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Impressões sobre a vida e seus arredores

Albert Einstein e Wesley Safadão

Como pode ser difícil a vida de um cronista

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Por Raul Drewnick
Atualização:

Presume-se que um cronista seja o mais atento dos homens. Em tudo ele pode garimpar um assunto: no cinema, no jornal, num programa de tevê, seja um talk-show ou um desses concursos em que calouros esganiçados imitam tanto Djavan quanto Frank Sinatra diante de jurados permanentemente com cara de assombro.

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Até na rua, aparentemente um local prosaico, ele há de andar de olhos bem abertos. No mínimo, no mínimo, se ele for um cronista desta Pauliceia tresloucada, correrá menos riscos de ser engolido por uma dessas crateras que traiçoeiramente se abrem aqui, ali e acolá, sem quererem saber se aqui é o Brás, se ali é o Tucuruvi, se acolá é o Jardim América.

Todos sabemos que os buracos, assim como os seres vivos, têm aspirações. A maior, no caso deles, é exatamente a de se tornarem crateras. É impressionante o vigor com que se empenham para realizar esse sonho. Às vezes bastam dois ou três dias, com o apoio e o patrocínio das chuvas, para eles se exibirem no apogeu de sua glória: fotos em jornais, imagens na tevê.

Chego a este parágrafo e me pergunto por que vim parar aqui. O que eu pretendia dizer é que aqueles que se apresentam como cronistas deveriam teoricamente prestar atenção a tudo, supondo que seus leitores, se eles os tiverem, possam querer sua opinião, seja sobre a confirmação de uma das teorias de Einstein, seja sobre o fenômeno Wesley Safadão.

Wesley Safadão? É, Wesley Safadão. Tenho ouvido falarem tanto de Wesley Safadão que não posso mais continuar a ignorá-lo. Quem confiará num cronista que, no dia 4 de março de 2016, não sabe quem é Wesley Safadão?

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Santo google, santo youtube. Recorro a eles e sou esmagado pela imensidão de minha ignorância. Milhões de citações, de curtidas, de compartilhamentos. Em que mundo eu vivia, que não conhecia Wesley Safadão, que não sabia que ele é confessadamente ciumento, sem-vergonha e descarado?

Pus umas músicas dele para tocar e devo admitir honestamente que tive menos dificuldade para entendê-las do que tive para não entender as teorias de Einstein.

Confesso que não fiquei especialmente encantado com as canções. Bem, é a minha opinião. Para os que possam achar o mesmo, sugiro o que o próprio Wesley Safadãopropõe em uma de suas letras: vamos logo se assumir e arcar com o furor da opinião pública. Ela parece amar Wesley Safadão.

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