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Impressões sobre a vida e seus arredores

Aninha e outros fenômenos poéticos

Viagem ao reino da sensibilidade

Por Raul Drewnick
Atualização:

pixabay Foto: Estadão

Talvez não haja espaço, nesta sexta-feira, para registros poéticos. Seja como for, resolvi arriscar-me. Perdoem-me se errei.

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ANA C.

Vi um pássaro voar

do sétimo andar

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não voava muito bem

me lembrou alguém

 

Ah era você

menina traquina

ah era você

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aninha C?

 

FIM

A morte sempre devia

ser mais ou menos assim

como a chegada macia

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da noite sobre um jardim.

 

A PALAVRA

Que belos os necrológios

em que surge a palavra amor

 

A cada vez que aparece

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mais o defunto se enobrece

e mais injusto parece

o desígnio do Criador.

 

ALELUIA

Estar bloqueado

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por três

por seis meses

ou mais

às vezes

é o melhor recado

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que o escritor

mesmo consagrado

pode dar

ao seu abnegado leitor.

 

GATO

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Não é fato consumado,

Mas já requer atenção.

O amor subiu ao telhado

Sem nenhuma explicação.

 

REVISÃO

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Um dia

tudo será esclarecido

 

Por um engano qualquer

um mal-entendido

finalmente revelado

o amor derrotado

terá vencido e sendo

vencedor proclamado

terá todos

os direitos reconhecidos

 

Gozará então

de régia aposentadoria

e morará numa mansão

digna de um estadista

na baixada santista.

 

TROPA

Morreram todos aqueles

Que só pelo amor viveram

E por ele combateram.

Eu sei, eu estava entre eles.

 

REMINISCÊNCIA DO PESSOA

Melhor do que a noite é o dia,

Melhor que pensar, viver.

Melhor cochilar, comer

Doces na confeitaria,

Melhor qualquer coisa que

Nossa vã filosofia.

 

HAICAI (1)

Silenciosamente

flutua o cisne: outra lua

no lago dormente.

 

HAICAI (2)

Na areia teu nome:

momento que o tempo, vento

contínuo, consome.

 

RESULTADO

Quando a vã filosofia

à divagação se junta,

lá vem mais uma teoria,

lá vem mais uma pergunta.

 

PRA VALER

Quando você resolve

que morreu

você deve

para manter a resolução

lançar ao sol

olhares só breves

e fugir à tentação

de contemplar as mulheres

e os arcos-íris.

 

TARIMBA

Depois do amor

outras calamidades

te flagelarão

mas já não lhes darás

nenhuma atenção.

 

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