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Impressões sobre a vida e seus arredores

Ofertas de hoje

Poesia clandestina

Por Raul Drewnick
Atualização:

pixabay Foto: Estadão

Produtos que, não tendo sido ainda licenciados pelas associações de defesa poética, são indicados só para leitores corajosos.

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MAS NÃO

O amor é aquela insensatez

que você sempre jura estar cometendo

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pela última vez.

 

FAC-SÍMILE

Se Deus nos fez à Sua semelhança

podemos nos queixar

da careca e da pança?

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LÓGICA

De mesa

que não tem pão

ninguém espere sobremesa.

 

MEDIDA POÉTICA

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Uma quadrinha

o que não pode nunca

é ter a pretensão

de tornar-se um quarteirão.

 

CONTEMPORANEIDADE

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Neste tempo até o sexo

tarde o que tardar

tem de ser expresso.

 

RESULTADO

Busquei o amor algures,

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procurei alhures,

encontrei nenhures.

 

ASSEMBLEIA

Uma pedra discute

com outras pedras

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a questão das cláusulas pétreas.

 

MEDIDAS CAUTELARES

Se for se enfiar

numa aventura de amor

prepare-se para ser o perdedor.

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Atualize o seguro de vida

na forma devida

regularize a papelada

não deixe pendente nada

lembre-se de tudo

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e sobretudo

numere todos os ossos.

Numere-os e muito lhe agradecerão

os que um dia terão

de recolher os seus destroços.

 

NUMA BOA

Não há como discordar:

o modo mais natural de morrer

é parar de respirar.

 

AINDA NÃO

O amor é aquela lagartixa agonizante

que finge morrer aqui

para ressuscitar ali adiante.

 

LIMPEZA PÚBLICA

A estrela caída no quintal

vai para os recicláveis

ou para o lixo normal?

 

RESUMO

A sabedoria é o tempo de ver

como são banais

todos os ideais.

 

VELÓRIO

Pobre morto:

tão sem defesa

contra as tias velhas

e os perdigotos.

 

ISSO AÍ

 

Falando sério

de verdade

nem eu confio mais

na minha veracidade.

 

DANAÇÃO

O passarinho da literatura

todo dia vem nos acordar

com seu mantra cruel:

trabalhar, trabalhar, trabalhar -

quem não trabalha não ganha o nobel.

 

APARÊNCIA

Para quem pelo amor

se dispôs tantas vezes a morrer

você parece disposto outra vez.

 

DEIXA FICAR

Que nada venha a mudar.

Amor, tu nos sequestraste,

No teu porão nos trancaste.

Amor, nos deixa ficar.

 

AFRONTA POÉTICA

Cyrano de Bergerac

toda vez que espirrava

uma estrela derrubava

da constelação de Bilac.

 

 

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