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Impressões sobre a vida e seus arredores

A visão dos perdedores

Sobre guerras, ruínas e morte

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Por Raul Drewnick
Atualização:

 

pixabay Foto: Estadão

 

O que tenho hoje são estes dois poemas. Vocês aceitam?

 

O MENSAGEIRO

O amor-próprio é aquela parte de nós

aquele nosso último território

ao qual não voltaram ainda

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nossos informantes com o relatório

 

Devemos estar perdendo

como estivemos sempre

mas essa parte de nós

esse território último

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entre os derradeiros

julga ouvir gritos de júbilo

vindo de onde devem estar vindo

nossos retardatários mensageiros.

 

OS SOBREVIVENTES

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Terminada a batalha

nenhum lado sabe ainda

quem venceu

quem perdeu

 

Já não importa

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vitória ou derrota

 

É a hora na qual

os que ainda podem

se apalpam

(estará ainda aqui

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meu braço esquerdo

minha perna direita

ainda estará?)

 

Cada um vai

peça a peça

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montando o quebra-cabeça

 

Os que estão inteiros

ou assim pensam sorriem

(a boca parece estar

onde uma boca deve estar)

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Os irremediavelmente feridos

gemem os últimos gemidos

e com os olhos quase mortos

invejosamente olham

a horizontal serenidade

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dos inevitavelmente mortos.

 

 

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