tão preocupado com o que faltava em si que não teve tempo de prestar atenção.

Veja o vídeo no canal Jout Jout Prazer:

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