NADA
Que reste pouco
no fim
quase nada
como se todo o amor vivido
não tivesse sido
mais que uma ilusão
ou um malsucedido
experimento da imaginação.
Que nada de nada fique
nenhum vestígio
de flor num livro
denunciando a página
como uma borboleta crucificada
nenhum estratagema
nenhuma estrofe
nenhum poema
nenhuma frase
num guardanapo rabiscada.
Que não sobre nada
no fim
nada que roa a alma
nada que nela doa
como agora rói
como agora dói
fundo
agudo
profundo
assim.