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Moda sustentável marca semana de palestras na FAAP

Por FAAP Moda
Atualização:
Ana Luisa, da ALUF, desenvolveu marca que usa tecidos 100% naturais e matéria-prima orgânica, biodegradável e reciclável (foto: Fernando Silveira)  

 

Especialistas em Moda, Design, Produção Cultural e Arquitetura e Urbanismo reuniram-se na Semana de Artes da FAAP, que teve como tema "Realidades Invisíveis". Das 29 palestras, sete discutiram assuntos relacionados à moda. O LabJor - Laboratório de produção de conteúdos jornalísticos da FAAP -  conversou com alguns dos palestrantes, como Ana Luisa Fernandes, fundadora da ALUF, uma marca que usa tecidos 100% naturais e matéria-prima orgânica, biodegradável e reciclável. Os resíduos produzidos na confecção das roupas são levados para reciclagem e transformados em cobertores para moradores de rua.

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De acordo com Ana Luisa, a ALUF foi criada a partir de um questionamento. "A marca nasce tentando trazer justificativas. Primeiro, para mim mesma, para eu justificar o quanto importante era esse trabalho", disse a estilista que uniu em suas coleções os conceitos de sustentabilidade e as inspirações da arteterapia da psicanalista junguiana Nise da Silveira (1905-1999).

Já a Joaquina Brasil, fundada por Roberta Negrini, adota o conceito da economia circular, que reutiliza tecidos que seriam descartados por outras marcas, reduzindo o desperdício. A marca, além do impacto ambiental, trabalha também com a área social, a partir de um projeto que dá oportunidades de emprego, além de reintegrar detentas e ex-detentas à sociedade.

Durante sua palestra, a empreendedora contou sobre a experiência com uma ex-detenta após sair da cadeia e aderir ao seu projeto. Segundo ela, a Joaquina Brasil deu o primeiro emprego a essa jovem, que não entendeu a iniciativa, logo após ela ser solta.

"A pessoa mesmo se rejeita. Então, creio que o primeiro impacto está na oportunidade e em mostrar que é possível mudar de vida sim", lembra Roberta, acrescentando a importância em ensinar uma profissão e dar para outra pessoa a oportunidade de aprender coisas novas. "A gente tem uma trajetória muito grande de impacto que não é só para a pessoa, mas para gerações. São para os filhos dessas pessoas, filhos dos filhos. O impacto real e imensurável", completa.

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A palestra de Roberta foi um choque de realidade e consciência para quase todos que estavam ali. A empreendedora mostrou dados e fatos que rodeiam a sociedade atual e que, muitas vezes, são tratados como invisíveis. De acordo com ela, todos os anos são jogados fora toneladas de tecidos que sobram na confecção de roupas ou que são simplesmente descartados sem nunca terem sido usados.

Roberta Negrini falou sobre economia circular e sobre seu projeto que reintegra ex-detentas à sociedade ( Foto: Fernando Silveira / FAAP)

A Joaquina Brasil tem como matéria-prima exatamente esses tecidos, trabalhando sempre com o objetivo de "desperdício zero", como menciona a fundadora. A marca não confecciona somente roupas, mas dá também outros destinos para um tecido não utilizado, como a produção de chaveiros, tiaras para cabelo e até mesmo bolsinhas de pano.

Apesar de ter sido fundada há pouco mais de três anos, a Joaquina Brasil se reinventa a cada oportunidade. Roberta destaca que "a Joaquina é uma marca pequena com alma de empresa grande", que, trabalhando sempre com amor e de maneira humanizada, segue conquistando e cativando cada vez mais seu público.

Outro projeto de impacto apresentado durante a Semana de Artes foi o Re-roupas, da estilista Gabriela Mazepa, que também utiliza roupas usadas para criar outras peças de vestuário. De acordo com a empreendedora, a iniciativa ajuda pessoas de comunidades carentes a ter contato com a reutilização de tecidos, a partir de oficinas promovidas pela marca. "É uma troca, com todo mundo trabalhando junto. Quando capacitamos um grupo de costureiras, você está dando ali um pouco de uma experiência, mas isso não quer dizer que aquelas pessoas já não sabiam disso. Elas só precisavam se organizar para produzir mais ou melhor para um determinado público", pontua.

Gabriela Mazepa criou a Re-Roupas, que utiliza roupas usadas para criar outras peças de vestuário ( Foto: Aline Canassa / FAAP)

A relação com a cidade de São Paulo também foi abordada em uma das palestras. O empresário Facundo Guerra falou sobre o projeto Unlock Your City, desenvolvido em parceria com a Schutz. Trata-se de um ensaio fotográfico feito a partir de um drone, que mistura sapatos a edifícios-símbolo da cidade. "Hoje, o sapato serve como um instrumento para destravar uma nova paisagem da cidade", ressaltou o diretor criativo do projeto.

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Facundo Guerra deu detalhes do projeto Unlock Your City, desenvolvido em parceria com a Schutz ( Foto: Fernando Silveira / FAAP)

A Semana de Artes foi realizada de 13 a 17 de Maio, no campus da FAAP em São Paulo, e também contou com palestra sobre como a diversidade e a inclusão contribuem para ambientes mais inovadores. À frente da palestra estava Mariana Deperon, primeira mulher a participar do treinamento Gender and Women's Right Transformative Leadership, em Genebra.

O pesquisador Brunno Maia, outro palestrante do evento, falou sobre a relação entre o fenômeno social da Moda no contexto da modernidade e do contemporâneo nos séculos XIX, XX e XXI. Já Bruno Andreoni e Ciça Costa, fundadores do In Totum, um estúdio de comunicação e design com foco em processos de aprendizagem coletiva, apresentaram o movimento Revolução Artesanal, que valoriza a cultura do fazer manual.

 

Por Bruna Nobrega, Isabella Maria, Izabella Ricciardi, Laysa Freitas e Mariana Menendez, do Labjor FAAP

 

 

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