Prosseguindo na luta contra o preconceito, abordamos hoje na coluna Ideias no Ar, da Rádio Estadão, o estigma oculto que cerca a depressão.
Muito se fala sobre o preconceito contra pacientes psiquiátricos em geral, sendo particularmente bem sucedidas as campanhas contra o estigma para determinadas doenças, como o autismo, por exemplo. Menos atenção é dada ao preconceito que ainda cerca doenças como a depressão. Embora a discriminação que sofrem as pessoas deprimidas possa ser menor, a alta prevalência da depressão torna esse assunto uma importante questão social.
O estigma e o preconceito fazem com que as pessoas deprimidas tenham menos oportunidades, demorem mais para obter tratamento, piorem de sua auto-estima, alimentando um círculo vicioso que só faz agravar o quadro. É especialmente difícil para quem está de fora compreender a falta de vontade que essas pessoas podem demonstrar. O desinteresse em tudo - até mesmo em melhorar, que dá impressão que elas "não querem se ajudar" - é um dos sintomas mais cruéis da depressão, pois acaba justamente com a vontade dos pacientes. Não é preguiça ou má vontade: eles por vezes simplesmente não conseguem querer nada - nem melhorar.
A boa notícia é que, além de a depressão ter tratamento, o preconceito também tem. O mais eficaz são as campanhas informativas e o contato com pacientes. Quando as duas estratégias são aliadas obtém-se os melhores resultados - pessoas que interagem com pacientes deprimidos passam compreender o problema pela ótica deles, abandonando opiniões pré-concebidas.
Divulgando informações como essas podemos contribuir para o mundo ficar, literalmente, mais feliz.