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Um manual prático para desastrados

Como sobreviver mesmo sendo um brasileiro

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Por Gilberto Amendola
Atualização:

Abra a geladeira, pegue uma Fanta uva, deixe o açúcar se imiscuir entre os seus dentes cariados. Sorria, quem se importa com um dente a menos, você é brasileiro, sujeito homem, criado com Caracu e ovo. Não é do tipo que se deixa abater por qualquer crise, por qualquer probleminha que não envolva berro ou bala. Você é osso, aguenta o tranco, a febre amarela e falta de esgoto. Você empurra carro alegórico no carnaval, você organiza a fila do bilhete único, você engole a farinata pouca sem reclamar de nada. Toma essa Itaipava quente, põe no canal em que está passando Velozes e Furiosos 8 ou a última sessão do STF. Você se diverte com duas pedrinhas e um pedaço de pau. A barata voa em sua direção. Você não se move, você é homão, você não quer saber de chilique, você é uma rocha, um Silva e um José. Você acredita no Tite, na Anitta e na chegada de algum ET bondoso. Você é o pelado na maior performance de todas  - mas ainda não sabe. Você tem feijão de ontem, um restinho de carne, sangue quente e alguma gana. Você assiste o Marun dançar e não desiste de viver. Você é bom de braço de ferro, de empurrar carrinho e de fazer troça. Você se desdobra tanto que é a própria carroça. Você pega  ônibus lotado, metrô apertado e ainda anda, anda, anda... O Corinthians ainda vai deixar o campeonato escapar. Na cama, você sonha algo intraduzível, você sonha bonito, dormindo é como Dalí e Michelangelo. Acordado,  patê na torradinha do mercado financeiro.

 

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