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Impressões sobre a vida e seus arredores

Sessenta e quatro

Uma felicidade antiga e numérica

Por Raul Drewnick
Atualização:

pixabay Foto: Estadão

 

Tudo com que me ornou

tudo com que me honrou

a vida aos poucos me deu

e aos poucos me tirou.

 

Foram-se as ilusões

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os anéis

as condecorações

os lauréis

foram-se os dentes

que no seu apogeu

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e ainda um pouco depois

brilhavam trinta e dois

 

Ficaram as recordações

os versos amassados no terno

os cacos do amor eterno

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e esta necessidade

de olhar as velhas fotos

de chorar sobre elas

para acreditar que sim

que é verdade

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que era eu este

que aparece sorrindo

para a mulher sorridente

(trinta e dois

mais trinta e dois dentes -

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ah glorioso passado

ai presente arruinado -

cintilando sessenta e quatro vezes)

 

Devíamos ter nos mordido -

tantas vezes ela pôde

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quantas vezes eu pude -

mas cometemos a omissão:

em nome de nenhuma virtude

pecamos contra a nossa juventude

o venturoso futuro de nossa memória

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e os direitos da paixão.

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