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Opinião|Tipologia da manifestação

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Atualização:

Uma pequena sociologia do protesto.

 Foto: Estadão

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(Pixabay)

O "IMBECIL NÃO TEM TÉDIO": Vai às manifestações para se divertir. Em vez de juntar-se aos que protestam faz piquenique, exercita-se ou fica tirando selfies ao lado da Polícia Militar.

A MINA DA PASSEATA: Garota que não vem obtendo êxito nas baladas junto ao público masculino e vem tentar a sorte com os militantes. Costuma vestir uma blusa verde-amarela e levar uma outra vermelha na bolsa para o caso de algum petralha manifestar interesse em sua pessoa. A versão masculina - O Mino da Passeata - também existe em grandes quantidades e usa os mesmos métodos acima demonstrados.

O TERCEIRA IDADE: o último protesto em que esteve foi o do Forte Copacabana. Mas a família golpista insiste que ele se apresente na passeata-monstro antigoverno e lá vai o vovô ou vovó acrescentar gás pimenta à sua lista de 37 medicamentos.

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O LADRÃO DE CELULAR: está ali na manifestação claramente para prejudicar as companhias de seguro. É contra Porto Seguro, Zurich, Marítima ou qualquer outra. O que deseja é que eles paguem o prêmio de quem segurou o Iphone 7 e, com isso, que venham essas empresas venham a falir. É uma espécie de anarquista que quer implodir o sistema começando pelas seguradoras.

O FOTÓGRAFO DE PASSEATA: faz pouco tempo, ele abriu uma conta nova no Instagram apenas para postar fotos de manifestações. Pode ser encontrado nelas com grande facilidade, é aquele cara com uma Canon 5D, teleobjetiva, que está registrando tudo, menos a manifestação. Faz portrait do vendedor de fogão, clica placas de trânsito, tira uma macro de uma formiga passeando numa folha do gramado do Palácio do Planalto e por aí vai. Depois compartilha no grupo de sua família no WhatsApp.

O VENDEDOR DE CHURROS: Sai da periferia para vender churros em grandes manifestações. Na versão de esquerda em sua barraca há sempre músicas de protesto tocando muito alto, de preferência Mano Brown, Geraldo Vandré e Manu Chao. Um dos diferenciais de sua guloseima é vir enrolada em papel-manteiga com imagens de Che Guevara. O vendedor de churros coxinha, por seu lado, chega ao local num food-truco importado, só sai música de seus alto-falantes de Justin Bieber e os churros chegam às mãos dos manifestantes enrolados em papel com desenhos de Romero Britto.

O BRISA: Paulista ou Copacabana para esse tipo é apenas um cenário para ajudá-lo a melhor brisar. Não está interessado em apoiar ou ir contra qualquer tipo de coisa. Quer é variar o seu deliriozinho de cada dia. E, cara, uma multidão serpenteando é muito louco.

Opinião por Carlos Castelo

Carlos Castelo. Cronista, compositor e frasista. É ainda sócio fundador do grupo de humor Língua de Trapo.

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