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Opinião|Um Grammy pra chamar de seu

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Foto do author Carlos Castelo
Atualização:

Grupo Língua de Trapo é indicado ao Grammy Latino.

 Foto: Estadão

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Foto: Divulgação

Musicalmente, o Língua de Trapo é inconteste. Revolucionou a música do Sudeste junto a outros nomes da vanguarda paulistana, como Arrigo Barnabé, Itamar Assumpção e Premeditando o Breque.

O Língua ser indicado ao Grammy Latino como o melhor álbum do ano de 2016 não surpreende e é justo. O que chama a atenção de alguns é uma de suas três indicações ser a de melhor arte de capa. Contudo, quem acompanha o grupo de humor mais de perto, sabe que o cuidado com seus covers vem desde os tempos de sua fundação na faculdade de jornalismo.

Ali, nos vagidos dos anos 1980, o grupo já tinha um fotógrafo oficial. Era um de nossos colegas de classe, Walter Moraes, responsável pelos cliques da primeira bolacha de todas, o icônico Azulzinho (1982).

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Já no disco Como é bom ser punk (1985), o autor foi Rolando de Freitas, fotojornalista de primeira água, premiadíssimo, aqui do Estadão.

Em Dezessete Big Golden Hits Superquentes Mais Vendidos No Momento (1986) a convidada foi a prodigiosa Vania Toledo. E por aí foi a coisa nas obras subsequentes. Sempre grandes nomes capturando poses dos integrantes em suas mais diversas formações.

O mesmo pode-se dizer dos responsáveis pelos projetos gráficos. Os três primeiros elepês foram concebidos por Cassiano Roda - coautor da canção mais famosa do Língua, Concheta, que compôs comigo.

Em 1992, o seu design para o álbum Brincando com Fogo ganhou como melhor capa nacional, no ranking da Revista Bizz.

A saga das capas "sacadas" estava apenas começando.

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Língua ao Vivo (1996) foi conduzida por três diretores de arte de uma grande agência de São Paulo, Arnaldo Escolano, Marcos Zizare e Hermes Jurkowitsch. E 21 anos na Estrada (2000) teve o célebre César Finamori - hoje brilhando em Nova York - dividindo a criação com este cronista e dublê de compositor.

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Com O Último Cd da Terra (2016), não foi diferente. Como sempre procurei trazer da publicidade virtuoses das imagens para pensarem conosco a cara dos álbuns, convidei dessa vez o diretor de arte Marcelo Maia, meu ex-dupla em diversas agências de propaganda.

Marcelão, como é conhecido no meio, era perfeito para o job. Além de dominar o Photoshop como um mago, ainda tem um conhecimento de música e de humor como poucos.

Sabendo disso, em 2008 chamei-o para criar toda parte gráfica do meu livro de aforismos Orações Insubordinadas. Não errei: é, de longe, o meu livro mais bonito e impactante em termos plásticos.

Formamos uma trinca criativa para a capa do O Último CD da Terra: Marcelão, Laert Sarrumor e eu. Trabalhamos juntos desde a criação do nome até a aprovação do layout pela gravadora.

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Se não fosse o Marcelão nunca teríamos conseguido viabilizar financeiramente um visual tão cheio de intrincadas ilustrações em 3D. E ele não só teve o bom gosto de nos propor os melhores insights, como ainda conseguiu incluir no trabalho os melhores artistas gráficos por valores inconcebíveis.

O destino dos concorrentes de um Grammy Latino é imprevisível. Mesmo assim, ser apontado como uma das melhores capas do continente, já faz nossas línguas salivarem.

P.S.: não poderia deixar de mencionar o box do Língua de Trapo (2005), para o qual invitei meu também dupla Fernando Cardamone para participar do projeto e o compacto Sem Indiretas (1984), com antológicas ilustrações de capa do diretor de cinema Louis Chilson. Mas paro por aqui pois já ultrapassei o número de caracteres.

Opinião por Carlos Castelo

Carlos Castelo. Cronista, compositor e frasista. É ainda sócio fundador do grupo de humor Língua de Trapo.

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