Nandinha, eu acho que você está facilitando demais com o Zaca. Vai por mim: ele já está merecendo um pé-na-bu, com salto agulha. Querida, faz cinquenta anos que o pé-na-bu é considerado a maior conquista das relações homem-mulher. Antes, tudo era chato, dramático, como naquelas novelas mexicanas. Ninguém tinha mais saco. O pé-na-bu é um marco da civilização. E que incrível oportunidade de curtição. É você dizer que deu ou tomou um pé-na-bu e em cinco minutos a coisa ferve. Uh-hu! Deixa comigo. Eu espalho já, neste minuto, que você dispensou o Zaca. Topa? Depois eu digo, se você quiser, que é boato, bobeira minha. Precisamos sacudir um pouco o nosso grupo. Nada mais acontece, você já reparou? Tem que agitar, Nandinha. Agitar. Ou vai me dizer que você é aquela única pessoa que acha o amor eterno? E que o seu Zaca é aquele único homem que merece fé? Você sabe que não é, que ele é tão confiável quanto o meu Val. E sabe mais o quê? Os dois estão certos. Faz tempo que o amor está catalogado na área da diversão. Aproveitar, mandar ver, curtir, esse é o espírito. Isso é... científico. Eu li outro dia na revista. Posso espalhar que você deu um pé no Zaca? Se você se arrepender, eu seguro a barra. Já tenho mesmo essa fama de bruxa,hehehe. Qualquer coisa eu digo que pirei porque o Val me deu um pé. Se ele deu? Amiga, você ia ser a primeira a saber. Se bem que... Olha, praticamente foi isso que ele fez hoje. É, para você ver. Por enquanto é melhor ninguém saber. Confio em você, olha lá. Amanhã, se for o caso, eu espalho que dei um pé nele. Aí cada amiga nossa acredita no que quiser, isto não é uma democracia? Vamos fazer uma coisa? Eu ponho já na rede que meti um pé nele. Você entra também e diz que o Zaca já era, que você deu uma bicuda nele. O quê? Eu não entendi. Ele deu um pé em você? Sério? Hoje, também? Se ninguém sabe ainda, mete ficha aí, Nandinha. Diz que você deu o pé e que você já devia ter feito isso cem anos antes de Cristo. O que você acha? Eu sapeco aqui, você sapeca aí, e vamos ver como rola. Topa? Está topado, então. Puxa, que tarde ficou de repente. Preciso dar uma dormidinha, amanhã a gente conversa melhor. Como nós falamos, hem? Qual era o assunto, mesmo? Ah, é verdade. Ficamos assim, então. Eu dei um pé no Val, você deu um pé no Zaca. Vamos pôr na rede agora. Agorinha mesmo. Valeu? Tchau, amorzeca, beijocas.