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Impressões sobre a vida e seus arredores

A tristeza de pedir

O menino, de porta em porta

Por Raul Drewnick
Atualização:

pixabay Foto: Estadão

Ainda hoje ele se sente

como o menino que foi

e em ruas sombriamente iluminadas

tocava as campainhas

casa por casa

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Não dizia nada

quando vinham atender

porque era tímido

e imaginava que seus olhos tristes

explicariam tudo

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O que diziam

seus olhos

sem falar

era me aceitem

me amem

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me deixem entrar

 

Quem vinha à porta

homem ou mulher

dizia menino

que olhos lindos

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o que você quer?

 

E trazia-lhe um doce

três balinhas

um pedaço de pizza

do dia anterior

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E ele continuava

tocando as campainhas

e dizendo com seus olhos

me amem

me amem

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me amem por favor

 

Até que todas as luzes

de todas as casas

se apagavam e

as campainhas também

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imergindo no sono

se isentavam.

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